segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Moro tem que mirar Lula

 


Se for bem orientado - não sei até o momento quem é o seu marqueteiro - o ex-juiz Sérgio Moro, pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, escolheria Lula agora e no curso da campanha para o debate na tentativa de quebrar a polarização que se observa hoje entre o petista e Bolsonaro.

Ofereceria ao País o notável confronto do algoz contra o réu, do carrasco frente à "alma mais honesta do planeta Brasil". Visto como a única alternativa de terceira via com chances de quebrar a polarização Lula x Bolsonaro, Moro tem se revelado uma águia no raciocínio da resistência dialética no campo político. Quando atacado, especialmente por Lula, responde com inteligência. 

Lula e os petistas insinuam que Moro trabalhou para uma empresa nos Estados Unidos envolvida na Lava Jato. Em publicação em seu Twitter, Moro disse que “mente quem fala ou sugere que tenha recebido dinheiro de empresa envolvida na Lava Jato, operação que coordenou''. "Quem trabalhou para a Odebrecht foi o Lula", ironizou, referindo-se ao escândalo que levou o ex-presidente e mais 40 para a cadeia. 

Depois que o TCU derrubou o sigilo sobre os honorários recebidos pela Alvares & Marsal, consultoria em que trabalhou, Moro deu os seguintes esclarecimentos: “Meu contrato era com a A&M disputas e investigações, e não com a parte da empresa responsável por recuperações judiciais, que tem outro CNPJ e cujas fontes de receita são diferentes. Nunca prestei nenhum tipo de trabalho para empresas envolvidas na Lava Jato. E isso foi deixado claro, a meu pedido, no contrato que assinei com a renomada consultoria norte-americana. Nos meses em que estive na empresa, trabalhei com compliance e investigação corporativa, ou seja, ajudando e orientando empresas a construir políticas para evitar e combater a corrupção”.

A estratégia de Lula é carimbar Moro como corrupto, marca que o petista tem na testa depois que sua quadrilha assaltou a Petrobras, sendo responsável pelo maior escândalo da história brasileira. Dificilmente irá conseguir. Moro pode ser verde e infantil na batalha política, mas imbecil a ponto de trabalhar para uma empresa que recebia dinheiro da operação que coordenou, jamais. É muito inteligente para cair numa cilada dessa magnitude.

Só a ganhar - Escalando Lula como adversário, e não Bolsonaro, Moro faria uma espécie de segundo turno no primeiro turno. Lula jamais imaginou um cenário em que tivesse que estar frente a frente com quem o prendeu, com quem tem uma vasta e rica literatura dos escândalos envolvendo ele e o PT. Não foi Moro quem prendeu Lula, mas a Justiça respaldada num calhamaço que levou a uma única e irrefutável conclusão: seu envolvimento direto no assalto aos cofres da Petrobras.

Consistência no que diz - Tenho observado como Moro reage aos ataques e suas respostas são muito consistentes, como esta, ainda sobre o suposto envolvimento da empresa que prestou serviço: "Jamais trabalhei para a Odebrecht ou dei consultoria, direta ou sequer indiretamente, a empresas investigadas na Lava Jato. A empresa de consultoria internacional, para a qual prestei serviço, foi nomeada por um juiz para atuar na recuperação judicial de créditos da Odebrecht, ou seja, para ajudar os credores a receberem dívidas. E eu jamais trabalhei nesse departamento da empresa. Portanto, os argumentos de que atuei em situações de conflito de interesse não passam de fantasia sem base”.

Entenda o caso - Segundo os documentos que estavam em segredo até sexta-feira passada, a consultoria em que Moro trabalhou recebeu R$ 42,5 milhões de investigados na Lava Jato em honorários. O Poder360, do jornalista Fernando Rodrigues, teve acesso aos registros. Do valor total, a Alvares & Marsal recebia R$ 1 milhão por mês da Odebrecht e da Ativos (antiga Odebrecht Agroindustrial); R$ 150 mil da Galvão Engenharia; R$ 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC); e R$ 97 mil da OAS.

Jogo sujo dos corruptos - Políticos envolvidos na Lava Jato, como o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), se apressaram no julgamento de Sérgio Moro no episódio em análise pelo Tribunal de Contas. Renan foi alvo da Lava Jato em mais de uma ocasião. No fim de 2021, o ministro Edson Fachin, do STF, prorrogou por mais 60 dias um inquérito aberto em 2017 contra ele e o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR). A investigação foi instaurada na operação e apura um suposto pagamento de propinas de R$ 5 milhões da Odebrecht para os políticos. 

Fora, Lula! - Num contundente editorial, ontem, o jornal Estado de São Paulo alertou a nação brasileira para o risco da eleição de Lula e frisou que parte do eleitorado esquece o mal que ele fez ao País no quesito corrupção. "O petrolão foi ainda mais perverso do que o mensalão, ao colocar toda a estrutura do Estado, incluindo estatais e empresas de capital misto, a serviço do interesse eleitoral do partido. Não foi apenas um conjunto de ações para desviar uma enorme quantidade de dinheiro público e privado. Todo o esquema estava orientado a alimentar a máquina eleitoral de Lula", destacou.

CURTAS

PIADA DE MAU GOSTO - O editorial é assim encerrado: "Depois do ambiente de ameaças e de ataques à democracia criado pelo bolsonarismo – a exigir uma resposta responsável dos partidos e dos eleitores – parece piada de mau gosto com o País pensar no PT como eventual solução. Lula nunca tratou bem a democracia brasileira." 

BOA SURPRESA - Em Paulista, o vice-prefeito Dido Vieira (MDB), empresário bem sucedido, que teve papel preponderante na eleição do prefeito Yves Ribeiro (MDB), deve sair das urnas como o mais votado para deputado estadual, desbancando o rival Jorge Carreiro, o super-secretário da gestão municipal, que tem usado a máquina descaradamente.

Perguntar não ofende: Ao atacar Moro, bateu o desespero em Lula??

Fonte: Blog do Magno Martins.

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