quinta-feira, 17 de março de 2022

Chapa pau de galinheiro

 

Um sujo se juntando ao mal lavado. É assim que poderia ser traduzida a chapa Lula (PT), candidato ao Planalto, com Alckmin (PSB), na vice. Adversários históricos, o que têm em comum? Uma ficha mais suja do que pau de galinheiro. O petista, que se apresenta como a alma mais honesta do planeta, foi preso por liderar uma quadrilha que quase quebra a Petrobras.

Seu vice, ex-governador de São Paulo, nunca foi preso, mas é recorrente nas práticas lulistas. Ontem, em relação à Polícia Federal, o ex-presidente da Ecovias, Marcelo Rafart de Seras, disse que deu, em espécie, R$ 3 milhões para a campanha de Alckmin a governador via caixa 2. A Ecovias é a concessionária responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes, principal ligação da cidade de São Paulo com o litoral sul do Estado.

A apuração relativa ao caixa 2 também é investigada pela Delinst (Delegacia de Defesa Institucional), da PF, que apura questões eleitorais. De acordo com o relato do ex-presidente da concessionária, os valores foram pagos a título de caixa 2, primeiro, em 2010, em um total de R$ 1 milhão. Na ocasião, pelo PSDB, Alckmin foi eleito governador.

O valor, segundo o depoimento, foi pago em dinheiro ao cunhado do ex-governador, Adhemar Ribeiro. A segunda parte, no valor de R$ 2 milhões, teria sido pago em uma operação do ex-tesoureiro de Alckmin, Marcos Monteiro, em 2014, ainda segundo o relato. Naquele ano, Alckmin se reelegeu ao governo paulista.

Marcos Monteiro ocupou diferentes papéis nos quatro mandatos do tucano à frente do governo paulista e foi citado por suposta negociação de quase R$ 10 milhões em repasses de caixa dois da Odebrecht para o PSDB. Em 2010, um ex-executivo da Odebrecht disse em seu acordo de delação que Alckmin acertou pessoalmente o repasse de R$ 2 milhões para sua campanha ao governo em 2010.

Carlos Armando Paschoal, o CAP, que era à época diretor da Odebrecht em São Paulo, disse que Alckmin entregou a ele o cartão de visitas de seu cunhado Adhemar Ribeiro, que viria a ser o responsável por receber os recursos. Em 2010, o ex-governador se tornou réu sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, além de receber caixa dois da Odebrecht.

Conta salgada – Na última terça-feira, o Conselho Superior do Ministério Público fez a homologação final de acordos com a Ecovias e com o ex-presidente. O acordo de não persecução penal da empresa com a Promotoria do Patrimônio Público foi fechado em R$ 638 milhões -valor que a Ecovias deverá bancar parte em obras e parte em dinheiro como compensação pelas irregularidades. O ex-presidente da empresa Marcelino Rafart de Seras terá de pagar R$ 12 milhões ao Tesouro.

Uma penca de políticos – O acordo da concessionária já havia tido uma homologação inicial, mas precisou de correções. Agora, tanto a empresa quanto o executivo não serão processados. O Ministério Público investigará ainda outras concessionárias de rodovias de São Paulo não contempladas pelo acordo. Antes, porém, será preciso fazer a homologação na Justiça. Na parte criminal da delação são atingidos diversos políticos de partidos como PSDB, PT e União Brasil. As acusações envolvem a concessão responsável pelas rodovias que abrigam as praças de pedágios com a tarifa individual mais alta do Estado: R$ 30,20 para carros.

Cartel de contratos – O valor cobrado dos motoristas na malha rodoviária paulista é alvo de seguidos embates políticos ou eleitorais desde a década de 1990, quando os primeiros contratos foram firmados, inclusive com a Ecovias, pelo governo Mário Covas (PSDB). Segundo Marcelino, 12 grupos formados por 80 empresas que participaram de licitações em 1998 e 1999 para concessão de rodovias estaduais paulistas, na gestão Covas, fizeram cartel para conseguir os contratos.

Prejuízo de R$ 10 bi – A estimativa é que os prejuízos possam chegar a 10 bilhões de reais em valores atualizados. O acerto foi possibilitado devido à nova lei anticrime, que possibilitou esse tipo de medida em casos de improbidade administrativa. O órgão que aprovou o acordo é o Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, que é um colegiado da cúpula da instituição paulista (com 11 integrantes) formado por procuradores que atuam em processos de segunda instância na Justiça.

Fiel aliado – Em entrevista ao Frente a Frente de ontem, o ex-senador Douglas Cintra confirmou sua filiação ao PSDB com a disposição de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados e mostrou, na ocasião, ser é um aliado fiel da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra. A defendeu com vigor dos ataques e críticas dos professores em greve pelo aumento dos 33%. Segundo Cintra, a tucana não pode conceder um aumento linear a todos os professores porque existem categorias que já ganham muito acima do piso.

CURTAS

PRORROGAÇÃO – oi prorrogado o prazo para artistas e grupos carnavalescos prejudicados pela pandemia da Covid-19 em Pernambuco se inscreverem para ter acesso ao Auxílio Emergencial do Ciclo Carnavalesco 2022. A inscrição agora pode ser feita na internet até as 18h de amanhã. A lei que estabeleceu o auxílio prevê um investimento total de R$ 6,3 milhões para esse benefício.

SECA BRABA – A falta de chuva castiga diversos municípios em quase todo o Nordeste brasileiro. Dos nove estados da região, oito têm municípios em situação de emergência por causa da seca ou estiagem reconhecida pelo Governo Federal. Segundo levantamento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), são 486 municípios com decreto de emergência vigente.

Perguntar não ofende: Marília Arraes tem coragem cívica de deixar o PT?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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