sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O que une um campus do ITA na base aérea de Fortaleza, uma fábrica de chips na base aérea de Salvador e a Escola de Sargentos em Abreu e Lima ?

Junto ao ministro da Educação, Camilo Santana, e do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, Ceará recebeu sinal verde e começou a implantação do novo campus do ITA em Fortaleza

O ex-governador Eduardo Campos costumava dizer que o Nordeste não era o problema do Brasil, mas sim parte da solução. O presidente Lula, agora em seu terceiro mandato, parece estar cada vez mais convencido desta verdade e esta agindo tentar reduzir as desigualdades regionais gerando mais oportunidades na região, oferecendo mais do que a ajuda pecuniária do Bolsa Família, lançado ainda no primeiro mandato.

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O que existe em comum entre um campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na base aérea de Fortaleza, um fábrica de chips (Ceitec) na base aérea de Salvador e a Escola de Sargentos do Exército (ITA) em Abreu e Lima ? Quem tiver olhos para ver poderá constatar o encadeamento das iniciativas do governo Federal nesta direção.

Cotado para receber uma medalha na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o ministro da Defesa José Múcio Monteiro deu uma pista desta estratégia em setembro do ano passado, em visita ao Ceará.

“ (breve...) assinaremos o protocolo de intenções. É um projeto irreversível e um presente para o Ceará, por merecimento pelo investimento feito na área de educação. E queremos que o ITA do Ceará tenha a mesma qualidade de São Paulo”, disse o ministro. Depois, José Múcio quase que desenhou o quadro geral.

É também um presente para o Nordeste brasileiro. Estamos invertendo o fluxo de oportunidades dos futuros cientistas que nascerão aqui. Eles não precisarão sonhar em ir para o Sul. Poderão ficar no Ceará, porque aqui a educação foi bem aproveitada. O Ceará e os nordestinos vão colher este fruto”, acrescentou, quase desenhando.

A iniciativa de criar uma unidade no Ceará se deve ao fato de 40% dos aprovados no instituto serem estudantes cearenses. O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, disse que a ideia é colocar primeiramente cursos que já existem no ITA de São Paulo, mas depois pensar outros.

“Um curso imaginado é o curso de energia, uma vez que o Ceará tem desenvolvido esta atividade”, disse, referindo-se ao potencial e aos empreendimentos desenvolvidos no estado para a geração de energia eólica e aos projetos de produzir hidrogênio verde a partir dessas fontes.

Empresa de chips na base aérea de Salvador

Na Bahia, ou mais especificamente na base aérea de Salvador, o projeto que está sendo implantado é uma unidade do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, ou apenas Ceitec, estatal federal e única fabricante de microchips do país. Trata-se de uma empresa pública brasileira, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que atua no segmento de semicondutores desenvolvendo soluções para identificação automática e para aplicações específicas.

A estatal foi criada em 2010 e tem sede em Porto Alegre. A divulgação da saída do grupo de empresas em liquidação foi feita por outro pernambucano, o então coordenador do grupo de trabalho de Ciência, Tecnologia e Inovação do futuro governo Lula, o ex-ministro Sergio Amaral, no começo de dezembro de 2022, em Brasília. "Felizmente, dá tempo de recuperar a empresa”, destacou Amaral, então.

O ex-ministro disse que a Ceitec é uma empresa estratégica para o desenvolvimento de tecnologia de ponta no país. Hoje, no mundo, China e Estados Unidos brigam pela primazia na produção de chips, usados em toda cadeia produtiva de eletrônicos.

Escola de Sargentos

Em Pernambuco, os militares escolheram uma das áreas mais pobres do Estado, a região de Paudalho e Abreu e Lima, para implantar a Escola de Sargentos e o Complexo Militar do Exército, que vai concentrar cerca de 10 mil pessoas, entre alunos, professores, pessoal de apoio e familiares. Caso saia do papel, o projeto pode fazer girar na economia de Pernambuco cerca de R$ 200 milhões só com a folha de salários. O Governo de Pernambuco se comprometeu a investir mais de R$ 320 milhões em obras de infraestrutura no entorno da área, como contrapartida.

"É como se fosse uma nova Aman (Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro), agora no Nordeste", já afirmou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ao explicar os impactos econômicos e sociais do projeto.

Por aqui, o lado curioso das iniciativas é que o empreendimento sofre resistências de grupos de interesse e ainda aguarda a assinatura de um novo aditivo na parceria entre as Forças Armadas e o governo do Estado, depois da mudança de governo.

"O Arco Metropolitano e a implantação da Escola de Sargentos também são dois projetos que sairão do papel para gerar mais emprego e renda e transformar a infraestrutura estadual", celebrou a governadora Raquel Lyra, no último dia útil do ano, ao comentar que Pernambuco receberá R$ 91,9 bilhões do Novo PAC. "Os recursos possibilitarão a conclusão da Transnordestina até Suape (ramal Salgueiro-Suape), a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, entre outros projetos estruturadores", disse.

"Os investimentos vão muito além do que se consegue ver... São polos de desenvolvimento que irradiarão oportunidades jamais vistas", afirma uma graduada fonte do blog de Jamildo. "Estamos passando por um momento de alinhamentos estratégicos com foco no Nordeste brasileiro. A escola de sargento e o ITA são provas que o Nordeste tem um potencial não explorado".

Na virada do ano, o general Joares, encarregado pelo ministro Múcio Monteiro para tocar a iniciativa da Escola de Sargentos, explicou, em entrevista exclusiva ao Blog de Jamildo, que o empreendimento da ESA não é um projeto de governos, mas um projeto de Estado, voltado para a descentralização das Forças Armadas.

Joarez explicou que o Exército está passando por uma mudança de paradigmas, porque hoje a formação é concentrada no Sul e no Sudeste. "No entanto, o Exército brasileiro é nacional, não é (ou não deveria ser) regionalizado. Hoje, a escola de formação de oficiais (Aman) é em Resende e acaba, pela localização, tendo uma maior atratividade na região que fica em seu entorno, Sul e Sudeste. Com essa nova escola, vamos descentralizar"

É dentro desta mesma lógica de descentralização e desenvolvimento do Nordeste que o governo federal resolveu colocar um ITA em Fortaleza e outro equipamento Ceitec na base aérea de Salvador, ambos já assinados com as autoridades locais.

Fonte: Blog de Jamildo.

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