De repente, não mais que repente, como diria o poeta, o Tribunal de Contas de Pernambuco tem uma ampla maioria que não reza pela cartilha da governadora Raquel Lyra (PSDB), a única gestora no Estado com a caneta na mão que não tem poder nem articulação para escolher e nomear um conselheiro exclusivo da sua vontade soberana.
Dos sete conselheiros, cinco têm ligações estreitas com o PSB, a começar pelo presidente da corte, Ranilson Ramos, nomeado na era socialista. O vice-presidente Dirceu Rodolfo, servidor de carreira do Ministério Público, foi nomeado por Eduardo Campos, não tem vínculos políticos, embora Aldemar Santos, atual secretário de Governo da Prefeitura do Recife, tenha atuado no seu gabinete como assessor.
Oriundo do quadro de auditores do Estado, Valdecir Pascoal foi nomeado pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos, enquanto Marcos Loreto, primo da viúva Renata Campos e mãe do prefeito João Campos, chegou a ter assento no Tribunal por escolha pessoal de Eduardo, de quem foi assessor e depois chefe de gabinete.
Carlos Neves, por sua vez, foi advogado das campanhas do PSB, notadamente as de Eduardo Campos. Próximo a tomar posse e eleito recentemente pela Assembleia Legislativa, Rodrigo Novaes fez carreira política no PSB. Já Eduardo Porto, também nomeado recentemente para a vaga do pai Carlos Porto, não tem qualquer ligação com o universo socialista.
Quando acabar seu mandato, Raquel terá suas contas apreciadas e julgadas por um tribunal com o qual não tem a menor afinidade. Daí, o seu desejo de criar esse elo trazendo para a sua equipe a ex-conselheira Teresa Duere, que goza de grande reputação na Casa. Nunca uma corte de contas teve tamanha independência num Estado marcado pelo poder e influência soberana do Executivo.
Independência – O presidente do TCE, Ranilson Ramos, diz que o trabalho da corte é independente, técnico e extremamente respeitado. “Desconheço qualquer ingerência política em qualquer período do Tribunal. O julgamento das contas do Estado e dos municípios obedece a um ritual justo e independente dos seus conselheiros, amparados por equipes técnicas da maior qualidade e capacidade”, diz.
Derrotas se ampliam – Em cinco meses de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acumula quatro derrotas em votações na Câmara dos Deputados. Congressistas criticam a falta de articulação política da gestão e a ausência da participação do chefe do Executivo nas discussões. A primeira derrota foi no decreto do saneamento, a segunda do afrouxamento das leis ambientais e depois duas derrotas seguidas no chamado marco temporal.
Sem escapatória – Se depender da boa vontade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para salvar o seu mandato, Deltan Dallagnol (Podemos-PR) está frito. Ele não esquece que Deltan, quando procurador da Lava Jato, pediu a cassação de seu mandato e de seu pai, Benedito Lira. E que chegou a conseguir bloquear bens de ambos.
Rui pisa na bola – Durante evento em Itaberaba (BA), na sexta-feira passada, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que Brasília é uma “ilha da fantasia”. “Aquele negócio de botar a capital do país longe da vida das pessoas, na minha opinião, fez muito mal ao Brasil”, afirmou. Chico Vigilante, deputado distrital no DF, tomou as dores. “O convido para conhecer o Sol Nascente, a Estrutural, o Pôr do Sol, e outros, para que conheça o verdadeiro DF”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.
Magoada – Embora tenha acompanhado a governadora na abertura dos festejos juninos em Caruaru, onde contou com o apoio do prefeito Rodrigo Pinheiro, a deputada tucana Débora Almeida é um poço de mágoas com Raquel Lyra. Tudo porque estimulou sua entrada na disputa pela vaga de Teresa Duere no TCE e depois lavou as mãos.
CURTAS
FANTASIOSAS – O motorista Jailson Leonardo da Silva, acusado pela personal stylist Sílvia Tavares de estuprá-la a mando do padre Airton Freire, se pronunciou, pela primeira vez, sobre o caso. Em comunicado enviado ao g1, portal da Globo, a defesa do suspeito negou que ele tenha praticado “qualquer crime” contra ela e lamentou “ter tido o nome envolvido em denúncias fantasiosas”.
PADRE SUSPENSO – Por causa das acusações, o padre, de 66 anos, foi suspenso pela Diocese de Pesqueira, no Agreste. O caso está sendo investigado em segredo de Justiça pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Pernambuco. Segundo a delegada Morgana Alves, 22 pessoas prestaram depoimentos no inquérito até agora.
Perguntar não ofende: Quando será a posse de Rodrigo Novaes no TCE?
Fonte: Blog do Magno Martins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário