A governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos Foto: Hesíodo Góes/Divulgação
Com a chegada de mais um ano de eleições municipais, já se pode observar as movimentações para a disputa que serão realizadas em outubro. Conversas de bastidores e articulações entre políticos, lideranças políticas e partidárias do Estado estão ocorrendo a todo vapor. Diante desse cenário, muito se comenta sobre o encontro, no último dia 30 de janeiro, entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB-PE) e a governadora Raquel Lyra (PSDB-PE), no Palácio do Campo das Princesas. Os burburinhos em relação ao encontro se dão, principalmente, por eles estarem, neste momento, em campos políticos opostos.
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Para avaliar o peso e a importância do tão esperado encontro, o LeiaJá conversou com o cientista político Arthur Leandro. E com o especialista, entender os desdobramentos do encontro e quais serão os principais desafios enfrentados pela líder tucana e o gestor pessebista neste ano eleitoral.
Encontro de peso
Mesmo a gestão estadual afirmando que o principal assunto discutido no encontro foi a segurança durante os dias de Carnaval, Arthur afirma que a conversa entre as duas lideranças “sinaliza uma demonstração de civilidade em um momento em que a política no país ficou tão pouco civilizada”, e que embora seja um ano de disputa o “diálogo e o respeito, pelo menos do ponto de vista do reconhecimento dos adversários, devem continuar acontecendo”, ponderou.
“A gente tem a liderança de Pernambuco, a representante que é chefe do Executivo do Estado, com o chefe do Executivo municipal da capital desse Estado, às vésperas de um evento que é fundamental para a economia, para a imagem e para a identidade do povo pernambucano”, contextualiza.
De olho em 2026
Em termos de disputa, o estudioso acredita que a oposição entre as duas forças políticas é “circunstancial”. “Eles foram engendrados, digamos assim, dentro de forças políticas que estavam no mesmo campo. Então não existe nenhuma oposição inconciliável entre os dois. O que existe, na verdade, é a disputa pela hegemonia no Estado, na qual estão de olho em 2026”, observa o estudioso.
Se a família Campos já cria estratégias para voltar ao comando do Palácio do Campo das Princesas e conduzir o PSB ao protagonismo do cenário político pernambucano, Raquel luta para alcançar a sua reeleição em meio a uma crise com o Legislativo e, assim, fazer a manutenção do seu projeto de governo, reforça o cientista político.
Desafios internos com o PSDB
“A governadora sabe que tem pouco espaço dentro do PSDB. O seu principal opositor, Álvaro Porto, também está no seu partido hoje, então ela tem a consciência de que a sua reeleição é fundamental para a manutenção de qualquer projeto político. Raquel se sente hoje fragilizada pela dificuldade de liderar o PSDB. Já se especula até sobre qual força abrigaria a governadora”, comenta.
Vale ressaltar que a líder tucana, que hoje enfrenta embates na sua atual legenda, deu seus primeiros passos políticos no PSB. Pela sigla socialista, Raquel conseguiu ser duas vezes eleita deputada estadual e assumir, em 2011, a Secretaria da Criança e da Juventude da gestão do então governador Eduardo Campos, pai de João.
Nos bastidores políticos, a crise entre a ex-PSB e o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB-PE), é vista como um empecilho para a atuação de Raquel nas disputas municipais, entre elas, a do Recife, cidade em que 81% da população aprova o trabalho desenvolvido pelo prefeito João Campos, de acordo com um levantamento divulgado no início de janeiro pelo AtlasIntel. No entanto, Arthur Leandro analisa que os grupos políticos da líder tucana e do gestor pessebista tendem a se unir e criarem estratégias para as eleições 2024.
“Apoiadores e políticos ligados as duas forças, tanto a Raquel como a João Campos, devem se articular e fazer alianças. No estado, eles sabem disso e provavelmente não criarão maiores obstáculos depois de verificar as condições locais em que cada disputa vai acontecer”, avalia Arthur Leandro que acredita que, nesse sentido, o encontro das duas lideranças, realizado no dia 17 do mês passado, “sinalizou que cada disputa municipal vai ser considerada e avaliada dentro das suas particularidades”.
Mesmo tendo o PSB, partido de João, na base do seu governo, o presidente Lula (PT) afirmou, em entrevista à CBN Recife, que deseja conversar com o prefeito da capital e com Raquel Lyra sobre política. O objetivo do mandatário é preservar a relação com as principais lideranças de Pernambuco.
Fator Lula
“Eu já disse para o João Campos: eu vou convidar você para Brasília para falar sobre os projetos políticos daqui pra frente e também a governadora. Eu quero falar com a governadora sobre política”, disse o presidente na entrevista realizada no último dia 30 de janeiro.
No entanto, ao ser questionado sobre a possibilidade de, em 2026, subir em dois palanques em Pernambuco, Lula pontuou que “nunca mais deve repetir” um duplo apoio, como fez em 2006 quando auxiliou na campanha do senador Humberto Costa (PT) e do ex-governador Eduardo Campos (PSB), que protagonizaram a disputa pelo Palácio do Campo das Princesas no segundo turno.
Fonte: Leia Já.
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