Chamado para uma nova reunião de emergência, ontem, no Planalto, pelo presidente Lula, o presidente da Câmara e líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), botou a faca no pescoço do petista. Para azeitar a relação da base conservadora do Congresso com o Governo, Lira pediu em troca mais cargos.
O presidente já havia prometido resolver os problemas na articulação política do governo com o Congresso no início de maio, mas só depois de ter passado por um sufoco na Câmara, na semana passada, resolveu abrir os olhos e se curvar às pressões do Centrão, bloco com mais de 150 parlamentares na Câmara.
A conversa entre Lula e Lira foi justamente na toada do toma-lá-dá-cá. O petista disse que pretende fazer uma ampla reforma ministerial, mas admitiu a necessidade de mudanças “pontuais” na equipe, que devem atingir principalmente o União Brasil. Mesmo assim, não dá prazo para as trocas.
Lula não gostou de saber que o empresário Fernando Fialho, sogro do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, tem usado o gabinete do genro para despachar, como revelou o jornal Estadão. O presidente já havia conversado com o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), na semana passada, para reavaliar as indicações do partido na Esplanada.
Além de Juscelino, que pode ser substituído, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também está nessa lista. Daniela pode não sair do governo, mas deve mudar de repartição. Ela já pediu a desfiliação do União Brasil e tudo indica que migrará para o Republicanos, partido que tende a ganhar espaço na Esplanada. O deputado Celso Sabino (PA), aliado de Lira, é cotado para assumir Turismo ou outro Ministério hoje na cota do União Brasil, que administra três pastas.
Combustível no fim – Lula recebeu, ontem, também, líderes dos partidos na Câmara e no Senado. Lira saiu de lá dizendo que o presidente precisa arrumar a base aliada porque “o combustível está acabando”. Vários recados foram dados nos últimos dias: um deles foi durante a análise da Medida Provisória que reestrutura a Esplanada, quando os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas foram desidratados. O outro mostrou a força da bancada ruralista, que conseguiu aprovar no plenário da Câmara o marco para demarcação das terras indígenas, a contragosto do Planalto.
Saúde no radar – O Centrão, na verdade, está de olho no Ministério da Saúde, que tem um orçamento de R$ 188,3 bilhões e é comandada por Nísia Trindade, sem vínculo partidário. O Ministério foi por muitos anos feudo do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira, sigla que hoje faz oposição a Lula. O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, é adversário dos petistas, mas o grupo de Lira pede espaço no primeiro escalão.
Reforma tributária – Arthur Lira (PP-AL) disse também ter pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma maior “ajuda” do governo na aprovação da reforma tributária. O presidente da Câmara prometeu pautar a matéria ainda neste semestre, antes do recesso parlamentar, mas disse que não poderia assumir o compromisso de aprovação da pauta. “Eu quero pautar (reforma tributária), não posso assumir o compromisso e a responsabilidade de aprovar”, afirmou.
Agenda de Lula – De última hora, o presidente Lula mudou a agenda que cumpre em Pernambuco hoje e amanhã. Chega ao Estado hoje por volta das 15 horas e segue direto para Goiana, para uma visita ao estaleiro da Fiat. Amanhã, por volta das 9 horas, relança o programa Farmácia no Recife e em seguida dá um pulinho em Paulista, na Região Metropolitana, para inauguração de mais um Instituto Federal de Ensino.
Defesa do Velho Chico – Do deputado José Patriota, da bancada do PSB na Alepe, ao participar de ato em Floresta pela deseja do Rio São Francisco: “É importante ter um cuidado especial com o saneamento, para que o esgoto produzido não polua o rio. Também é necessário um olhar para as matas e nascentes, tão necessárias para que o Velho Chico possa levar suas riquezas para os municípios da região”.
CURTAS
HOSPITAIS CAEM FORA – Cinco hospitais particulares enviaram ao Instituto de Recursos Humanos de Pernambuco (IRH) uma carta pedindo a suspensão, por tempo indeterminado, dos atendimentos aos beneficiários do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe), plano de saúde oferecido pelo governo aos servidores estaduais.
LAMENTO – Na carta, os gestores lamentam o fim da parceria, o que, segundo eles, ocasiona “fechamento de leitos e o consequente desemprego em toda a cadeia produtiva dos hospitais, principalmente a enfermagem”.
Perguntar não ofende: Lula vai ceder às pressões do Centrão por cargos?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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