A guerra, antes surda entre a governadora Raquel Lyra e o presidente da Assembleia, Álvaro Porto, ambos do PSDB, ganhou ecos fortíssimos depois do áudio vazado com um palavrão do parlamentar, ao final da sessão de abertura do ano legislativo, na semana passada, criticando o discurso da gestora.
Além de ressonância, a batalha terá desdobramentos. O jogo da governadora é encontrar as armas para enfraquecer o adversário. Há correntes dentro do Governo defendendo o uso do poder da caneta para liberar as emendas dos deputados, reclamação generalizada na Casa, o que agradaria principalmente os que estão sinalizando para aderir à base de sustentação.
Outra canetada: criar uma espécie de FEM (Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal), como fez Eduardo Campos no segundo mandato, para adoçar a boca dos prefeitos. Com essas duas medidas, Raquel imagina que isolaria Porto dentro do espaço Legislativo, onde hoje ele tem uma força inquestionável, e atrairia mais prefeitos para o seu lado, evitando uma debandada futura para João Campos, a partir da reeleição do prefeito recifense, o que parece líquida e certa, segundo as pesquisas.
Dinheiro para o FEM, não há o que se questionar, a governadora tem de sobra entocado no tesouro estadual. Resta saber se ela terá a habilidade que Eduardo revelou para montar o seu exército de prefeitos, justamente num momento em que existe uma reclamação generalizada sobre a forma como trata os políticos em geral, com afobação, indiferença e má-vontade.
Quanto ao isolamento de Porto, o que se ouve na Assembleia, do plenário ao chamado “Buraco frio”, estuário da choradeira dos próprios aliados da tucana, é que se houver uma enxurrada de liberação de emendas parlamentares, os próprios deputados vão considerar que foi em consequência das cobranças de Porto e da sua postura altiva, o que, convenhamos, irá fortalecê-lo ainda mais perante os colegas.
Manjar dos deuses – Eduardo anunciou o FEM em Gravatá, no início do seu segundo mandato, no valor de R$ 228 milhões. O dinheiro, a fundo perdido, era destinado para investimentos nas áreas de infraestrutura urbana e rural, educação, saúde, segurança, desenvolvimento social, meio ambiente e sustentabilidade. Os recursos foram equivalentes a uma cota média mensal do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) recebido por cada município. Foi liberado em quatro parcelas, mediante declaração do prefeito da aplicação dos recursos a cada etapa. Os prefeitos comemoraram como um manjar dos deuses.
Nem a pedido de Lula – Soube que, a pedido de Lula, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, interferiu, junto à governadora Raquel Lyra, para transformar sem efeito o decreto que obriga servidores estaduais cedidos aos municípios a regressarem aos seus órgãos de origem. Em nenhum momento, entretanto, ela teria cedido, segundo um passarinho graúdo que canta nos jardins do Palácio do Campo das Princesas. João Campos recorreu à justiça para não perder entre seis a sete secretários da sua equipe, servidores concursados do Estado.
Desabafo político – Sobre o áudio, que a governadora considera ofensivo, o presidente da Alepe, Álvaro Porto, tem dito que em nenhum momento atacou a pessoa da governadora como mulher, como ela tem se vitimizado. “O desabafo foi político, sobre a fala dela sem consistência e que não expressou o que está ocorrendo de fato em Pernambuco”, disse o parlamentar. Numa entrevista a um canal de TV pela internet no Interior, Porto disse, no último fim de semana, que a governadora tem que parar de olhar pelo retrovisor e começar a governar olhando para a frente.
Fuzis por R$ 24 milhões – O governo federal abriu licitação no valor de R$ 48,5 milhões para compra de fuzis, carabinas e acessórios destinados a cinco penitenciárias federais e órgãos de segurança de três Estados. Para os presídios federais, está prevista a despesa de R$ 24 milhões. O edital foi lançado na última sexta-feira e o prazo para a entrega das propostas foi encerrado no mesmo dia, segundo o site Metrópoles. A licitação foi aberta pela Secretaria Nacional de Políticas Penais, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ela estabelece a compra de 910 carabinas calibre 5,56, 590 fuzis calibre 7,62, miras ópticas, bandoleiras, bolsas para transporte e estojos de limpeza.
Mais um sem delegado – Embora tenha recebido de imediato a solidariedade do Governo, o prefeito de Santa Maria do Cambucá, Nelson Lima (PSD), sequestrado, violentado e roubado há dez dias, disse ao Frente a Frente, ancorado por este blogueiro, que o município está sem delegado há quase um ano, o efetivo da PM é muito pequeno, quase inexistente, e a delegacia funciona em péssimas condições.
CURTAS
ZECA REAGE – Já em Arcoverde, o ex-prefeito Zeca Cavalcanti (Podemos) saiu da toca e fez um vídeo pelas redes sociais batendo duramente no prefeito Wellington Maciel (MDB) e na ex-prefeita Madalena Brito (PSB). Segundo ele, o município não atraiu uma só empresa nos últimos anos, o distrito industrial virou um matagal e Madalena, em campanha, também é culpada, por ter bancado a eleição de Wellington.
BEM COTADO – Na passagem por Belo Jardim, sábado passado, senti que o termômetro é favorável à reeleição do prefeito Gilvandro Estrela (UB). A oposição ainda não definiu o candidato. Os nomes mais cotados são o do delegado Rômulo e do vice-prefeito Doutor Maneco.
EM FLORES – Adversário ferrenho do prefeito de Flores, Marconi Santana (PSB), nas eleições passadas, o líder da oposição, Onofre de Souza (PT), deve se aliar à reeleição do gestor, insatisfeito com a ex-prefeita Soraya Murioka.
Perguntar não ofende: Qual será o novo secretário de Raquel a pedir o boné depois de Carol Cabral, de Projetos Estratégicos?
Fonte : Blog do Magno Martins.
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