O debate é um instrumento importante na disputa política e eleitoral. Sua base é argumentação, onde duas ou mais ideias diferentes e até conflitantes são defendidas ou criticadas. Mas as condições da legislação partidária no Brasil, ainda em vigor, não favorecem a exercitar os fundamentos e os princípios do debate em toda sua plenitude.
São 32 partidos legalizados. E a Lei Eleitoral obriga as emissoras a convidar para debates os candidatos de partidos com ao menos cinco representantes no Congresso Nacional. A prática tem demonstrado que não foi possível encontrar um modelo que consiga traduzir os debates naquilo que eles têm de mais significativo e necessário para o eleitor ainda indeciso decidir sobre o seu voto: a avaliação de quem é o candidato mais preparado.
A solução natural seria a diminuição dos partidos políticos, através da cláusula de barreira, um dispositivo legal que restringirá ou impedirá a atuação parlamentar de um partido que não alcançar nestas eleições 2% dos votos válidos, ou eleger pelo menos 11 deputados federais distribuídos em nove Estados.
Menos partidos, menos candidatos majoritários, consequentemente. Mais chances de assegurar regras claras nos debates que respeitem o valor da argumentação, e não da baixaria, do bate-boca como se observa hoje. Esse modelo atual só alimenta a bolha de militantes. A audiência é deles. O resultado atende a guerra de versões deles de quem ganhou o debate e aos cuidados de peças de propaganda editadas, em geral, manipuladas e/ou distorcidas do contexto real.
Alguém em sã consciência acredita que o cidadão ou cidadã, que precisa acordar todos os dias às cinco, seis horas da manhã, pegar transporte coletivo desconfortável e caro, enfrentar horas no caótico trânsito do conjunto do Estado até chegar ao destino do trabalho vai, numa terça-feira, às 22h30 da noite, acompanhar uma “luta livre” onde a discussão principal é quem mais cometeu delinquências na vida pública?
Raquel cara de pau – Estrategicamente, candidato que está à frente das pesquisas, bem distanciado dos seus concorrentes, não vai a debates. É a lei natural para não virar alvo de ataques de todos. Que o diga Raquel Lyra! Quando candidata à reeleição em Caruaru, não foi um só debate. Agora, na maior cara de pau, fez um desafio à Marília Arraes para estar presente num desses debates. É um verdadeiro telhado de vidro!
Miguel, o adversário – O crescimento de Miguel Coelho, candidato do União Brasil a governador de Pernambuco, foi perceptível, ontem, mais uma vez, na grande carreata que promoveu pelas ruas do Recife. O sentimento bate com os números das últimas pesquisas divulgadas. Já tem muita gente apostando que será ele o adversário de Marília Arraes no segundo turno, em 30 de outubro.
Danilo abandonado – Ao escolher na reta final apenas os Estados da Bahia e Ceará, no Nordeste, para tentar empurrar seus candidatos a governador, Lula deu uma de Pilatos frente à candidatura de Danilo Cabral em Pernambuco: lavou as mãos. Sabe que é caso perdido e não quer complicar a vida de Marília Arraes, também aliada, já com lugar garantido no segundo turno.
Quem é vivo, aparece! – Geraldo Júlio, enfim, apareceu na propaganda eleitoral no rádio e na TV, mas para pedir votos ao seu candidato do peito na disputa por um mandato na Assembleia Legislativa: Rodrigo Farias, filho do ex-deputado José Augusto, sobrinho do ex-senador Antônio Farias. Mas, em nenhum momento, tocou no nome de Danilo Cabral.
Maior abandonado – Sem chances de emplacar a reeleição, o deputado federal Raul Henry (MDB) foi abandonado, literalmente, pelo seu padrinho histórico de berço político – o senador Jarbas Vasconcelos. Pela primeira vez, Jarbas não gravou para a propaganda eleitoral no rádio e na TV pedindo voto para o afilhado. Sua única aparição na telinha se deu para referendar a candidatura do filho Jarbinhas a deputado estadual. Sabe Jarbas que o cartão de Henry já foi triturado por Iza Arruda, filha do prefeito de Vitória, Paulo Roberto. Na partilha das 25 vagas na Câmara Federal, o MDB só elege um.
CURTAS
VINGANÇA NO PAJEÚ – O prefeito de São José do Egito, Evandro Valadares, vai votar em Danilo só da boca para fora. Depois que João Campos escolheu José Patriota e não Paulo Juca, este aliado de Valadares, como candidato a estadual apoiado pelo prefeito de Itapetim, Adelmo Moura, 98% dos aliados do cacique de São José votarão em Marília e em Lucas Ramos federal, ao invés de Tadeu Alencar.
Revés em Afogados – Além de ter como concorrente no Pajeú o ex-secretário de Saúde, Paulo Jucá, José Patriota, ex-prefeito de Afogados da Ingazeira, na disputa por uma vaga na Alepe, ganhou mais uma concorrente em sua terra natal: Evângela Vieira (Solidariedade). Por baixo, rouba-lhe pelo menos três mil votos em Afogados, segundo analistas locais.
Perguntar não ofende: Lula virá, após as eleições de domingo, para os funerais do PSB?
Fonte:Blog do
Magno Martins.
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