A ingenuidade do PT salta aos olhos frente à resolução da legenda sobre as eleições municipais deste ano no Recife. Quando se observa o comportamento do partido em outros Estados, o fosso é ainda muito maior. A impressão que passa, diante de tamanho amadorismo, é que os dirigentes e lideranças estaduais possam estar construindo as bases para engrossar o discurso frente a João Campos (PSB).
Se isso for verdadeiro, podem escapar. Mas do jeito que se comportam, no final ficarão pendurados com um pincel nas mãos, sem escadas. O PT tem o presidente da República, dois senadores, um deputado federal, três deputados estaduais (dos quais um ex-prefeito do Recife eleito, reeleito e que fez o seu sucessor), e uma legenda com grife consolidada no eleitorado urbano.
Mas, apesar de todas essas credenciais, insiste surpreendentemente em se manter engessado na sucessão da capital, refém, à deriva, à espera da decisão de um só protagonista no jogo: João Campos. Haja dialética para entender essa estratégia, incomparavelmente infeliz nas últimas décadas!
A resolução da Comissão Executiva Nacional do PT, de 28 de setembro do ano passado, no seu item 4, indica que o partido tem até 15 de abril de 2024 para decidir se lança candidatura própria, ou se apoia postulações de outras legendas. Esse também é o prazo que o prefeito está trabalhando, naturalmente. E, certamente, como a expressão popular traduz nestas condições, para “cozinhar o galo” até onde for possível.
Se João Campos e o PSB decidirem entregar a postulação de candidatura a vice-prefeito na sua chapa favorita às eleições, o que é pouco provável, o PT crava sua condição de personagem secundário no Recife. Caso João Campos siga fielmente a sua estratégia de sair candidato a governador em 2026, tendência natural, o PT não será contemplado na chapa majoritária.
E aí está o efeito fatal da jogada “xeque-mate” que o prefeito está dando nos petistas. Em português claro: Inviabilizar, no tempo hábil, qualquer possibilidade de o PT lançar um candidato competitivo nas eleições, em função da dinâmica política e do calendário eleitoral.
A política não é para amadores!
Máxima macielista – O que corre nos bastidores é que João escolherá um vice da sua absoluta confiança, sem se submeter aos caprichos do PT. Se tiver aprendido como o pai, o ex-governador Eduardo Campos, evidentemente que irá tirar do bolso do seu colete o companheiro de chapa. Nomes dentro da sua equipe – e até fora também – não faltam. Como dizia Marco Maciel, João vai adotar a máxima de que quem tem prazo, não tem pressa.
Duelo sertanejo entre mulheres – Em Sertânia, a 320 km do Recife, pela primeira vez haverá um embate entre duas mulheres na sucessão do prefeito Ângelo Ferreira (PSB): a empresária Pollyanna Abreu (PSDB), candidata da oposição, apoiada pela governadora Raquel Lyra, e a vereadora Rita Rodrigues (PSB), já confirmada pelo prefeito. Sem um nome natural, Ângelo, estrategicamente e orientado por marqueteiros, resolveu optar por uma mulher ao ser alertado do poderio da adversária em pesquisas.
Vai recorrer? – Depois da derrota acachapante ontem no plenário do Tribunal de Contas do Estado, quando o recurso impetrado pelo prefeito João Campos (PSB) para manter servidores estaduais à disposição do município foi aprovado por 5 x 1, o que mais se comenta no mundo jurídico e político diz respeito à reação da governadora, se vai recorrer ou respeitar a deliberação. Se a alternativa for a primeira, Raquel atrairá para si a ira dos sete conselheiros do TCE.
Relator fala em arbitrariedade – “Discricionariedade não pode ser confundida com arbitrariedade”, disse o conselheiro Eduardo Porto, em seu relatório. O tema caiu nas mãos dele porque é o relator das contas da Secretaria de Administração (SAD), acionada na causa em questão. O plenário fez uma pequena alteração, dando também uma transição de 120 dias para outros 16 cargos de gerência da Prefeitura do Recife, além dos já contemplados na cautelar anteriormente deferida.
Algo a mais, além de avião de carreira? – Ainda em relação à sessão do TCE, ninguém entendeu o voto do conselheiro Carlos Neves, o único em favor da governadora Raquel Lyra. Em tempo: foi nomeado pelo ex-governador Paulo Câmara e antes de assumir o cargo vitalício trabalhou na coordenação das campanhas majoritárias do PSB. Por fim, seu embasamento jurídico em contraponto aos cinco votos em favor do recurso de João Campos não encontrou guarida em nenhum colega da corte.
CURTAS
MUITO ESTRANHO – O presidente Lula (PT), acredite se quiser, escolheu o advogado José Rodrigo Sade para assumir vaga no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. O jurista completará a turma que vai julgar o pedido de cassação do senador Sérgio Moro (União) no TRE-PR e, após sua nomeação, a data deste julgamento deverá ser marcada.
RESTRIÇÃO DE PODERES – O ex-ministro da Justiça e senador Flávio Dino (PSB-MA), que está prestes a assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), criticou, ontem, ações do Senado para restringir poderes da Corte. Segundo Dino, há “falsas soluções” sendo colocadas em debate, como a defesa do impeachment de ministros do STF.
TUPARETAMA – O deputado Waldemar Oliveira (Avante) confirmou, ontem, o vereador Danilo Augusto, de Tuparetama, como pré-candidato a prefeito pelo partido. Danilo está no terceiro mandato, foi presidente da Câmara por duas vezes e é apontado como o principal líder da oposição.
Perguntar não ofende: Depois do PDT indicar um secretário na gestão de Raquel, José e Wolney Queiroz viraram mudos?
Fonte : Blog do Magno Martins.
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