terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Quem é Mirella Almeida, a aposta de Lupércio em Olinda para as eleições 2024

Jovem de 29 anos se prepara para maior batalha da sua vida pública, em Olinda

Jovem de 29 anos se prepara para maior batalha da sua vida pública, em Olinda - Olinda/Divulgação

Nas eleições de Olinda, o até então desconhecido Beco da Marinete ganhou fama instantânea nos debates municipais quando foi citado pelo então candidato Lupércio Nascimento, em uma tentativa de usar o nome do local para mostrar que os adversários não conheciam Olinda. Eleito e reeleito prefeito de Olinda, o professor Lupércio escolheu uma jovem de 29 anos, de 1,80 metro de altura, Mirella Almeida, que sonhava ser jogadora de vôlei, para bloquear os adversários e substituí-lo no cargo.

Apesar de ser casada hoje com um sobrinho de Lupercio, o vereador Felipe Nascimento, Mirella corta logo qualquer acusação de continuísmo ou familísmo. "Não se trata de continuidade. Os adversários querem associar o fato de ser casada com Felipe, mas eu estava na guerra antes de ser casada com ele. Eu conheci Lupércio há 15 anos, além disto, sou competente e tenho entregas na cidade", rebate, de pronto.

                                                                                 Publicidade    

     

"Conquistei a confiança de Lupércio muito mais do que qualquer laço familiar. Atribuo minha indicação pela minha passagem na secretaria de Finanças. Tem que ser honesto para ser secretário de Fazenda, considerando as desordens que muitos querem promover, baseados no dinheiro da população. Conquistei (Lupércio) aí", declara, em entrevista exclusiva ao blog de Jamildo.

Mirella conta que, na Fazenda, ajudou a atrair vários grupos de varejo para a cidade, despertando a atenção do prefeito, que a indicou na sequência para a pasta de Desenvolvimento Econômico. "Olinda é uma cidade populosa, mas com um orçamento precário. Tivemos ousadia porque podíamos não ter feito metade do que se fez".

Com Belchior

Como exemplo, a aliada de Lupércio cita a entrega da avenida Presidente Kennedy com recursos próprios. "O prefeito me perguntava, além de pagar conta, qual o valor que poderiamos ter. Meu trabalho inicial era fazer uma previsão do que teria para gastar, anualmente. Depois que desenvolvi uma política para os empreendedores, lidando com os supermercadistas grandes, Lupércio disse que eu iria ajudá-lo muito indo para desenvolvimento econômico. Entrei desacreditada na Fazenda, e sai de lá cantando Belchior na confraternização com os auditores", afirma, sugerindo que vai surpreender os mais céticos.

Alérgica à pimenta, a jovem diz que não teme os embates por vir. "A cidade de Olinda quer pessoas novas, não pessoas que já passaram por aqui. Elas vão poder escolher quem já esta entregando. O que é uma proposta boa? entregas. E nós tivemos poucos recursos, mas muita ousadia. Não tem bom que não possa melhorar. O lema vai ser manter o que já está certo e fazer o que precisa melhorar, em busca de uma cidade mais moderna e mais forte. O debate não vai ser se fulano foi deputado ou o que. Isto serve em que, na vida do povo?", diz

"Tem muitos nomes postos (na disputa), mas nosso diferencial é fazer parte do fortalecimento da cidade, na gestão Lupércio. Não vamos entrar em baixaria e picuinha, não se viabiliza políticas públicas assim. Quem dispuser de tempo para isto, que faça (pela oposição), eu não tenho tempo para isto"

Na oposição, o PSB já escalou a deputada estadual Gleide Ângelo para disputar a prefeitura. Com a fama de deputada mais votada do Estado, Gleide Ângelo já foi delegada de Rio Doce, no começo de sua carreira na Polícia Civil. Sem citar o nome da futura adversária, Mirella conta que conhece bem a realidade da cidade.

