Em entrevista ao Roda Viva na última segunda-feira (26), a governadora Raquel Lyra foi indagada se o PSB de Eduardo Campos teria deixado de existir. Em sua resposta, a governadora disse o seguinte: "aquele PSB com o governo feito por Eduardo com um governo transformador, que mudou a educação, a saúde e que foi referência na economia. Aquele PSB, não existe mais". A declaração de Raquel mexeu em figuras do partido como o presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, que é deputado estadual de oposição. No entanto, a frase levada ao Roda Viva pela governadora Raquel Lyra (que inclusive já pertenceu ao PSB) é a opinião de muita gente que vive no meio da política pernambucana. E é fato: o PSB que nós temos hoje em Pernambuco, não é o mesmo de quando Eduardo Campos assumiu o governo em 2007.
Jamais passaria pela cabeça da governadora dizer que o PSB acabou. O partido é o maior partido de oposição ao seu governo aqui. A crítica de Raquel foi a forma de condução da legenda nos últimos oito anos, principalmente os da gestão de Paulo Câmara. Foi pelo PSB deixar de ser o PSB de Eduardo que muita gente deixou o partido durante os últimos anos. Um partido não pode ficar vivendo de ideias fixas. Recentemente, após a derrota pelo Governo em 2022 quando o PSB amargou o quarto lugar na eleição, muitas figuras da legenda chegaram a sugerir que o próprio partido fizesse uma autocrítica: onde foi que nós erramos?
Muitos deixaram o PSB por não acreditarem mais nos rumos tomados pelo partido em Pernambuco. O PSB tem os seus prós e os contras. Mas, indiscutivelmente o partido de 2023 não é o mesmo de 2007. É uma legenda bem diferente e com uma forma de mobilização bem diferente daquele ano. Hoje o partido ocupa a vice-presidência da república, tem uma grande liderança em Pernambuco que é o prefeito do Recife, João Campos, e trabalha por um processo de renovação.
Raquel teve o seu ponto ao fazer essa afirmação. O PSB, através do deputado Sileno Guedes tem todo o direito do mundo de levantar-se contra a declaração. Mas, não se pode negar: O PSB de hoje, realmente não é o mesmo.
Não é só PSB
Mudança não é um adjetivo apenas do PSB. Basta observamos ao longo dos anos que percebemos mudanças no PT, PSDB, PDT, PL, e em tantos outros partidos. Recentemente, o senador Randolfe Rodrigues deixou a Rede, partido pelo qual estava filiado, justamente por não observar na agremiação qualidades que antes eram observadas e por ter achado que o ciclo com a legenda havia chegado ao fim.
PSDB também mudou
Um exemplo de mudança é o próprio PSDB da governadora Raquel Lyra que enfrentou grandes e importantes disputas presidenciais. O partido foi protagonista nas eleições de 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014. A legenda perdeu o protagonismo em 2018 para o bolsonarismo o que está obrigando ao PSDB fazer um reflexão e refazer todo o trabalho construído ao longo de mais de 30 anos. Bem diferente da nacional, o PSDB vive seu melhor momento na política pernambucana.
Incômodo
Segundo Sileno, "Quando usa uma tribuna de alcance nacional, como o programa Roda Vida, da TV Cultura, para dizer que o maior partido de oposição ao seu governo “não existe mais”, a governadora Raquel Lyra (PSDB), além de desrespeitar uma agremiação política com mais de 70 anos de história, mostra que já não consegue conter seu incômodo com as cobranças qualificadas à sua gestão, que têm sido feitas pelo PSB e vêm ganhando repercussão na imprensa nacional e em diversos setores da sociedade".
Esqueceu
O presidente estadual do PSB esqueceu na nota enviada à imprensa que uma antiga técnica que colaborou durante a gestão de Eduardo Campos. Ivaneide Dantas, atual secretária de Educação a quem resumiu como sendo "indicação de bolsonarista". Foi durante a gestão de Eduardo Campos que Raquel Lyra conheceu a atual secretária de Educação de Pernambuco, fato que foi coincidentemente ignorado por Sileno.
Polarização
A afirmação da governadora Raquel Lyra de que "aquele PSB não existia mais" quando elogiou o governador Eduardo Campos, e criticou ainda que de forma indireta o comando atual da legenda e a resposta do deputado Sileno Guedes pode ser um sinal de que a polarização entre as duas legendas é uma novela que está apenas no seu início.
Silvinho Silva, editor do Blog
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Fonte:Blog do Silvinho.
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