Walter Faria teria atuado diretamente no esquema
Valéria Gonçalvez/AE - 8.10.2007
A 13ª Vara Federal de Curitiba acolheu denúncia oferecida pela força-tarefa da Operação Lava Jato que acusou Walter Faria por 642 atos de lavagem de dinheiro, praticados em conjunto com outras 22 pessoas vinculadas ao Grupo Petrópolis, ao Antígua Overseas Bank e ao departamento de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht.
Em valores correntes, o esquema movimentou o equivalente a R$ 1.104.970.401,16, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foram lavados em favor da Odebrecht, entre 2006 e 2014.
A denúncia, oferecida em 13 de dezembro do ano passado, e aceita quarta-feira (26), foi fruto da 62ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em 31 de julho de 2019, que apurou o envolvimento de executivos do Grupo Petrópolis — fabricante de bebidas com várias marcas de cerveja — na lavagem de dinheiro desviado de contratos públicos, especialmente da Petrobras, pela Odebrecht.
A denúncia foi rejeitada em prol de Nelson de Oliveira, parcialmente aceita em face de Wladimir Teles de Oliveira e de Marcio Roberto Alves do Nascimento, e totalmente aceita em relação aos outros 20 denunciados. Os acusados têm prazo de dez dias para apresentar defesa no processo.
O crime
Segundo o MPF, com base nas provas colhidas na investigação, Faria, proprietário do Grupo Petrópolis, atuou diretamente na lavagem de dinheiro e desempenhou substancial papel como grande operador do pagamento de propinas, principalmente relacionadas a desvios de recursos públicos da Petrobras.
As evidências apontam que, além de ter atuado no pagamento de subornos decorrentes do contrato da sonda Petrobras 10.000, Faria comandou a lavagem de centenas de milhões de reais em conjunto com o Grupo Odebrecht.
Em troca do recebimento de altas somas no exterior e de uma série de negócios jurídicos fraudulentos no Brasil, Faria atuou na geração de recursos para distribuição a agentes corrompidos no Brasil; na entrega de propina travestida de doação eleitoral no interesse da Odebrecht; e na transferência, no exterior, de valores ilícitos recebidos em suas contas para agentes públicos beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras.
A estratégia de lavagem envolvia repasses feitos ao grupo Petrópolis diretamente no exterior. A Odebrecht costumava utilizar, na lavagem do dinheiro, camadas de contas estrangeiras em nome de diferentes offshores. Essa estratégia envolveu também a utilização de complexa estrutura financeira de contas no exterior relacionadas às atividades do Grupo Petrópolis. De acordo com documentação encaminhada pela Suíça, foram identificadas 38 offshores distintas com contas bancárias no EFG Bank de Lugano, controladas por Faria. Mais da metade dessas contas permanecia ativa até setembro de 2018.
Fonte: Do R7.
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