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Um dia após anunciar mudanças no comando da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou a possibilidade de promover mais alterações no governo federal nesta semana. Mesmo diante da repercussão negativa da classe política e do mercado à decisão de indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da empresa, até então ocupada por Roberto Castello Branco, Bolsonaro disse que as modificações são necessárias porque ele tem que “trocar as peças que porventura não estejam dando certo”. A apoiadores, o presidente afirmou que vai “meter o dedo na energia elétrica”.
Bolsonaro não deixou claro quais mudanças serão feitas na administração federal, nem em quais órgãos ele pretende promover modificações, mas a fala do presidente reacendeu as expectativas para uma reforma ministerial, que interessa bastante aos partidos que apoiam o governo no Congresso.
Desde as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, quando o chefe do Palácio do Planalto jogou pesado para garantir a vitória de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), as legendas têm cobrado a fatura, em especial as que compõem o Centrão. Mesmo com o presidente tendo distribuído R$ 3 bilhões em recursos extraorçamentários para quase 290 parlamentares aplicarem em obras nos seus redutos eleitorais à época da votação, os partidos querem mais espaço no governo.
Até aqui, Bolsonaro só atendeu o pleito dos congressistas ao escolher, há pouco mais de uma semana, o deputado João Roma (Republicanos-BA) para comandar o Ministério da Cidadania, pasta que era bastante cobiçada por controlar o pagamento de benefícios assistenciais, como o Bolsa Família e o auxílio emergencial.
Mas o Centrão já vem mapeando outros ministérios, como o da Saúde e das Relações Exteriores, e ficam na esperança de novas nomeações até para melhorar a imagem do próprio Bolsonaro, visto o desgaste do Planalto com o trabalho dos ministros Eduardo Pazuello, principalmente pela atuação dele diante da pandemia do novo coronavírus, e Ernesto Araújo, criticado pela forma que conduz a política externa brasileira.
De todo modo, Bolsonaro vai promover mudanças nos ministérios com muita cautela. Por mais que deputados e senadores tenham garantido as vitórias dos candidatos para as duas Casas Legislativas, o presidente vai aguardar mais provas da “lealdade” do Centrão ao Executivo. Segundo integrantes do governo, a partir da aprovação de matérias que são de interesse do Planalto, em especial as da pauta de costumes, Bolsonaro pode “recompensar” o parlamento com as vagas na gestão federal.
Combustíveis
Neste sábado, durante uma cerimônia promovida pelo Exército em Campinas (SP), Bolsonaro rebateu as críticas que recebeu pelo episódio envolvendo a Petrobras. Segundo ele, “pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão”. “Eu tenho que governar. Trocar as peças que porventura não estejam dando certo. Se a imprensa está preocupada com a troca de ontem (sexta-feira), na semana que vem teremos mais. O que não falta para mim é coragem de decidir pensando no bem maior da nossa nação”, ponderou.
Na última semana, o presidente demonstrou muita insatisfação pelo trabalho desempenhado por Castello Branco, em especial por conta da constante alta nos valores dos combustíveis. Ao comentar sobre a Petrobras ontem, o presidente reclamou que, se a empresa “estivesse funcionando”, os combustíveis não estariam tão caros. Bolsonaro ainda criticou o fato de Castello Branco e a diretoria estarem trabalhando à distância por conta da pandemia, dizendo que “não dá para governar, estar à frente de uma estatal dessa forma, coisas erradas acontecem”.
“Não vai faltar coragem para nós decidirmos buscar o que é certo. Eu acho que, hoje em dia, a gasolina poderia ser no mínimo 15% mais barata, se todos os órgãos estivessem funcionando, os de fiscalização e colaboração para fiscalizar. Temos Petrobras, Ministério de Minas e Energia, Receita Federal, que tem que ver nota fiscal e não vê, Inmetro, que pode aferir se os postos estão vendendo a quantidade certa de combustível. O novo presidente, caso aprovado pelo conselho, vai dar uma nova dinâmica para a Petrobras”, destacou.
Em entrevista ao portal G1, Silva e Luna disse que, se aceito para a presidência da Petrobras, trabalhará para tentar melhorar a percepção dos investidores sobre a empresa, mas também para diminuir o preço dos combustíveis. “São três aspectos na situação atual que precisam ser levados em conta: a valorização do petróleo e do dólar; o interesse do investidor, que está de olho no preço das ações; e também o interesse do país e do brasileiro que precisa se locomover e abastecer seu veículo. É preciso olhar o investidor, mas também o brasileiro”, afirmou.
Formatura em Campinas
» Na manhã de ontem, o presidente Jair Bolsonaro visitou a Escola Preparatória de Cadetes (EsPCEx), em Campinas (SP), onde estudou em 1973, para participar da formatura de 419 novos alunos. Também compareceram à cerimônia os ministros da Defesa, Fernando Azevedo, do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Ao discursar no evento, o presidente disse que, “pelo que tudo indica”, o país já passou pelo pior momento da “malfadada pandemia” da Covid-19, apesar de os números de mortos e infectados pela doença estarem em crescimento desde o início do ano. Bolsonaro ainda afirmou que “apesar de tudo, eu represento a democracia no Brasil”.
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