quinta-feira, 13 de abril de 2023

Maquiavel ajudaria Raquel

 

No cerne do universo que circulo, entre Brasília e Pernambuco, o que mais tenho ouvido são críticas a um ponto comum no Governo Raquel Lyra (PSDB): não falta apenas gestão, em razão de uma equipe fraca, modelo República de Caruaru. Falta, principalmente, política. Até hoje, passados 100 dias de gestão, ninguém sabe ainda quem é o articulador do Governo, o auxiliar talhado para fazer a ponte com a Assembleia Legislativa, os 25 deputados federais e os três senadores, em Brasília.

Este pecado, apesar de vir de uma escola por excelência, a do pai, o ex-governador Eduardo Campos, um craque em articulação, estômago de elefante para engolir sapos, o prefeito João Campos (PSB) também cometeu, nos dois anos iniciais, mas corrigido, há pouco, com a escolha de Aldemar Santos, o Dema, para a Secretaria de Governo. Embora oriundo de uma área técnica, o Tribunal de Contas, Dema nasceu talhado para o jogo da política.

Basta conversar com qualquer vereador do Recife, mesmo da oposição, para conferir o que estou dizendo. E sem suspeição. Sequer o conheço. Só o vi uma única vez, quando apresentado a ele por um político aqui em Brasília. Raquel tem que encontrar o seu Dema. Não se faz governo bem-sucedido errando na medida certa da política. Tome-se como exemplo a derrota dupla que o Governo sofreu na Alepe.

Por ampla maioria – 36 votos favoráveis – os deputados aprovaram, na tarde da última terça-feira, duas propostas que contrariam interesses do Governo, uma que transforma as emendas de controle do Estado em impositivas, e outra que permite autonomia ao Legislativo em matéria financeira. Se Raquel tivesse um mínimo de jogo de cintura e operasse bem a arte da sedução pela política jamais isso teria ocorrido.

Jamais um Eduardo Campos sofreria uma derrota dessa magnitude. Maquiavel ensinou que o primeiro método da gestão por excelência é o governante olhar para os homens que tem à sua volta. Um governante bem assessorado pode até contrariar o preceito básico do maquiavelismo – torna-se odiado tanto fazendo o bem como o mal.

Ensinou ainda Maquiavel que o ser humano é um animal político, seja governante ou governado.

Rápido no gatilho – Depois da sessão que descampou para a baixaria, na última terça-feira, na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, quando o ministro da Justiça, Flávio Dino, se retirou depois da deputada Carla Zambelli (PL-SP) mandar o deputado Duarte (PSB-MA) tomar naquele lugar, o deputado Coronel Meira, do PL pernambucano, entrou de imediato com um pedido de convocação para o ministro voltar à comissão para explicar os atentados de 8 de janeiro, além da política de armas do Governo Lula.

Virou uma fortaleza – Se já estava forte como líder do PSB na Câmara dos Deputados, o pernambucano Felipe Carreras ganhou mais envergadura política ao ser escolhido, ontem, líder de um bloco partidário integrado por 173 parlamentares do União Brasil, PP, PSDB, PSB, PDT, Avante, Solidariedade, Cidadania e Patriota. Virou, na prática, o maior bloco da Casa, já apelidado de blocão, cuja ação política se dará em defesa dos interesses do Governo Lula no Congresso.

Sudene – Deputados pernambucanos que integram a delegação de Lula na viagem à China devem voltar informados quanto ao destino da Sudene, Codevasf e Hemobrás, principais espaços do segundo escalão federal no Estado ainda vivendo um logo capítulo de novela mexicana, que nunca acaba. Pela Sudene, brigam Marília Arraes, do Solidariedade, com o PT. Principal liderança petista em Pernambuco, Humberto já indicou um aliado da sua confiança para a Sudene, mas Lula ainda não bateu o martelo.

Só na direção – Ao ex-deputado Sebastião Oliveira, principal liderança do Avante no Estado, o Governo ofereceu a principal diretoria da Hemobrás, mas ele não quis, até porque, conforme tem dito a aliados, não está à procura de emprego, mas de um espaço que possa fazer a política que sempre fez em alinhamento com os mais de 40 prefeitos do seu grupo, que elegeu Waldemar Oliveira, o Dema, seu irmão, para a Câmara dos Deputados.

Virou mel de abelha – O presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB), que o PT batizou de “Picolé de Chuchu”, quando ele atuava no campo adversário, caiu na graça dos petistas, até os mais radicais, que têm revelado em conversas de bastidores no Congresso que o ex-governador paulista tem tido, em algumas ocasiões, mais habilidade política do que o próprio Lula. De repente, não se sabe se por razões republicanas ou não, