quarta-feira, 19 de abril de 2023

Que Estado quebrado é esse?

 

Desde que foi eleita, a governadora Raquel Lyra (PSDB) choraminga. Reclama que herdou do PSB um Estado em ruínas. Mas não é bem assim. Se fosse, a tucana jamais teria condições de pedir, anteontem, à Assembleia Legislativa, autorização para contrair um empréstimo da ordem de R$ 3,4 bilhões. Estado em frangalhos, como sugere, jamais poderia se dar ao luxo de buscar mais de R$ 3 bi emprestado ao Banco Mundial.

Segundo o ex-secretário da Fazenda, Décio Padilha, o ex-governador Paulo Câmara entregou a Raquel com uma baixa taxa de endividamento – 21,4% da Receita Corrente Líquida. Pernambuco atingiu, na era socialista, a nota B na capacidade de pagamento (Capag), dada pelo Tesouro Nacional, que indica a capacidade do Estado de contrair empréstimos.

O Estado, ainda segundo ele, poderá investir até R$ 3,4 bilhões este ano em operações de crédito, justamente o valor que a governadora incluiu na proposta ao Legislativo. Ao se despedir do Governo, Padilha disse que estava deixando R$ 2,9 bilhões em caixa para o exercício deste ano. “Nos meus 29 anos de Fazenda, eu nunca vi um governo ir para outro governo com R$ 3 bilhões em caixa”, disse Padilha.

Para acrescentar, em tom irônico: “Se isso é pouco, então a gente precisa ir para São Paulo, para um Estado mais rico. Porque aqui eu nunca ouvi dizer que isso é pouco”. Mas, na época, a governadora contestou, exercitando a sua mania de choramingar pelos corredores.

Superávit para 2023 – Em relação ao montante deixado em caixa pelo PSB, a equipe da governadora contestou. Disse que do valor de R$ 3 bilhões ficaram 75 obras sem conclusão, uma diferença de R$ 1,5 bilhão entre o valor necessário para a conclusão dessas obras e o orçamento destinado para elas neste ano. Mas segundo o ex-secretário de Planejamento, Alexandre Rebêlo, esse valor de R$ 2,9 bilhões que ficará de superávit só poderá ser incorporado ao orçamento em 2023.

O estilo Raquel – Na passagem por Serra Talhada, amanhã, a governadora incluiu uma reunião com prefeitos da região, mas, estranhamente, até ontem nem um só deputado votado no município havia recebido convite, nem mesmo o majoritário Luciano Duque (PT). Foram votados em Serra e atuam em favor da região, além de Duque, Kaio Maniçoba (PP), José Patriota (PSB), Rodrigo Novaes (PSB) e Fabrício Ferraz (Solidariedade).

O relator – Por sorteio, sobrou para o deputado Joãozinho Tenório (Patriota) a missão de relatar, na Comissão de Justiça da Assembleia Legislativa, o pedido de empréstimo externo da governadora, no valor de R$ 3,4 bilhões. Emendas poderão ser apresentadas, tanto na comissão quanto no plenário, em votação final, mas o relator não acredita que venham a ser apresentadas. A não ser por deputados que desejem mudar o valor ou a sua destinação, mas isso é pouco provável.

Nomeações na pressão – O Governo Federal cedeu à pressão do MST e nomeou sete novos superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Desde domingo, 16, o MST promove invasões de sedes regionais do órgão federal e de fazendas produtivas para pedir a substituição imediata de superintendentes do instituto nomeados durante o governo de Jair Bolsonaro e que o governo nomeie “pessoas comprometidas com a reforma agrária”. Entre os sete, só um do Nordeste, o do Ceará – Paulo Roberto da Silva.

A volta de Henrique Leite – Por sugestão do secretário de Governo do Recife, Aldemar Santos, o Dema, o prefeito João Campos (PSB) nomeou, ontem, o ex-vereador recifense Henrique Leite para secretário-executivo da pasta que cuida da articulação política. Além de ser extremamente bem relacionado na Câmara, com trânsito em todos os partidos, Leite é do ramo. Pode ser incluído na chamada fauna dos animais políticos, um craque.

CURTAS

AFASTADOS – Um sargento e um cabo da Polícia Militar filmados agredindo uma mulher no meio da rua, em Primavera, na Mata Sul, foram afastados provisoriamente, por 120 dias, de qualquer trabalho na corporação. A punição foi publicada, ontem, no Boletim-Geral da Secretaria de Defesa Social.

INVASÃO – Trabalhadores rurais ocuparam, ontem, a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nos Aflitos, no Recife. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os agricultores denunciaram que foram ameaçados de despejo e querem a garantia de permanência em propriedades.

Perguntar não ofende: Por que a governadora não quer a presença de deputados no encontro com os prefeitos em Serra Talhada?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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