quarta-feira, 4 de março de 2020

Lei da mordaça no PT

A executiva nacional do PT adotou a lei do silêncio sobre o destino do partido nas eleições no Recife. É a chamada lei da mordaça, não se sabe se baixada pela presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffman, ou adotada espontaneamente pelos dirigentes José Guimarães e Paulo Teixeira, escalados para buscar a construção do consenso quanto à candidatura de Marilia Arraes, nas intermináveis reuniões da sexta-feira passada, na capital pernambucana.
Procurado ontem em Brasília por este colunista, José Guimarães, vice-presidente da executiva nacional, se negou a fazer qualquer comentário sobre o processo desencadeado no Recife, junto à executiva municipal, para se fazer cumprir a resolução, baixada pelo diretório nacional, de o partido disputar em faixa própria as prefeituras das capitais e dos municípios com eleitorado acima de 200 mil.
“Estou sem poder falar”, retrucou Guimarães, localizado, ontem, no corredor das comissões do anexo III, da Câmara dos Deputados. O deputado cearense, que há dois meses deu uma entrevista exclusiva ao Frente a Frente e ao meu blog, falando da sua disposição de brigar pelo espaço conquistado por Marília, mudou de comportamento, apresentando irritação e até afobação.
Sua postura tem tudo a ver com a provável recomendação que recebeu para evitar declarações até que o processo não contamine de vez o senador Humberto Costa, que bate de frente com a tese da candidatura de Marília, a ponto de ter dado “pitis” no encontro sem fim do Recife. Também procurada, Gleisi se negou a falar por meio de um recado da sua assessoria de comunicação.
O silêncio favorece ou prejudica Marília? Por um lado, pode ser interpretado como sinalização de que os dirigentes nacionais, fechados com a candidatura dela, não querem ir para o confronto direto com Humberto. Mudos ou falantes, o fato é que a direção do PT tem até o próximo dia 30 para dar um desfecho ao imbróglio Recife.
Em maus lençóis – O secretário de Defesa do município do Recife, Murilo Cavalcanti, criou mais um problema para o chefe Geraldo Júlio: a gravação do vídeo em defesa aberta da liberação de drogas pesadas chegou ao gabinete do presidente Bolsonaro. “Foi um crime de má-fé”, afirma o secretário-nacional interino de Prevenção às Drogas, Edu Cabral, que fez chegar o vídeo ao ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e também ao próprio Bolsonaro. Para ele, a gestão de Geraldo vai na contramão da história quando o Governo Federal abre mais 30 mil vagas em clínicas de recuperação de dependentes químicos.
Termômetro anti-Marília – O prefeito de Águas Belas, Luiz Aroldo, petista e militante histórico, comentava, ontem, nos corredores do Congresso, ter sentido em Brasília, junto aos dirigentes nacionais do PT, um clima desfavorável à candidatura de Marília Arraes à Prefeitura do Recife. Ele próprio é favorável à manutenção da aliança com o PSB, repetindo a mesma coligação que em 2018 reelegeu o governador Paulo Câmara e Humberto Costa para o Senado. Aroldo vai à reeleição no município numa dobradinha com o PSB.
Na liderança – No sexto mandato federal, o deputado Wolney Queiroz vira, hoje, se não der uma zebra de última hora, o novo líder do PDT na Câmara dos Deputados. A bancada, com 28 parlamentares, vota a indicação de Wolney logo cedo. O pernambucano passa a substituir o deputado cearense André Figueiredo, responsável pela sua indicação. Wolney, na condição de líder por um ano, ficará livre de conduzir o processo de degola da deputada paulista Tábata Amaral, namorada do pré-candidato do PSB a prefeito do Recife, João Campos. Tábata foi jogada na jaula dos leões por ter votado a favor da reforma da Previdência.
Míssil jaboatonense – A primeira artilharia que o pré-candidato do Republicanos à Prefeitura de Jaboatão, Silvio Costa, está preparando tem munição para alimentar um míssil: as denúncias envolvendo o aluguel milionário de um prédio para construção do centro administrativo. Os valores, de R$ 400 mil iniciais e depois R$ 200 mil, estando hoje em R$ 300 mil, foram questionados na justiça e acabaram servindo de sustentação para pedido de uma CPI, não cumprida até agora pela Câmara de Vereadores.
CURTAS
PROTESTO – Um protesto interditou a Avenida Agamenon Magalhães, na tarde de ontem, no Derby, na área central do Recife. De acordo com a autarquia de Trânsito e Transporte Urbano da capital (CTTU), foram fechadas as pistas principal e local no sentido Centro/Boa Viagem. Imagens enviadas para o WhatsApp do blog mostraram um grupo de residentes em saúde protestando na Agamenon Magalhães. Eles levaram faixas pedindo a “valorização da categoria”. Foi a segunda grande manifestação nos últimos dias, sem que o Governo se manifeste quanto ao atendimento do pleito da categoria.
PRECEDENTE – Pré-candidato a prefeito do Recife pelo Partido Novo, o procurador Charbel Elias Maroun, da Prefeitura do Recife, já foi condenado num processo em 2008 em Minas Gerais, pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, por apropriação indébita de recursos de clientes. A pena disciplinar foi a suspensão do exercício da advocacia por 30 dias, até devolver o dinheiro comprovadamente. Antes de virar procurador na capital pernambucana, Charbel atuou em Minas. 
CERCO AOS POLICIAIS – Foi aprovada, ontem, em segunda votação, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Ceará que proíbe a concessão de anistia a militares que aderirem a motins ou paralisações. A proposta foi apresentada pelo governador Camilo Santana, dois dias antes de policiais militares decidirem pelo encerramento do motim no Ceará, que já chegava ao 13º dia. No primeiro turno, 34 deputados votaram a favor da PEC e dois votaram contra (Delegado Cavalcante, do PSL, e Soldado Noelio, do Pros). Houve uma abstenção (David Durand, do Republicanos).
Perguntar não ofende: O deputado Túlio Gadelha, que vive de birra com Wolney Queiroz, vai bater continência para o novo líder do PDT?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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