sábado, 21 de novembro de 2020

No calcanhar de João

 

No primeiro debate na TV,  promovido na noite de ontem pela Clube, afiliada da Record, João Campos e Marília Arraes fizeram um confronto quente, com acusações mútuas. Sob mediação da jornalista Isly Viana, a temperatura se  eleviu até as considerações finais. A candidata do PT provocou o primo sobre a pouca idade para comandar uma cidade da dimensão do Recife, que exige, naturalmente, certa experiência de vida, algo que nitidamente falta a João, de apenas 26 anos. 

Durante toda campanha, este foi o calcanhar de Aquiles do socialista. “Prefeitura não é pirulito para estar dando de presente para um menino, para estar entregando de bandeja", cutucou a petista. Este momento, um verdadeiro nocaute, viralizou nas redes sociais.

Estranhamente, a TV Clube concedeu direito de resposta, mesmo sem Marília citar diretamente o adversário. Marília também abordou o uso que a Prefeitura do Recife fez de recursos destinados pelo Governo Federal para enfrentamento à pandemia. Houve diversas irregularidades apontadas e seis operações da Polícia Federal na administração do prefeito Geraldo Júlio, correligionário de João, que tenta dar continuidade ao que aí está.

"Durante a pandemia, os gastos foram alvos de investigação. Foi respirador de porco, superfaturamento de cesta básica, sendo distribuída com bicho, feijão que não cozinha. Tudo isso é muito grave. Mas teve algo que me preocupou bastante: uma conversa que a Polícia Federal pegou e divulgou entre dois secretários: um dizia para analisar com carinho o relatório de testagem em porcos e ainda botava uma risadinha. Acho que isso é uma falta de respeito com as pessoas", lembrou Marília.

Em contrapartida, João bateu no PT e falou em tom crítico por diversas vezes sobre a atuação parlamentar de Marília. “Quem conhece a candidata e conhece o que ela fez de entrega para a cidade do Recife, seja nos dez anos como vereadora ou no um ano e meio como deputada, sabe que, quando é colocado um desafio, ela não entrega resultado”, acusou.

Como disse algumas vezes, não tenho costume de apontar um vencedor em debates, até porque é sempre difícil detectar em discussões como estas. João até evoluiu em relação à sabatina anterior, feita na Rádio Jornal, onde recorreu diversas vezes a anotações em papel. O bom desempenho de Marília, contudo, saltou aos olhos mais uma vez e é sério motivo de preocupação para a candidatura adversária.

Na canela – No Rio, os candidatos a prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que é o atual prefeito e busca a reeleição, e Eduardo Paes (DEM), que governou o município de 2009 a 2016, trocaram acusações durante o debate realizado pela TV Bandeirantes. Paes chamou Crivella de “pai da mentira” e o comparou ao governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), alvo de um processo de impeachment. Crivella disse que Paes não gosta de mulher e referiu-se ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB) como “pai” do candidato do DEM. Em meio às acusações, sobrou pouco tempo para propostas de governo.

Parafuseta – O Tribunal Superior Eleitoral precisa ter alguém que entende de tecnologia, tenha ampla capacidade de explicar de forma simples o digital, e leve consigo carta branca para dar respostas em público, via imprensa e redes sociais, no período das eleições. O voto eletrônico é uma conquista importante demais da democracia brasileira e tem gente que quer abalar sua credibilidade. No domingo, o ataque parece ter sido sincronizado. Foi também de baixa eficácia. Ótimo. Mas o TSE não ajudou. O ministro Luís Roberto Barroso deu explicações, ao longo no domingo, que lembravam um mecânico falando de rebimboca da parafuseta. Não faziam muito sentido.

Deu errado – Lula não foi eleito em São Domingos (MA). Jair Bolsonaro foi derrotado em Laranjal do Jari (AP). Tanto os candidatos que usaram o nome do ex-presidente quanto aqueles que adotaram o sobrenome do atual chefe do Executivo nas urnas não tiveram o sucesso que esperavam nas eleições municipais de 2020. Dos 26 postulantes filiados ao PT que se identificaram com o nome do ex-presidente Lula, apenas dois foram bem-sucedidos. 

Deu certo – Lula do Doce se elegeu vereador por Itaíba (PE), com 483 votos. Lula do Assentamento conquistou uma cadeira na Câmara Municipal de Alto Alegre (RO), com 166 votos. Entre os derrotados está Thamara Lula da Silva, que recebeu apenas 16 votos em Taquaritinga (SP), e Steve Melo Lula Livre da Silva, candidato escolhido por apenas 18 sapeaçuenses, do município de Sapeaçu (BA).

CURTAS 

RESSENTIMENTO – Membros do PSB responsabilizam o ex-presidente Lula por patrocinar a candidatura de Marília no Recife contra o filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, falecido num acidente de avião em 2014. A cúpula do PSB se reuniu em Brasília. Segundo relato do jornalista Gerson Camarotti, o encontro foi marcado por um clima de ressentimento com o PT e, especialmente, com Lula.

ACORDO – Em 2018, o PSB optou por não apoiar a candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, para fechar uma aliança com o PT. Os socialistas apoiaram a candidatura do petista Fernando Haddad e fecharam aliança em Pernambuco para a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB) e do senador Humberto Costa (PT).

Perguntar não ofende: Além de Carlinhos Bala, quem o PSB está usando para panfletar fake news contra Marília?

Fonte: Blog do Magno Martins.


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