Os debates na TV em campanha sempre têm audiências baixas, muitos porque são promovidos muito tarde da noite, outros pelo modelo engessado. Mas no geral, são chatos, enfadonhos e repetitivos porque envolvem muitos personagens. Os que valem, influenciam e são decisivos para parte do eleitorado indeciso são os de segundo turno, quando se duelam apenas dois candidatos.
Debates decidem uma eleição? Não, mas influenciam. Na campanha presidencial de 89, a edição do último debate na Globo, dirigida para beneficiar Fernando Collor, com certeza ajudou a jogar o petista na jaula dos leões. Em Pernambuco, na campanha histórica de 90, um clássico, Joaquim Francisco desafiou Jarbas Vasconcelos para um debate dentro do horário eleitoral, se saiu melhor, estancou a queda nas pesquisas e ganhou no primeiro turno.
No debate presidencial promovido pelo SBT, sábado passado, o que ficou na cabeça do eleitor? A ausência de Lula, os ataques ao petista e ao presidente Bolsonaro, a certeza de que as mulheres – Simone e Soraya – roubam a cena, além da firmeza de Ciro Gomes nos ataques a Lula no momento crucial para a sua campanha, a entrada na última semana que antecede as eleições com o presidente do seu partido, Carlos Lupi, caindo na onda de Lula pelo voto útil.
Mas teve algo que se sobressaiu, pelo menos na exploração pós-debate pela mídia: um tal de padre Kelmon, candidato do PTB, em substituição a Roberto Jefferson, que usou seu tempo para uma dobradinha com Bolsonaro, pondo na discussão temas de interesse do presidente e candidato à reeleição, como o auxílio emergencial e as corrupções na era petista.
Quem saiu perdendo ou ganhando? Depende de quem avalia. Majoritariamente a mídia que torce por Lula e vota no petista como alternativa para se livrar de Bolsonaro, mesmo sabendo do mal que o PT fez ao País, com mensalão, Lava Jato, dinheiro na mala e na cueca, corre para escrever que Lula não perdeu nada pela ausência.
Mas perdeu sim. Como disse Ciro Gomes, o petista foi antidemocrático e covarde. Na verdade, Lula só faltou porque, supostamente líder nas pesquisas, já se acha eleito. Seria bom ler a cartilha de Marco Maciel, que dizia: eleição e mineração só após a apuração. Ou outra máxima: não se pode botar o carro na frente dos bois.
O caso FHC – Cantar vitória antes do tempo não é nada aconselhável ou inteligente. Candidato a prefeito de São Paulo em 1985, Fernando Henrique Cardoso, liderando todas as pesquisas, esnobou do adversário sentando-se na cadeira de prefeito antes do tempo e acabou traído pelas urnas, sofrendo um tremendo revés eleitoral com a vitória de Jânio Quadros. Ao assumir, Jânio Quadros ganhou projeção mundial com as imagens desinfectando a cadeira do prefeito.
Da Globo, ele não foge – Lula mentiu quando disse que não fora informado da data do debate no SBT. A emissora exibiu documento assinado pela assessoria do petista, que ainda não tem posição clara quanto ao debate na Globo, no próximo dia 29. Uma hora diz que não vai, outra que avalia, mas o certo é que ele teme a capacidade de fazer o mal da poderosa, alinhada claramente à sua candidatura, a julgar pelo comportamento de Bonner na entrevista água com açúcar com o petista no JN.
Adversário de Marília – Diante da solidez de Marília Arraes nas pesquisas e o nivelamento dos seus demais adversários, o debate da Globo em Pernambuco, na próxima quinta-feira, está sendo encarado como algo que pode definir o adversário da candidata do Solidariedade. Quem se apresentar melhor certamente conquistará um bom quinhão dos eleitores indecisos, na faixa de 7% a 8%, o que é muito baixo, diga-se de passagem, mas decisivo em razão do empate entre Miguel Coelho, Raquel Lyra e Anderson Ferreira, com Danilo Cabral um pouco atrás.
Ainda o padre – Integrantes da campanha de Bolsonaro avaliaram que os esperados ataques durante o debate foram “suavizados” pela presença do candidato do PTB, Padre Kelmon. O desconhecido religioso serviu de escada para o presidente, com elogios ao governo. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o assessor da Presidência Filipe Martins ressaltaram que o candidato do PTB se posicionou contra o aborto, tema da pauta ideológica de Bolsonaro. Pelas redes sociais, o ex-secretário de Cultura Mário Frias (PL-SP), candidato a deputado federal, disse que a “dobradinha” de Kelmon com Bolsonaro “fez o debate valer a pena”.
Vai bombar o PP – O que se diz nos bastidores da campanha em Pernambuco é que a grande vedete eleitoral na eleição para a Câmara dos Deputados será Clarissa Tércio (PP). Se estourar o balão de votos – ela teria a grande massa do eleitorado bolsonarista e dos evangélicos que não seguem André Ferreira – Clarissa levará o PP a eleger entre cinco e seis federais. Falam que ela pode ter acima de 400 mil votos. Entre os candidatos que seriam puxados pela sua expressiva votação, a pastora Michele Collins.
CURTAS
SÓ DUQUE – No Sertão do Pajeú, o único candidato com cadeira confirmada na Assembleia Legislativa até o momento é o ex-prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque (SD). Quem conhece de projeção eleitoral diz que passará dos 50 mil votos.
DANÇOU – Já pelas projeções da nova bancada federal, no MDB o que se dá como certo é que o deputado Raul Henry perderá sua cadeira para Iza Arruda, filha do prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto.
Perguntar não ofende: qual posicionamento do TRE frente às denúncias do dia D montado por Danilo usando ostensivamente a máquina?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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