CLAUDIA COLLUCCI
Com o anúncio do Ministério da Saúde sobre a quarta dose da vacina contra a Covid-19 às pessoas acima de 80 anos, a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) chama a atenção para uma parcela considerável de idosos que ainda não recebeu o reforço da terceira dose e, por isso, precisa ser priorizada.
De acordo com os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde, o percentual de doses de reforço aplicadas a partir dos 60 anos variava de 48% a 71% até o fim do mês passado. Entre os idosos com 80 anos ou mais, perto de 36% (cerca de 2,8 milhões) ainda não haviam recebido a dose de reforço.
O risco de morte por Covid chegou a ser 18 vezes maior entre os idosos não vacinados, na comparação com os já imunizados, durante a onda da variante ômicron no Brasil, segundo análise da Folha de S.Paulo que cruzou dados do Ministério da Saúde com as estimativas populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foram consideradas as internações e as mortes confirmadas pela doença de dezembro a fevereiro. Segundo a geriatra Ivete Berkenbrock, presidente da SBGG, a entidade estimula a quarta dose às pessoas acima dos 80 anos e aos imunossuprimidos, mas tem pedido em seus canais mais atenção aos idosos que ainda não receberam a terceira dose.
Para ela, a campanha de vacinação contra a gripe pode ser uma oportunidade para os idosos receberem as doses faltantes.
Os idosos são um dos primeiros grupos convocados a tomar o imunizante contra a influenza. No estado de São Paulo, a campanha começa neste domingo (27). Já o Ministério da Saúde anunciou o início para 4 de abril.
De acordo com a orientação do ministério, as vacinas contra a Covid-19 e contra a gripe podem ser aplicadas de forma simultânea, aproveitando a mesma visita ao posto de saúde. “Essa população que não se vacinou ou está com o esquema vacinal incompleto está vulnerável. Então, mesmo com a flexibilização do uso de máscaras, a gente recomenda que os idosos continuem usando, especialmente em locais fechados”, diz Berkenbrock.
O Ministério da Saúde argumenta que os dados recentes de casos, hospitalizações e mortes por infecções respiratórias no país indicam uma “tendência de perda de proteção em idosos adequadamente vacinados”, com destaque para “a faixa etária acima de 80 anos de idade”.
De acordo com o documento, essa redução da efetividade das vacinas após quatro ou cinco meses nos mais idosos pode ser em parte explicada pelo processo da imunossenescência, envelhecimento natural do sistema imunológico.
A imunização contra a gripe acontecerá em duas etapas, pelo cronograma do governo federal. A primeira, entre 4 de abril e 2 de maio, está voltada aos idosos com mais de 60 anos e aos trabalhadores da área de saúde. A segunda, a partir de 3 de maio, será aberta aos demais públicos-alvo.
Jornal de Brasília.
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