quarta-feira, 21 de junho de 2023

Vítima do fogo amigo

Desde quando foi anunciado o primeiro da lista de 37 ministros, por uma escolha pessoal do presidente Lula, o pernambucano José Múcio Monteiro, da Defesa, caiu em desgraça. Ministros do PT, a direção do partido e petistas que eram mais próximos ao chefe da Nação cuidam de espalhar factoides e fakes na tentativa de desestabilizá-lo emocionalmente e arranhar sua relação com o chefe.

A primeira tentativa, em vão, se deu no fatídico 8 de janeiro, quando insinuaram que Múcio havia falhado na segurança do prédio do Palácio do Planalto e dado declarações em defesa da manutenção dos bolsonaristas acampados em Brasília. O ministro participou de um evento, ontem, em Brasília, e disse o que está caduco em repetir sobre as desigualdades regionais.

De imediato, a mídia trouxe a seguinte frase do ministro em manchetes: “O sonho do pobre do Nordeste é ser pobre no Sul”. Pela chamada, provavelmente de má-fé, o objetivo está muito claro: carimbar José Múcio de racista e preconceituoso, logo ele um nordestino arretado, que se apresenta primeiro como cidadão pernambucano antes mesmo de brasileiro.

Tudo, na verdade, é fruto do chamado fogo amigo do PT. Para desfazer qualquer tipo de interpretação preconceituosa, o ministro da Defesa enviou uma nota à Imprensa enfatizando sua origem pernambucana, com a ressalva de que a declaração teve como objetivo destacar as desigualdades entre as regiões do País. “Conhecedor profundo das desigualdades sociais e econômicas do Brasil, o ministro fez a fala de forma a ressaltar que a diferença da renda per capita entre Nordeste e as regiões Sul e Sudeste é injusta e precisa acabar”, disse a assessoria, na mesma nota.

E quem há de dizer ao contrário, diante de tamanho disparate social e econômico entre o Nordeste e o chamado Sul Maravilha? Como disse em sua intervenção no evento, o que o País precisa é de união e discernimento, para avançar sob os diferentes desafios consequentes da grande extensão territorial do Brasil e suas diversas realidades. Do contrário, o Brasil vai continuar ainda por muito tempo vivendo esse contraste terrível de um Sudeste aparentemente rico e um Nordeste verdadeiramente miserável.

Contexto real – A imprensa pinçou, de forma maliciosa, a frase de José Múcio durante evento virtual do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) sobre defesa nacional do Brasil. Dez minutos após, o vídeo já estava nos principais portais de notícias do País e nas redes sociais. Só não deram muito destaque a essa frase dele, no mesmo evento: “Eu acho que nós precisamos sentar e a grande arma que nós precisamos estimular é a arma do diálogo. Vencedores e vencidos precisam sentar-se em algum momento, porque nós temos 10 milhões de desempregados neste País e 33 milhões de pessoas vivendo na base de insegurança alimentar. Este País é um continente, é diferente”.

Nordestino orgulhoso – Antes de embarcar, ontem, para França, onde se integra hoje à comitiva do presidente Lula, o ministro José Múcio disse ao blog que não tira uma vírgula do que falou sobre as diferenças regionais no País. “Pode pegar na internet ou em qualquer lugar. Minhas palestras sobre Nordeste são focadas nesta triste realidade de renda e ascensão social em relação ao Sul e Sudeste”, afirmou, acrescentando: “Nunca vão conseguir me intrigar com meu povo nordestino. Sou nordestino com muito orgulho”.

Organização criminosa – A Polícia Civil cumpriu, ontem, 16 mandados de busca e apreensão em Alagoas e Pernambuco contra suspeitos de integrar uma organização criminosa especializada em fraudes a concursos públicos. Entre os materiais apreendidos estão aparelhos celulares, notebooks e documentos. Não houve prisões. Em Alagoas, foram cumpridos cinco mandados nas cidades de Maceió, Joaquim Gomes, Colônia Leopoldina e Arapiraca. Em Pernambuco, 11 mandados foram cumpridos em Recife, São Lourenço da Mata, Toritama e Limoeiro.

Filho lobista – A empresa de intermediação de contratos de publicidade do filho do presidente da Câmara, Arthur Lira, funciona em uma sala comercial na região central de Brasília cujo dono é um destacado lobista com atuação na capital federal. Segundo o site Metrópoles, apenas três firmas representadas pela Omnia receberam nada menos que R$ 34 milhões em verbas do governo federal nos dois últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, do qual Lira era aliado de primeira hora. A Omnia foi criada em 2021. Arthur Lira Filho, de 23 anos, tem como sócia na empresa Maria Luiza Cavalcante, de 25 anos.

O grito da delegada – A deputada Gleide Ângelo (PSB), delegada de carreira, bateu duro na governadora Raquel Lyra pela intransigência em relação ao piso dos professores e o reajuste da categoria. “O que estamos vendo aqui é um indicativo de como o Governo do Estado está tratando os trabalhadores de Pernambuco. Age com prepotência, arrogância e insistência em não reconhecer os erros. Por isso que estamos aqui para provar que quem ganha é o bom senso e o diálogo. Saber ouvir e dialogar. A Assembleia tem autonomia. Todo mundo que chegou aqui a essa Casa, chegou nomeado pelo povo”, desabafou.

CURTAS

FERROVIA – A bancada federal de Pernambuco cobrou, ontem, do ministro dos Transportes, Renan Filho, agilidade na retomada do projeto da Ferrovia Transnordestina no trecho que vai de Salgueiro ao porto de Suape. As obras foram paralisadas há mais de dez anos, enquanto o trecho do Ceará está bem próximo de ser inaugurado.

ASA BRANCA – O presidente da Câmara, Arthur Lira, recebeu, ontem, os artistas mobilizados pelo deputado Fernando Rodolfo na residência oficial, no Lago Sul. Lá, depois de ouvir que haverá prioridade na votação da Lei Luiz Gonzaga, eles cantaram Asa Branca, emocionando os presentes.

Perguntar não ofende: As bancadas do Sul e Sudeste vão reagir ao projeto Luiz Gonzaga, que obriga a participação de artistas regionais em 80% da grade do São João?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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