sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Câmara evitou antecipar crise. Quatro partidos querem reversão da prisão

 

A reunião de líderes, ontem, na casa do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, não deu acordo. Dos 17 partidos presentes, 13 acenaram pela manutenção da prisão do deputado federal Daniel Silveira e quatro no sentido contrário: defendem que ela seja revertida. As quatro legendas que não concordam em acatar a decisão tomada, por unanimidade, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) são: PSL, Solidariedade, PV e o Novo. Em meio a essa sinalização, o sentimento que passou a prevalecer na Casa é o de que a prisão deverá ser mantida em plenário. O voto é aberto. Se, inicialmente, se cogitou um acordo com o supremo, que passaria por uma licença do deputado e um pedido de habeas corpus para que o STF voltasse a deliberar o pedido, num segundo momento, deputados passaram a repisar na seguinte tecla: "Vale a pena a Câmara se expor, fazer esse malabarismo por um político que não é político?".

Em reserva, um parlamentar, à coluna, argumenta que a Câmara "não vai afrontar o Supremo por um deputado que é "reincidente contumaz, que tem folha corrida dentro da Casa, que não tem conceito, não tem história, que não tem apreço dos pares". Essas variáveis jogam contra Daniel Silveira. Há ainda um entendimento na Casa de que a votação deve ser pautada, a despeito da posição adotada pelos partidos, por uma questão também de foro íntimo de cada parlamentar. Assim, há uma tendência à divisão nos partidos. A votação foi marcada para as 17h de hoje. Antes desse desfecho, chegou a ser agendada uma votação inicialmente para a manhã de ontem. A mesma acabou suspensa ainda na quarta-feira, quando parlamentares começaram a se debruçar sobre a tentativa de buscar um entendimento com o STF. Sem acordo, a Casa mudou de planos mais uma vez e julgou mais adequado esperar pela audiência de custódia, pautada na seguinte máxima: "político não antecipa crise". Após a audiência, no entanto, o juiz Airton Vieira, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, decidiu manter a prisão, cabendo à Câmara, agora, sem mais corda a esticar, relaxar ou não a prisão em flagrante. A conferir.


Wolney: "sujeito asqueroso"
Líder do PDT, Wolney Queiroz verbaliza o que muitos deputados vêm sinalizando na coxias: "Ele (Daniel Silveira) é um sujeito asqueroso, alguém que não está a altura do parlamento". O pedetista completa: "Ele não vai ter a solidariedade dos colegas". Essa leitura vem ganhando eco nas coxias.

Motivo > Wolney argumenta que seu partido decidiu pela posição mais dura: defender a manutenção da prisão com voto aberto e a representação no Conselho de Ética para cassação do mandato. Registra que "o que move os partidos de Oposição a adotarem tal postura são os ataques a pilares da democracia, à medida que Daniel Silveira defende o AI-5 e a ditadura militar e, no bojo, incorre em agressões ao Supremo, aos ministros do STF, que é outra instituição basilar da democracia".

Pela... > Segundo vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara Federal, André de Paula, indagado pela coluna sobre sua posição, observa: "Enquanto membro da Mesa, tenho consciência da minha responsabilidade e tive cautela até agora. Mas, isso indo a plenário, sai um membro da Mesa e entra um deputado".

...prisão > André prossegue: "O deputado vai fazer seu juízo de valor. Vou votar pela manutenção da prisão". André vê um peso na forma como o STF conduziu o caso. "Onze ministros deliberaram em 30 minutos por 11x0 pela prisão. Resolveram deixar claro que todos os limites foram ultrapassados. E, ao não recordar o nome de Daniel, o ministro Fux "mostrou a gravidade do caso e a insignificância do deputado".

Fonte : Folha de PE.

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