terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Rebelo desmoraliza Lula e o STF

Extremamente corajosa, lúcida e oportuna a visão do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, histórico comunista, sobre o lamentável episódio do 8 de janeiro de 2023 no País, lembrado ontem num ato no Congresso, criado pelo presidente Lula, em defesa da democracia.

“Trata-se de uma “fantasia” entoada por Lula e seus seguidores para manter viva a chama da polarização política e dar tração a uma aliança entre o Executivo e o Judiciário para se contrapor ao Legislativo”, disse Rebelo, em entrevista ao site Poder 360. Ele abriu o coração com a autoridade e a experiência de ter militado por muitos anos ao lado do presidente da República e das principais lideranças de esquerda.

Rebelo foi deputado federal por cinco mandatos, presidente da Câmara dos Deputados (2005-2007), e ministro de quatro pastas diferentes nos governos petistas: Coordenação Política (2004-2005), Esporte (2011-2015), Ciência e Tecnologia (2015) e Defesa (2015-2016). Há poucos políticos com um histórico tão completo e respeitado quanto ele.

“Faz bem à polarização atribuir ao antigo governo a tentativa de dar um golpe. Criou-se uma fantasia para legitimar esse sentimento que tem norteado a política nos últimos anos. É óbvio que aquela baderna foi um ato irresponsável e precisa de punição exemplar para os envolvidos. Mas atribuir uma tentativa de golpe a aquele bando de baderneiros é uma desmoralização da instituição do golpe de Estado”, disse o ex-ministro.

Rebelo comparou os ataques de 8 de Janeiro ao movimento do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-terra), uma dissidência do MST, que em 6 de junho de 2006 invadiu a Câmara dos Deputados, depredou parte do patrimônio e deixou 24 pessoas feridas, sendo uma em estado grave. “Eles levaram um segurança para a UTI, derrubaram um busto do Mário Covas. Eu dei voz de prisão a todos. A polícia os recolheu e eu tratei como eles de fato eram: baderneiros. Não foi uma tentativa de golpe. E o que houve em 8 de Janeiro é o mesmo”, comparou. Na época, Aldo era o presidente da Câmara dos Deputados.

Outro propósito – Ainda segundo a visão do ex-ministro e ex-presidente da Câmara, a ideia de que Lula e as ações do STF (Supremo Tribunal Federal) salvaram a democracia servem a um outro propósito. “Ambos enfrentam dificuldades no Legislativo. Lula teve dificuldade em aprovar pautas de seu interesse em 2023 e viu um número robusto de vetos serem derrubados. O Judiciário, por outro lado, lida com projetos de lei que visam diminuir o seu poder”, avalia.

Aliança com o Judiciário – Para Aldo Rebelo, atribuir ao STF a responsabilidade de protetor da democracia é dar à Corte uma função que ela não tem nem de forma institucional, nem política. “Isso atende às necessidades do momento. Há uma aliança do Executivo e do Judiciário em contraponto ao Legislativo, onde o Executivo não conseguiu ter maioria. É uma compensação”, afirmou.

Batendo na mesma tecla – Mas na sua fala, ontem, no ato no Congresso, o presidente Lula insistiu que houve intenção de golpe. “Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu País e contra o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade. E a impunidade, como salvo-conduto para novos atos terroristas”, afirmou.

Razão das ausências – Os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) ficaram de fora da cerimônia em Brasília para marcar o primeiro ano do quebra-quebra em 8 de janeiro de 2023. Tarcísio alegou uma viagem à Europa. Zema até pareceu que ia, mas foi convencido por integrantes do Partido Novo a mudar de ideia. Caiado disse que tinha um check-up. Na verdade, não faria sentido que os potenciais candidatos da direita à Presidência da República fossem fazer número para o adversário da esquerda que enfrentarão em 2026.

Reação de Caiado – A entrevista que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), concedeu, ontem, com exclusividade à Folha de Pernambuco, repostada neste blog, na qual ele assumiu sua pré-candidatura ao Planalto, repercutiu com tamanha intensidade que o próprio Caiado, impressionado, fez questão de me passar uma mensagem. “Caro Magno, agradeço a publicação da minha entrevista, ao mesmo tempo informo que repercutiu de Norte a Sul do País, graças a sua credibilidade como jornalista”.

CURTAS

NO RECIFE – Os movimentos sociais promoveram, ontem, no Recife, uma manifestação para marcar um ano das invasões às sedes dos Três Poderes. Aconteceu entre as 10h e as 11h30, em frente ao Monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, bairro da Boa Vista, área central da cidade.

REPERCUSSÃO 1– Com exceção de Joãozinho Tenório, vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, nenhum aliado da governadora Raquel Lyra (PSDB) abriu o bico para comentar a pesquisa do Atlas Intel, na qual a tucana aparece como a pior do País, superando o até então campeão em rejeição Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro.

REPERCUSSÃO 2 – Mas Joãozinho, em entrevista ao Frente a Frente de ontem, partiu para um discurso de desqualificação da metodologia do instituto, mas não soube explicar por que também em outra pesquisa, a do Veritá, em outubro do ano passado, Raquel também é lanterninha.

Perguntar não ofende: Por que os aliados de Raquel não quiseram comentar o troféu dela de lanterninha na pesquisa do Atlas Intel?

Fonte : Blog do Magno Martins.

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