domingo, 28 de fevereiro de 2021

País vacina 48% dos acima de 90 e imuniza 142 mil menos prioritários

 

Brasil não conseguiu vacinar nem metade de seus idosos acima de 90 anos

Brasil não conseguiu vacinar nem metade de seus idosos acima de 90 anos

RUBENS CAVALLARI/FOLHAPRESS - 22.02.2021

O Brasil não conseguiu vacinar contra a covid-19 nem metade de seus idosos acima de 90 anos, mas já tem registro de ao menos 142 mil pessoas de grupos menos prioritários imunizadas, como 119,6 mil idosos com menos de 75 anos. Levantamento feito a partir de dados do Ministério da Saúde na plataforma Brasil indica que só 48,8% dos brasileiros com 90 anos ou mais conseguiram receber a imunização até agora.

O grupo é o primeiro na lista de prioridades do governo federal por faixa etária, mas só teve 436,6 mil vacinados entre os 893,8 mil previstos.

Ao mesmo tempo, o sistema registra a vacinação de 29,7 mil pessoas de 70 a 74 anos, 36,1 mil entre 65 a 69 anos e 53,7 mil na faixa dos 60 a 64 anos que, embora façam parte de grupos prioritários, ainda não poderiam estar contemplados. Os números já excluem os idosos de menos de 75 anos do Amazonas e de outros Estados do Norte que tiveram autorização excepcional por situação epidemiológica preocupante.

Os dados do ministério apontam outros problemas na priorização dos vacinados no País. Há entre os já imunizados 11,9 mil doentes crônicos com menos de 60 anos, 3,9 mil agentes das forças de segurança, 1,9 mil trabalhadores da educação e 387 militares. Os quatro grupos deveriam estar em etapas futuras.

Especialistas ressaltam que, diante dos números, é preciso investigar se há "fura-filas", mas apontam também outras razões que podem explicar o cenário, como a falta de padronização dos critérios de vacinação entre diferentes municípios, necessidade de utilizar doses de um frasco já aberto para não haver descarte e até erros de preenchimento no sistema. Eles destacam que o objetivo maior da vacinação nesta fase - evitar hospitalizações e mortes - pode ser prejudicado com a baixa cobertura entre os mais vulneráveis.

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"É claro que a gente quer que todo mundo seja vacinado e a vacina chegue aos 60 e 70 anos, mas, diante do número limitado de doses, precisamos ter prioridades", afirma Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Alessandro Chagas explica que o órgão tem orientado os secretários. "O município tem autonomia para elaborar estratégias e pode até ampliar o público com alguma justificativa epidemiológica, mas a diretriz geral é da União. Se tem município em que a vacinação está chegando aos menos idosos, eles já deveriam estar com uma alta cobertura entre os mais idosos", afirma.

Para a infectologista Ana Luiza Gibertoni, falta "conhecimento epidemiológico para desenhar uma estratégia que maximize o impacto da vacinação sobre a população". "Da forma que está sendo feita, o impacto é mínimo", diz. Segundo ela, o Brasil tem profissionais capacitados para articular essa estratégia, mas "não estão dentro do governo". "Falta uma liderança nacional, com voz, respeitada na sociedade e na comunidade científica para conduzir o plano nacional de imunização."

Fonte : por Agência Estado.

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