"Eu fui criada em Rio Doce e conheço a realidade do tráfico nestas comunidades mais carentes. Perdi amigos de escola ao longo dos anos. Sei a importância de se desenvolver políticas públicas de inclusão para a juventude. Rio Doce era e é uma área perigosa e eu agradeço à minha mãe ter me inscrito nos projetos da Vila Olímpica, que era como uma escola integral da época (mantendo os jovens longe das drogas)", observa.

Antes de se formar em marketing e gestão pública na UPE, a menina pobre estudou como bolsista na Academia Universo, de Rio Doce. "Antes de trabalhar na campanha de Lupércio para deputado e trabalhar na Alepe, eu vendia trufas para sobreviver e estudar. Sempre fui uma guerreira, como minha mãe, que trabalhou no chão de fábrica da antiga Philips, no Curado" Hoje, Mirella faz o quinto período de Direito.

Olinda/Divulgação
Mirella Almeida passou pela secretaria de gestão, Fazenda e depois Desenvolvimento Econômico, ao lado do prefeito Lupércio - Olinda/Divulgação

Na área de segurança, ela conta que ajudou a formatar a PPP da iluminação pública e a ampliação da guarda municipal por meio de concurso. "A PPP da iluminação é uma grande plano, do ponto de vista social e econômico. Há pequenos polos de comércio que não ficam abertos depois das 17 horas por falta de iluminação. As pessoas poderão retomar seus empreendimentos, como Caixa Dágua, os bairros poderão voltar a crescer. No caso da guarda, muitos estão se aposentando e vamos repor"

Com a ajuda do movimento Inspire, a candidata deve ir conhecer a experiência de Medellin, que se desenvolveu apostando em educação e inclusão social. "Um dos eixos foi justamente mais iluminação pública", diz. "Aqui, Olinda estava lá embaixo na educação e hoje é o segundo lugar no Ideb. Com a busca ativa, tivemos 80% de vagas nas escolas e todas as creches climatizadas. Não havia uma escola integral e agora temos dez delas. Nosso objetivo é a ampliação da educação inclusiva e ter mais vagas nas creches"

Andando de ônibus

Tendo andado de CDU Vázea, para chegar no primeiro estágio, aos 16 anos, na Federal, a jovem lembra ainda hoje do primeiro salário, usado para dividir com o então namorado um espetinho nas cercanias do Bompreço de Casa Caiada. "O carro dele ficou no caminho, sem gasolina, mas andar de ônibus a vida toda me ensinou a ter empatia, que eu busco ensinar ao meu filho, de 4 anos, na escola e na vida"

Caso obtenha sucesso na empreitada, nas eleições de 2024, Mirella Almeida conta que planeja transformar o mercado Eufrásio Barbosa em uma espécie de porto digital, com incentivos fiscais. "Como não temos áreas para indústrias, temos que potencializar o que já temos consolidado. São mais de 35 mil microempreendedores e podemos ampliar estes serviços com o Hub de inovação, quem sabe não temos uma extensão do Porto Digital para cá?"

A luta por igualdade deve ser outra bandeira da jovem olindense. No governo, com a ajuda da OAB, distribuiu cartilhas anti-racistas nas escolas. "Infelizmente, a sociedade é racista. Eu vive isto na pele, andando de ônibus. Quando entrava um negro, as pessoas escondiam o celular (com medo de assalto), relembra.

Como secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mirella Almeida conta que destacou-se ajudando a organizar a chamada Feira do Bem, organizadas por mães atípicas que comercializavam bens e produtos para desenvolvimento infantil, em especial autistas. 'Fechamos com as escolas um kit pedagógico para estantes autistas, por exemplo. 70% das expositoras são empreendedoras, e com as feiras regulares e itinerantes elas elevaram o faturamento e a autoestima", lembra.

"Com 20 anos de idade, em 2017, eu já fazia política e estava na rua. Eu me espelho na luta de minha mãe e minha tia para criar a mim e minha irmã. Criar políticas públicas para as mães trabalhadoras não é favor. Como na vida, nesta campanha, não saberei pegar um serviço pela metade. Se fosse assim, preferiria nem encarar", promete.

Fonte: Blog de Jamildo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário