segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

PT traça planos para a disputa eleitoral no Rio e em São Paulo

 Boulos aparece com Marta na sacada do apartamento após almoço para discutir uma possível chapa para a eleição de outubro - (crédito: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alinhavou, em reunião no Palácio do Planalto, na segunda-feira, o retorno de Marta Suplicy à legenda, para que ela componha a chapa que concorrerá à prefeitura de São Paulo este ano como vice do deputado federal e pré-candidato Guilherme Boulos (PSol). A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é outra que vai se filiar ao PT, ainda sem data marcada, mas com a previsão de que ocorra ainda no primeiro semestre. A estratégia está montada para que ela concorra como vice de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro.

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Após uma eleição marcada pela polarização dos eleitores entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula, em 2022, o pleito municipal que ocorre este ano promete ser marcado pela mesma dicotomia. Ainda que a sigla do presidente esteja de olho na conquista de prefeituras, o caminho parece ter sido dificultado pelos eleitores mais alinhados a Bolsonaro. Em 2023, pelo menos 51 prefeitos, por meio da migração partidária, foram para o PT, saindo de um total de 183 eleitos em 2020 para atuais 234 gestores municipais.

Lula, que deve viajar o país emprestando seu capital político aos candidatos municipais, reconheceu a dificuldade na convenção petista do fim do ano passado, em que questionou se o partido está "falando aquilo que o povo quer ouvir". "Será que estamos convencendo o povo brasileiro das nossas verdades?", disse o presidente.

Na ocasião, ele ainda reconheceu que será necessário buscar uma aproximação com grupos que deixaram de se identificar com a legenda, em especial com setores cativos dos bolsonaristas: evangélicos e o agronegócio.

Na última eleição municipal, o PT conseguiu eleger 183 prefeitos, em seu pior desempenho desde 2000, perdendo 71 prefeituras em comparação com o pleito anterior, em 2016. A busca do partido por um assento como vice em duas das cidades mais estratégicas demonstra que o partido já trabalha com a polarização que o inelegível Bolsonaro, como cabo eleitoral, deverá imprimir à disputa.

Para o cientista político André César, a disputa em São Paulo será uma "grande vitrine da eleição municipal e que vai, claro, repercutir na eleição nacional em 2026". "Então, nesse sentido, com uma vitória em São Paulo, o PT pode perder muita coisa pelo país, mas ganhando com essa chapa Boulos-Marta será algo muito forte, muito importante. O partido vai ter muito espaço, vai ser uma vitória do governo Lula. O avanço nessa chapa vai ser muito importante", opina o especialista. "As eleições municipais estão dadas. O que temos já é uma disputa nacional do lulismo e do bolsonarismo", afirma o cientista político. 

A aposta em Marta é motivada pela extensa história junto ao PT. Por um lado, Marta, que esteve no partido por 33 anos, foi prefeita da capital paulista e ministra nos governos de Lula e de Dilma Rousseff. Por outro, como senadora do MDB, após se desfiliar do PT em 2015, foi favorável ao impeachment de Dilma e no auge da Operação Lava-Jato chegou a afirmar que a legenda protagonizou "um dos maiores escândalos de corrupção da nação brasileira".

A ex-prefeita de São Paulo deixou seu cargo como secretária de Relações Internacionais da gestão do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), em meio a um desgaste político, uma vez que o acerto com Lula foi comunicado a Nunes somente depois. A saída foi justificada pela aproximação do prefeito ao bolsonarismo, tendo em vista que o PL — com Bolsonaro e o presidente da legenda Valdemar Costa Neto — apoia a reeleição do emedebista.

Parlamentares garantem também que a escolha do presidente Lula para compor a chapa com Boulos desagrada uma ala do PT, justamente pela sua participação na derrocada do governo Dilma. "Marta é uma figura polêmica, mas está voltando ao PT. Claro que ela participou como senadora do MDB no processo de afastamento da Dilma e votou a favor, mesmo assim ela tem uma história com o petismo, como prefeita, então o nome dela é importante. E não vai ser fácil essa disputa, ela sabe disso. Vão 'bater' nela, o PT, o Psol, os aliados, sabem disso. Só que ela é uma figura que tem carisma", analisa César, que vislumbra que há uma "grande chance de vitória da chapa".

O PT discute se a filiação de Marta Suplicy será um megaevento, em fevereiro, e a presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), deverá tratar da questão com a própria nos próximos dias. A ideia é que o evento sirva como o início da chapa Boulos-Marta. Uma das datas consideradas seria 10 de fevereiro, quando a legenda completa 44 anos.

Fonte: Correio Braziliense.

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