terça-feira, 18 de abril de 2023

O tom arrogante de Priscila

 

O gesto inédito e louvável da governadora Raquel Lyra (PSDB), de sair do seu gabinete e ir até o plenário da Assembleia Legislativa para pedir o aval da Casa a um empréstimo externo de R$ 3,4 bilhões, teria sido aplaudido muito mais pelos deputados – e repercutido com mais intensidade na mídia – não fosse a postura arrogante e desnecessária da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania).

Pelo tom arrogante e pretensioso da vice-governadora, como se a iniciativa de Raquel implicasse numa obrigação dos deputados em aprovar o empréstimo, a reclamação foi geral. Até mesmo os parlamentares da base não gostaram. “Eu fui integrante desta Casa por dois mandatos e nunca vi nada igual. Isso é digno de aplausos”, disse Priscila, gerando antipatia entre os que ali estavam.

Os próprios deputados riram quando ela disse que ali estavam “duas governadoras”. “Eu sei que existe o mandato das juntas aqui, mas não sabia que o Estado tem duas governadoras”, reagiu um deputado, irritado com o nariz arrebitado e a prepotência da vice-governadora, que se comportou como se desconhecesse as nuances da própria Casa a que serviu por dois mandatos, conforme arrotou.

Em reserva, os deputados ironizaram o fato de a vice-governadora ter defendido também com tamanha ênfase a tramitação do pedido de empréstimo em caráter de urgência. “Quando parlamentar, ela se irritava com os pedidos de urgência que chegavam aqui e chegou até a se insurgir com ameaças de apresentar resoluções contrárias”, disse um outro deputado da base.

Pisada de bola – A vice-governadora chegou a constranger o deputado José Patriota, da bancada do PSB na Assembleia, quando tentou impedir sua fala no ato da governadora com os parlamentares em plenário. “Se a senhora não quer que eu fale, tudo bem, eu não falo”, reagiu Patriota, recebendo em seguida a solidariedade dos seus pares. Priscila pisou na bola e teve que aceitar a intervenção do socialista, que foi extremamente feliz na sua fala, com observações apenas de caráter técnico, sem derivar para o viés da política.

Os empréstimos de Caruaru – Quando prefeita em Caruaru, Raquel Lyra teve enormes dificuldades na relação com a Câmara de Vereadores, mas conseguiu aprovar dois empréstimos. O primeiro, em 2018, no valor de R$ 83 milhões, e o segundo em 2021, de R$ 130 milhões. Já o seu sucessor Rodrigo Pinheiro, também tucano, aprovou um terceiro empréstimo, desta feita em dezembro do ano passado, no valor de R$ 100 milhões. Total: R$ 313 milhões. Resta quais projetos e obras saíram do papel diante de tanta dinheirama.

Áreas de investimentos – Os R$ 3,4 bilhões que a governadora deseja serão investidos, segundo ela, nas áreas de recursos hídricos, infraestrutura, saúde e segurança pública. De imediato, o pedido irá ser analisado pela Comissão de Justiça, onde pode receber emendas, seguindo na sua fase final de tramitação para aprovação pelo plenário da Assembleia Legislativa. Será o teste de fogo para a governadora testar o tamanho da sua base de sustentação na Casa.

Não sai nem tão cedo – Dificilmente a governadora contará com os R$ 3,4 bilhões em caixa neste primeiro ano do seu mandato. A tramitação é longa e não depende apenas da Assembleia. Tem que ser aprovado pelo Senado. Em seguida, a burocracia do Banco Mundial, que exige como pré-requisito todos os projetos do Governo do Estado onde serão alocados os recursos. O pedido de R$ 2 bilhões, este do prefeito do Recife, João Campos (PSB), se enquadra na mesma situação, tendo passado antes pela Câmara de Vereadores.

Viva Dominguinhos – Garanhuns tende a fazer, neste fim de semana de feriadão do 21 de abril, um dos maiores festivais do “Viva Dominguinhos”. O prefeito Sivaldo Albino (PSB) caprichou nas atrações: Fagner, Elba Ramalho, Waldonys, Jorge de Altinho, Santana, Luan Estilizado, Solange Almeida, Liv Moraes, Geraldinho Lins, Dorgival Dantas, Rogério e os Cabras, Nando Azevedo, Mourinha do Forró, Pedrinho Pontes, Aduílio Mendes e Alcymar Monteiro. Os artistas se apresentarão em dois palcos distintos, um pela tarde, no parque, e outro à noite, na praça principal.

CURTAS

INVASÕES – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam mais nove áreas no Grande Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão, em localidades que já haviam sido desapropriadas pelo Estado ou tinham dívidas com o poder público. No último fim de semana, mais famílias chegaram a engenhos em Timbaúba, na Mata Norte, que já tinham sido ocupados no dia 3 de abril.

INVASÕES 2 – Também foram ocupados três prédios públicos em outros Estados. Em Belo Horizonte, os sem-terra exigem a demissão do superintendente Batmaisterson Schmidt, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. No Rio Grande do Sul e Minas Gerais, os prédios públicos seguem ocupados. Ações similares acontecem também em outros Estados.

Perguntar não ofende: Quem será o relator do Arcabouço Fiscal?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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