sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Sem mandato, sem sucessor

 


O governador Paulo Câmara queria ser candidato a senador e convencer o PSB a apoiar a candidatura de Humberto Costa, pelo PT, mas não conseguiu dobrar as principais lideranças socialistas. Contou apenas com o apoio do ex-presidente Lula por razões óbvias. Vai ficar, portanto, até o fim da sua gestão, entrando em 2023 na fase mais difícil da sua vida pública, a condição de político sem mandato.

É o sereno que nenhum homem público deseja. Joaquim Francisco, de quem fui secretário de Imprensa, dizia que político sem mandato é obrigado a cortar o capim que cresce no quintal da sua casa porque não aparece mais nenhum assecla ou bajulador para tal missão. O que não consigo entender é algo muito simples: como Paulo Câmara aceita ficar sem mandato sem o direito de eleger o seu sucessor?

Com José Neto, seu nome preferencial, caso viesse a ser eleito, teria uma espécie de compartilhamento de poder. Com Danilo Cabral, alternativa que se especula já certa pelo PSB para disputar o Palácio em nome da Frente Popular, Paulo Câmara não teria ou terá, se ele também vier a ser eleito, o mesmo trânsito, a mesma liberdade e o mesmo poder de influência na futura gestão. Até porque ficará a versão de que não foi ele que escolheu Danilo, mas o clã Campos.

O governador tende a entrar no ostracismo, portanto, sem ter o direito de fazer o nome de sua preferência. Se Geraldo Júlio, apontado como o candidato natural, abdicou da disputa, Câmara, para um bom entendedor, ficou livre para fazer o seu sucessor, mas tende a não ter esse direito, aceitando Danilo. Mesmo que tenha proximidade com Danilo, tendo sido seu chefe de gabinete na Câmara de Vereadores do Recife, conforme informei ontem, Zé Neto candidato estaria ungido pela força política e escolha pessoal dele, como fez Eduardo Campos quando escolheu o próprio Câmara, há oito anos, para disputar a sua sucessão.

Pela primeira vez se assiste em Pernambuco um governador de dois mandatos ficar desempregado, obrigado a bater ponto como auditor no Tribunal de Contas, sua casa de origem, no futuro, porque não teve o direito legítimo de escolher o seu sucessor. 

Puxão de orelha - Postagem, ontem, do repórter e colunista do sabadão deste Blog, o eclético Houldine Nascimento, extraída de uma entrevista do ex-presidente Lula, deixou os socialistas com os nervos à flor da pele. Tudo porque o petista deu um chega pra lá na cacicada do PSB pernambucano. "Embora o PSB tenha direito em Pernambuco de indicar o candidato a governador, não pode tratar o PT de forma pequena. É apenas isso que está em jogo e Humberto Costa é muito fiel na sua relação com o PSB", desabafou. Por Lula, o candidato seria Humberto e Paulo Câmara disputaria o Senado. 

É o senador? - O deputado André de Paula, presidente estadual do PSD, já se considera o candidato a senador escolhido na chapa da Frente Popular. Deve ter muita força com Lula, porque sem direito de bancar a candidatura de Humberto, o que se esperava é que o PT exigisse em contrapartida a vaga de senador, até porque espaço de vice-governador não interessa em absoluto a Lula. O que o ex-presidente quer é, já se achando eleito de véspera, contar com o maior número possível de candidatos a senador do PT nos Estados.

O benfeitor - Para irritar a prefeita Raquel Lyra (PSDB), o deputado estadual José Queiroz (PDT), que já sonha acordado em disputar a Prefeitura de Caruaru em 2024, espalhou uma penca de outdoors na BR-232 e na própria capital do forró, com uma mensagem sugerindo que foi o grande renovador das políticas públicas do município. Que, acima dele, só Deus. 

A pauleira do neto - De Mário Covas Neto, neto do ex-governador paulista Mário Covas: "O que não entendo é a posição de Geraldo Alckmin. Não ganha nada com isso. Pelo contrário. Ficará marcado como alguém rancoroso, que faz qualquer aliança para poder derrotar o governador João Doria, como alguém que deu as costas ao seu eleitor tucano, ou alguém que lamentavelmente não fez da coerência seu norte político. E, por essas razões, a meu ver, Alckmin está absolutamente equivocado." 

O rebelde Ciro - Na convenção do PDT que oficializará sua pré-candidatura ao Planalto, hoje, em Brasília, o ex-ministro Ciro Gomes dirá que é necessário ser rebelde para enfrentar o desgoverno de Jair Bolsonaro, lutar contra quem não aceita a ciência e para mudar o quadro de polarização entre o atual inquilino do Palácio do Planalto e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Criado pelo publicitário João Santana, o slogan “A rebeldia da esperança” já vem sendo criticado no mercado da política por lembrar o livro "A audácia da esperança", do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. 

CURTAS

REBU JURÍDICO - A OAB investiga a conduta do advogado Rafael Nunes, envolvido na defesa de Marcelo da Silva, suspeito de assassinar a facadas a menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em Petrolina, no Sertão. A advogada que estava na defesa antes, Niedja Mônica da Silva, entrou com uma representação na entidade alegando que o cliente foi "coagido" a destituí-la do caso.

ESTRANHO RECUO - Por falar no caso da garota Beatriz, o que ninguém está entendendo é a nova conduta da mãe Lucinha, que passou a confiar cegamente na versão de que foi de fato o presidiário Marcelo da Silva que matou a sua filha. O que leva uma pessoa a tirar a vida de uma criança de apenas 7 anos só porque ela se assustou diante dele? Essa foi a motivação? 

Perguntar não ofende: Para o PT, Alckmin deixou de ser chuchu depois de virar palatável aos olhos de Lula como vice? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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