sexta-feira, 18 de março de 2022

A rebelde Marília

 

Faltando 15 dias para o fechamento da primeira e importante etapa do calendário eleitoral, a chamada janela partidária, pela qual a legislação permite o troca-troca de partido, o quadro estadual começa a criar uma nova configuração. Quem saiu na frente foi a deputada Marília Arraes. À frente de todas as pesquisas, tanto para o Governo quanto para o Senado, a deputada está rifada pelo seu partido, o PT.

Por isso, está sendo cortejada por vários partidos, do MDB ao PP. O mais provável, entretanto, é que se filie ao Solidariedade (SD) por um simples motivo: é uma legenda dentro do arcabouço do projeto presidencial de Lula, tem fundo eleitoral e tempo de TV, além de seu comando no Estado ter aberto um vácuo com a decisão do atual presidente, Augusto Coutinho, de ir em busca de uma outra legenda para salvar o seu mandato.

O veto a Marília é explícito do PT pernambucano. Tem nome e sobrenome: Humberto Costa, que não quer perder a liderança do partido no Estado para ninguém, muito menos Marília, que, eleita, assumiria naturalmente um papel preponderante no campo da esquerda, vindo, mais cedo ou mais tarde, a dar as cartas no PT estadual, ficando Humberto numa posição secundária.

Marília pode até ser candidata ao Palácio das Princesas, mas a maior motivação dela, hoje, é o Senado, o que pode levá-la a fazer uma composição com Raquel. O entrave para o entendimento, no início, era a falta de uma opção partidária, mas acolhida no SD, Marília pode abrir no Estado outra frente pró-Lula, além do PT.

Só falta, enfim, amarrar o discurso com Raquel, porque Marília quer pedir voto para Lula, enquanto a tucana tem compromisso com João Dória, que tende a não ser candidato. Sem pontuar nas pesquisas, o governador paulista pode apoiar a senadora Simone Tebet, pré-candidata da coligação MDB-União-Brasil-PSDB.

Campanha estadualizada – Sendo Simone Tebet e não Dória o candidato, Raquel fica numa posição mais confortável, também, para deixar Marília assumir um discurso pró-Lula, porque a estratégia da tucana passa pela estadualização da campanha, centrando fogo no PSB, principal propósito de Marília, que foi trucidada na eleição do Recife pelas forças socialistas mancomunadas com o grupo petista do senador Humberto Costa.

Tem coragem cívica? – Quem também ensaia um movimento de rebeldia dentro do seu campo, a Frente Popular, é o deputado federal André de Paula, igualmente preterido na disputa pelo Senado. Foi ele que teve a iniciativa de procurar Marília Arraes, ontem, para uma primeira conversa em busca de um entendimento. Resta saber se André terá a mesma coragem cívica de Marília para fazer a travessia, estando seu partido, o PSD, na base do Governo Paulo Câmara e também ocupando cargos na gestão de João Campos, no Recife.

Convite explícito – Quadro importante no conjunto da Frente Popular, André de Paula teve também uma longa conversa com o senador Fernando Bezerra Coelho, durante o voo de Brasília para o Recife. Recebeu convite para compor a chapa de Miguel Coelho, pré-candidato do União Brasil, como postulante ao Senado. André, como dizia Joaquim Francisco, está tomando a maçaranduba do tempo.

Nervos à flor da pele – A janela partidária mexe com os nervos, principalmente, da bancada federal. O deputado Augusto Coutinho, sem chances de ser reeleito no seu partido, o Solidariedade, já caiu fora, mas ainda não sabe se entrará no Republicanos ou se vai para o PSB. A chapa do Republicanos já tem dois federais – Silvio Costa Filho, dado como reeleito, e o Pastor Ossesio. Se vier a ingressar na legenda, Coutinho teria que medir forças com Ossesio pela segunda vaga.

Avante tem chapa – Ao ler, ontem, neste blog, que o seu partido, o Avante, também estaria no bloco dos que não conseguem fazer chapa para eleição proporcional, o presidente Sebastião Oliveira, também líder da legenda na Câmara Federal, contestou. Segundo ele, o Avante conseguiu montar uma chapa competitiva, que pode resultar na eleição de dois a três deputados federais. O tempo dirá!

CURTAS

OPERAÇÃO 1 – A Polícia Civil de Pernambuco desencadeou, ontem, uma operação conjunta com 75 mandados de prisão e 45 de busca e apreensão domiciliar, sequestro de bens e bloqueio de ativos para 16 estados. Segundo a corporação, a Justiça decretou o bloqueio de R$ 1,8 bilhão de ativos e bens, entre eles uma aeronave.

OPERAÇÃO 2 – Desde o início da investigação, foram 104 mandados de prisão. Os alvos são suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em uma organização criminosa com atuação nacional. Durante os cumprimentos de mandados, foram apreendidas armas, documentos e outros bens.

Perguntar não ofende: Lula segura Marília no PT?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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