A governadora Raquel Lyra (PSDB) está com muito dinheiro na botija do tesouro estadual para tocar obras ao longo deste ano que está sendo iniciado. A dinheirama é fruto de empréstimos que Paulo Câmara, seu antecessor, deixou encaminhado e do coração benevolente do presidente Lula.
O petista faz o jogo do aliciamento, já pensando na sua reeleição em 2026, porque quer ter o maior leque possível de apoios nos Estados e não apenas Pernambuco, onde, dependendo do retrato que sair das urnas municipais este ano, poderá ter as duas forças antagônicas em seu palanque, em 26, a do PSB, aliado histórico – e a da governadora, que está saindo do PSDB.
Política não é para amador e Lula é craque na matéria. O ano que começa para a governadora, entretanto, será desafiador, porque fechou o primeiro em baixa. Seu governo não tem DNA, uma marca, falta sincronia com a sociedade e, principalmente, com a classe política e empresarial. Raquel faz um governo muito parecido com a composição da água: insípida, inodora e incolor.
A água é insípida porque não tem sabor, incolor porque não tem cor e inodora porque não tem cheiro. Mas pelas redes sociais, o Governo da tucana é multicolorido, um Estado das maravilhas. Com o tempo, se ela não tiver verdadeiramente o que mostrar, longe das ficções remotas, o ano de 2024 pode não ser o da sua recuperação, mesmo com tanto dinheiro. Castelos de areia se desmancham num sopro.
Quando o primeiro ano de um gestor acaba mal, a volta por cima no segundo é muito complexa e difícil. Não basta apenas ter dinheiro, mas saber aplicá-lo. E em ano eleitoral, como este, tudo é mais difícil, as demandas que incidirão sobre elas serão triplicadas. Para chegar forte em 2026, ano da sua reeleição, Raquel tem que sair forte das eleições de 2024. Isso passa pela eleição da maioria dos prefeitos, como Eduardo Campos fez, por uma presença mais robusta no Recife, que ela nunca teve, e pela vitória em Caruaru, sua terra natal.
A única cidade que Raquel não pode perder é Caruaru. Para isso, será obrigada a apoiar a reeleição do prefeito Rodrigo Pinheiro, que não tolera, mas que está com a máquina na mão, é competitivo e pode evitar o pior para a governadora, caso ela caia na besteira de construir outra candidatura a esta altura do campeonato.
Mídia fake – Em Afogados da Ingazeira, onde passei as festas de fim de ano, me deparei com um outdoor propagandeando avanços no Governo de Raquel na área de saúde. Referia-se a novos profissionais contratados, novos leitos abertos e novo Hospital da Mulher do Agreste. Alguém em Caruaru sabe dizer se este hospital está funcionando? Se for a unidade que o Governo passado começou e não concluiu, a mídia oficial está mentindo, incutindo na população a ideia de que o hospital já está operando.
Daniel, o candidato – Aliados da governadora já estão convencidos de que o candidato dela a prefeito do Recife será Daniel Coelho, secretário de Turismo sem porteira fechada, porque não tem o controle da Empetur. Avaliam um cenário de extrema dificuldades para frustrar a reeleição de João Campos. Sendo assim, mais confortável para ela será jogar Daniel na jaula do leão. Na leitura da derrota, Raquel não sairia chamuscada: todo o ônus seria jogado no colo do próprio Daniel.
Gadelha, o preferido – Na verdade, ainda segundo aliados da governadora, ela chegou a projetar um cenário com o deputado Túlio Gadelha na disputa pela Prefeitura do Recife. O problema é que o parlamentar foi reeleito pela Rede Sustentabilidade, integrante da federação partidária com o Psol, que faz oposição ao Governo do Estado. “Gadelha seria um fato novo, uma cara nova, diferente de Daniel, que já perdeu duas eleições e sequer se reelegeu federal”, disse uma fonte ligada ao Governo.
PSB se curvará aos prefeitos? – Na Assembleia, o PSB representa a maior bancada de oposição ao Governo Raquel. Ali, ninguém imagina nenhum tipo de composição futura nas eleições municipais, até porque a prioridade da legenda é a reeleição de João Campos. No restante do Estado, a pergunta mais frequente diz respeito à possibilidade de o PSB permitir que prefeitos filiados ao partido, orgânicos ou não, possam receber o apoio da governadora.
Só Zé Múcio segura – Se o ministro José Múcio deixar o Ministério da Defesa, como se especula em Brasília, as chances de Pernambuco perder a Escola de Sargento para um Estado do Sul são elevadíssimas. Na verdade, o Estado não foi sacrificado ainda porque o ministro está reagindo às pressões. Tudo pela má-vontade da governadora de não cumprir o que ficou acertado lá atrás, no apagar das luzes da gestão do PSB, com o Governo Federal.
CURTAS
CANDIDATÍSSIMO – O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, deu, ontem, mais uma demonstração de que disputará, mais uma vez, a Prefeitura de Olinda. Anunciou a abertura de um escritório na cidade e o aluguel de uma casa em Rio Doce para morar.
DESENROLA RECIFE – Bem que o prefeito João Campos poderia adotar o modelo de Lula, pelo menos no caso das dívidas atrasadas e quase impagáveis do IPTU, e anunciar o programa Desenrola Recife. O Desenrola Brasil é quase um perdão de dívida, na medida em que renegocia dívidas com inadimplentes sem cobrança de juros.
BONITO NO LIXO – Em Bonito, o presidente da Câmara, Paulinho de Devá, ocupou as suas redes sociais ontem para denunciar o descaso da Prefeitura com o lixo acumulado em consequência das festas de fim de ano. “A sensação é de que a limpeza urbana tirou férias coletivas. A cidade está um lixo só”, afirmou.
Perguntar não ofende: Quanto a governadora tem na sua botija para gastar em obras?
Fonte : Blog do Magno Martins.
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