terça-feira, 25 de abril de 2023

Janja no epicentro da crise

Poderosa, despachando numa sala do Planalto ao lado do gabinete do maridão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rosângela Silva, a Janja, já afastou do núcleo palaciano o ex-coordenador de campanha e ex-ministro Luiz Dulci, o jornalista Franklin Martins, o amigo Paulo Okamoto e o ex-senador Aloizio Mercadante.

Enciumada, impediu que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, virasse ministra da Casa Civil. Com a força que tem, está transformando o Palácio do Planalto na “Casa da Janja”, segundo os próprios petistas alvos de boicote dela, que dizem que lá só se entra com a permissão de sua dona.

O mais grave, porém, chegou ao noticiário ontem: foi dela a última palavra para derrubar o ministro Gonçalves Dias, no mesmo dia em que apareceu nas imagens exclusivas da CNN Brasil supostamente dando guarida aos depredadores do poder público. Sua antipatia pelo general era conhecida por petistas desde a campanha de 2022.

Mesmo assim, ele se tornou o único homem de confiança de Lula a superar as cabalas de Janja e a obter um lugar no Palácio. Sua queda ocorre apesar de o presidente, desde 8 de janeiro, saber do próprio general que ele estava no Planalto, então tomado por “malucos”.

Nenhum dos antigos colaboradores restou a Lula para evitar gafes ou diminuir crises. Segundo apurou o jornalista Marcelo Godoy, do Estadão, Janja interfere em tudo, como verdadeira especialista em generalidades – das taxas para o comércio internacional às atividades da inteligência, passando por tudo o que é pop nas redes sociais.

“Se a atividade da primeira-dama causa tal rebuliço, deve-se buscar sua origem em quem lhe dá esse poder: Lula. Um general disse à coluna: “Cachorro late, gato mia e passarinho canta. Quando passarinho começa a ladrar, é bom desconfiar”. Lula, um político com seus 77 anos, parece ter esquecido a velha sabedoria popular”, escreveu Godoy.

Bastidores da queda – Trinta e cinco parlamentares bolsonaristas, como os deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP), pediram a prisão do general Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, defenestrado rapidamente pelo governo em um movimento que sugeriu haver alguma responsabilidade do oficial com o assalto às sedes dos Três Poderes. A oposição aproveitou o caso para acusar uma suposta conivência petista com a fracassada intentona do dia 8 de janeiro. E contou com uma ajuda inesperada: a ação da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, para derrubar o general.

Sem informações da Abin – O desempenho de G. Dias durante a crise ficou exposto no depoimento aos delegados federais Raphael Soares Astini, Vinicius Barancelli e Alexandre Camões Bessa. Ele disse que desconhecia informações produzidas pela Abin, bem como o fato de o coronel Alexandre dos Santos Amorim, coordenador de Avaliações de Risco do GSI, ter classificado o evento do dia 8 como “risco laranja”, conforme revelado pelo ex-comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes.

CPI vai sair – Uma sessão para abertura da comissão foi convocada, amanhã, no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também comanda o Congresso, fará a leitura do requerimento, atestando a obtenção das assinaturas necessárias e o cumprimento dos requisitos básicos. “A CPI é um direito da minoria. Não cabe a mim decidir. Se forem cumpridos os requisitos – número de assinaturas, fato determinado e orçamento previsto – cabe aos líderes dos partidos tomar essa decisão”, disse Pacheco, na semana passada.

Oposição tem as assinaturas – A mudança de estratégia do governo Lula, em razão da crise instalada com a queda do ministro Gonçalves Dias, prevê um novo diálogo entre parlamentares para iniciar a CPMI, que precisava das assinaturas de pelo menos um terço dos membros de cada Casa do Congresso Nacional. Apesar da resistência do governo federal nos primeiros meses de gestão, a oposição, sob liderança do deputado federal André Fernandes (PL-CE), se articulou e já obteve assinaturas de 218 deputados e 37 senadores.

Raio x do empréstimo – Integrante da Comissão de Justiça, o deputado Luciano Duque (PT) saiu desapontado, ontem, da Assembleia, pelo cancelamento da ida de secretários estaduais para explicar a destinação dos R$ 3,4 bilhões no empréstimo que a governadora Raquel Lyra pede autorização do Legislativo. A sessão foi transferida para hoje. Duque quer um raio x de onde será empregado a dinheirama, inclusive por regiões, para ter ideia das ações programadas para o Sertão.

CURTAS

BARRADO NO BAILE – A assessoria política da governadora é muito fraquinha e inexperiente. Na passagem de Raquel por Arcoverde, quarta-feira passada, o prefeito de Buíque, Arquimedes Valença, quatro vezes eleito para governar o município, uma das caras mais conhecidas da região, chegou a ser barrado para o acesso ao evento com a tucana. Que horror!

PARALISAÇÃO – O atraso dos repasses do Estado aos hospitais conveniados levou o hospital Memorial Petrolina, no Sertão do São Francisco, a suspender os serviços de cirurgia cardíaca, hemodinâmica e implantes de marca-passo. E de nada adiantaram os protestos de quem está na fila para atendimento, porque o Governo silencia.

Perguntar não ofende: De onde emana tanto poder de Janja?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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