Às vésperas do fim da janela partidária, das filiações e da desincompatibilização de cargos públicos, processos que têm de estar concluídos até 3 de abril, as articulações eleitorais tomam velocidade, ainda que, por enquanto, sem maiores surpresas com potencial de alterar o quadro. Já decididos a não entrar na federação com o PT, os caciques do PSB correram, na segunda-feira da semana passada, quando Lula estava no México, à casa do ex-governador Geraldo Alckmin para fechar logo sua filiação.
Segundo as jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros, que escrevem um boletim semanal sobre a conjuntura nacional, temiam que, uma vez azedado o clima com o PT pelo fracasso da federação, Alckmin acabasse no PV, que também o convidou. O ex-governador preferiu o PSB, maior e mais estável, mas surpreendeu-se com a pressa dos dirigentes em anunciar o martelo batido. Esperava ter mais tempo para avisar seu grupo e também Lula, de quem será vice por indicação do PSB numa coligação.
Diz-se que Alckmin, na operação da semana passada e num agrado ao PT, negociou com a cúpula socialista a desistência de Márcio França (seu ex-vice-governador) na disputa paulista, em favor do petista Fernando Haddad. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que acompanhava o ex-presidente Lula na viagem ao México, esperava ter mais tempo para tratar de federação com o PSB.
Atropelada pela articulação PSB-Alckmin, sacramentando a rejeição dos socialistas à federação, tratou de fechá-la com os outros partidos, formalizando o casamento PT-PV-PCdoB. Os petistas não passaram recibo e sustentaram que “continuarão dialogando” com o PSB, até porque farão coligação nacional e em diversos Estados, como Pernambuco.
Mas, ao anunciar desde já sua federação sem os socialistas, o PT deu 20 dias – prazo para encerramento da janela partidária – aos cerca de dez deputados do PSB que ameaçam deixar o partido sem a federação com o PT – que lhes permitiria coligações na eleição proporcional. Terão tempo para negociar a ida para outras legendas – justo o que a direção do PSB não quer.
Olho da reeleição – O movimento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de anunciar que não será candidato à Presidência da República pelo PSD de Gilberto Kassab, que chegou a tentar vendê-lo como “um novo JK”, tem um objetivo: abrir caminho à própria reeleição ao comando do Senado. Até os ácaros do tapete azul da Casa sabem que Kassab terá candidato no primeiro turno, substituindo Pacheco pelo governador gaúcho, Eduardo Leite, mas, no segundo, estará com Lula.
Leite sai pelo PSD – Caciques tucanos aliados de Eduardo Leite nas prévias do partido, vencidas por João Doria, garantem: ele está, sim, decidido a migrar para o PSD de Gilberto Kassab e concorrer à Presidência. Até dias atrás, esse grupo ainda tinha esperanças numa desistência do governador paulista e tentava manter Leite no partido, com a intenção de lançar sua candidatura. Doria, porém, mostra que pretende ir até o fim, apesar de seu fraco nas pesquisas. Kassab disse à CNN que a “prioridade” do PSD é Eduardo Leite e que há “grande chance” de ele aceitar o convite e se candidatar.
Haddad x Tarcísio – Entre políticos paulistas do campo progressista, o palpite hoje é de um segundo turno em São Paulo entre o petista Fernando Haddad e o ainda ministro Tarcísio de Freitas, reproduzindo no estado a disputa federal Lula x Bolsonaro. Como quem chega ao governo do maior e mais rico estado do país é sempre um potencial candidato a presidente da República, e, pelo que se sabe, Lula não disputará a reeleição, o eventual futuro presidente poderá ter, desde seu primeiro dia de governo, a sombra do possível sucessor pairando no cenário político.
Federações restritas – Embora o prazo para registro de federações vá até o fim de maio, vai ficando claro que esse instrumento será usado de forma mais restrita do que o imaginado. Deve servir mesmo é para salvar os partidos menores da cláusula de barreira que ameaça sua sobrevivência, caso de PCdoB e PV, que se federaram com o PT; do Cidadania, que se aliou ao PSDB, e de Rede e PSol, que ensaiam um casamento. A federação não funcionou para partidos maiores, como PT e PSB, ou PSDB, MDB e União Brasil. Chegaram a anunciar tratativas, mas elas morreram na praia.
Vice de Bolsonaro? – A provável escolha do general Braga Netto para vice de Jair Bolsonaro na disputa presidencial causa receios em Brasília, pela suposição de que haveria nova dança das cadeiras no Ministério da Defesa, com troca dos comandantes militares. Depois da rendição do presidente no pós-Sete de Setembro, o fantasma de um golpe foi afastado, mas ainda pairam temores sobre o que pode ocorrer no período entre o resultado da eleição (no máximo no fim de outubro) e a posse presidencial (em janeiro), caso ele seja derrotado.
CURTAS
PROTESTO – Moradores do Edifício Holiday, em Boa Viagem, fizeram um protesto, ontem, pedindo ajuda contra a degradação que toma conta do local. A manifestação ocorreu para lembrar os três anos da decisão judicial de 13 de março de 2019, que determinou a interdição do prédio, mudando definitivamente a vida das três mil pessoas que moravam nele.
REDUÇÃO DE VOOS – A empresa Azul Linhas Aéreas confirmou, ontem, que reduzirá, a partir de abril, o número de voos diretos de São Paulo para Fernando de Noronha de sete para duas viagens semanais nos dois sentidos. Segundo a companhia, a mudança faz parte de uma readequação de malha devido ao preço do combustível.
Perguntar não ofende: Quando chegará ao fim a novela da escolha do candidato a senador na chapa do Coronel Danulo?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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