Pelo menos no Recife, palco das eleições mais acirradas dos últimos anos, o furacão pré-eleitoral já está tomando forma. Mas é preciso entender como está se dando a movimentação nos bastidores. Partidos e forças políticas se movimentam freneticamente. Chama atenção, por exemplo, a relação PT e PSB, partidos do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, respectivamente.
O prefeito João Campos (PSB), que vai à reeleição pensando em consolidar sua liderança na tentativa de dar o salto para governador em 2026, ainda não deu um pio sobre a composição da sua chapa, em 2020 formada com o PDT na vice. Segundo interlocutores, suas conversas com os partidos aliados ainda não começaram, especialmente o PT, que sonha com a vice.
O que se ouve nos bastidores é que ele não abrirá mão da escolha de um nome da sua absoluta confiança para vice. Tudo, claro, para manter total controle sob o governo municipal, caso seja reeleito e venha a disputar a sucessão de Raquel Lyra, dois anos depois. No PT, por sua vez, se especula a possibilidade de uma candidatura própria, caso não prospere a aliança PSB-PT.
Já se fala no nome da senadora Teresa Leitão liderando uma frente de esquerda para levar o PT de volta à Prefeitura do Recife. Quem circula pelos bastidores da política pernambucana sente o aroma da guerra entre PSB e PT, mais uma vez. Grande cabo eleitoral em Pernambuco, Lula não vai estrilar com a disputa. Ao contrário, pode tirar proveito, porque todos estão no seu guarda-chuva.
Por isso, o presidente tem tratado com o maior carinho a governadora Raquel Lyra, principal liderança do PSDB no Estado. A tucana tem retribuído com flores e confetes, com rasgados elogios em público ao tratamento de quase aliada. Fala-se que ela pretende lançar Daniel Coelho (Cidadania) ou Túlio Gadelha (Rede), para mexer mais no caldeirão da disputa municipal, levando a eleição para o segundo turno.
Dentre os pré-candidatos, Teresa Leitão, recém-eleita para o Senado, é quem pode melhor representar Lula no pleito, caso o PSB não queira abrir mão da vice. Assim, tem chances de ganhar apoios expressivos, como o da ex-deputada Marília Arraes (SD), ainda sem uma relação política com os Campos, e da líder da oposição na Assembleia, Dani Portela (Psol), com quem tem proximidade política e pessoal.
Não foi por acaso, aliás, que a senadora interrompeu o seu descanso com familiares para ir a Brasília presenciar o presidente Lula destinar R$ 1,7 bilhão para a governadora Raquel Lyra realizar suas obras no Estado. Para a solenidade, mesmo sendo torcedora do Sport, a senadora petista levou uma camisa do Central, principal clube de Caruaru.
Foi interpretado como um mimo para a governadora, demonstrando que quer amizade e está de olho nos votos de Raquel Lyra num provável segundo turno na capital pernambucana. Os atletas do jogo eleitoral estão apenas no aquecimento no maior colégio eleitoral do Estado, uma vitrine nacional.
Priscila de fora – Nos bastidores, o que rola também é que a governadora não irá estimular em nenhum estágio pré-eleitoral a imaginada candidatura da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) à Prefeitura do Recife. Seus planos para a aliada são outros. Caso Raquel venha a ser reeleita em 2026, Priscila seria mantida na chapa e preparada como candidata ao Governo do Estado ao final do segundo mandato da tucana.
Janela bolsonarista – No tabuleiro de 2024, Raquel terá também que abrir uma janela para o bolsonarismo em razão da relação, hoje bem próxima, com o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, a quem deu cargos no seu governo, entre os quais o Detran, de porteira fechada, diga-se de passagem. Os bolsonaristas têm duas alternativas para disputar a Prefeitura do Recife: André Ferreira, irmão de Anderson, o federal mais votado na eleição passada, e o ex-ministro Gilson Machado.
Fatia do PP – Presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) garante que, mesmo que aliados venham a ocupar cargos, o partido não ficará, oficialmente, na base do Governo Lula. Em Brasília é dada como certo o partido abocanhar o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Sairia Wellington Dias (que é senador eleito pelo PT do Piauí e reassume seu cargo no Congresso) e entraria o deputado federal André Fufuca (PP-MA), que é do Centrão.
Intrigas palacianas – Em entrevista ao jornal O Globo, o todo poderoso ministro da Casa Civil, Rui Costa, falou abertamente sobre as intrigas palacianas. “Eu não nego que eventualmente tem fogo amigo, gente que planta notícias”, disse, sem dar nome aos bois. Segundo ele, existia um completo vazio de governança de gestão do Executivo, espaço ocupado agora por muitos outros atores institucionais. “Na medida em que o governo passa a existir, a ocupar o seu devido lugar, as coisas vão se acomodando”, afirmou.
Pé da estrada – Embora se ventile que Marília Arraes possa entrar na disputa pela Prefeitura de Olinda, na prática ela não dá demonstração nem revela entusiasmo pelo projeto. Nos últimos dias, na condição de principal liderança do Solidariedade, partido pelo qual disputou o Governo de Pernambuco, Marília tem percorrido o Estado para instalar diretórios e atrair novas lideranças. No último fim de semana, por exemplo, foi a um casamento em Flores e, de lá, seguiu para prestigiar a Expoagro, uma espécie de pós festa junina em Afogados da Ingazeira.
CURTAS
FESTIVAL GOSPEL – O prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), comemorou ontem o sucesso do Festival Gospel, promoção da Secretaria Municipal de Cultura, que atraiu uma multidão e se estende até o próximo sábado, com atrações como Nani Azevedo, Gabriel Guedes e Juliano Son.
FESTIVAL DE INVERNO – O evento que traz mais preocupação a Sivaldo é o FIG – Festival de Inverno de Garanhuns. Começa no próximo dia 21 e vai até o dia 30, mas sem grandes expectativas de sucesso, como nos anos anteriores. Tudo porque o Governo do Estado interferiu e montou uma grade artística bem fraquinha.
Perguntar não ofende: Depois do ministro José Múcio anunciar uma extensão do ITA para o Ceará, a governadora vai tomar gosto pela Escola de Sargentos?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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