O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer críticas à operação da Polícia Federal contra empresários que participavam de um grupo de WhatsApp em que se discutiu a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil. As declarações foram feitas durante discurso para apoiadores em evento de campanha em Novo Hamburgo (RS).
"[Os empresários] Estavam privadamente discutindo um assunto. Não interessa qual é o assunto. Eu posso muito bem pegar meia dúzia aqui para bater um papo e falar em um canto o que bem entender", disse o presidente. "Não é porque tem um vagabundo ouvindo atrás da árvore a nossa conversa que vai querer roubar a nossa liberdade. Agora, mais vagabundo do que quem está ouvindo a conversa, é quem dá a canetada após ouvir o que ouviu esse vagabundo.
O ministro do STF Alexandre Moraes, presidente do TSE, autorizou cumprimento de mandados de busca e apreensão contra empresários. A solicitação da PF foi feita com base em informações divulgadas por uma reportagem, que usou diálogos de WhatsApp para apontar o apoio dos investigados a um golpe de Estado. De acordo com a publicação, as conversas ocorreram em um grupo formado pelos executivos.
Moraes também ampliou a determinação acrescentando a quebra dos sigilos bancários e o bloqueio de contas do grupo.
Na semana passada, os empresários lamentaram a operação e afirmaram que são vítimas de perseguição política e de denúncias falsas. Um dos alvos da ação, Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamentos Havan, disse que as opiniões dos empresários não podem ser entendidas como crime.
"Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu nunca, em momento algum, falei sobre golpe ou sobre STF [Supremo Tribunal Federal]", declarou.
A defesa de Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, afirmou que o empresário rechaça "qualquer envolvimento com associação criminosa ou práticas que visam à abdicação do Estado democrático ou preconizam golpe de Estado".
De acordo com os advogados, Nigri respondeu a todas as perguntas formuladas pela Polícia Federal durante a operação e concordou em ser ouvido para colaborar com as investigações. A defesa disse que o empresário "reafirmou sua firme crença na democracia e seu respeito incondicional aos poderes constituídos da República".
Afrânio Barreira, dono da rede de restaurantes Coco Bambu, queixou-se de que "a operação é fruto de perseguição política e de denúncias falsas, as quais não têm nenhum fundamento". Segundo a defesa, o empresário está "absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da verdade, a qual resultará no arquivamento da investigação".
Ivan Wrobel, sócio da W3 Engenharia, criticou o material jornalístico que o acusa de defender um golpe de Estado no país. "A matéria não buscou conhecer a biografia e o pensamento do sr. Ivan antes de atacá-lo. E a tentativa banal de ouvi-lo 'pro forma' apenas deixa evidente a falta de imparcialidade no vazamento de conversas particulares", respondeu a defesa do empresário.
Os advogados afirmaram: "Transmitir fake news a respeito de pessoas que levam uma vida correta, pagam seus impostos e contribuem com a sociedade não parece que seja um caminho que se deva perseguir".
"O sr. Ivan teve a sua honra e a sua credibilidade abaladas simplesmente por participar de um grupo de WhatsApp", destacaram. Ainda segundo a defesa, Wrobel vai colaborar com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos.
Marco Aurélio Raymundo, fundador da rede de vestuário Mormaii, também se manifestou por meio dos seus advogados. De acordo com a defesa, o empresário "ainda desconhece .o inteiro teor do inquérito, mas se colocou e segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos".
Luiz André Tissot, José Isaac Peres e José Koury, do Barra World Shopping, não se manifestaram à época quando procurados pelo R7.
Fonte: Do R7, em Brasília.
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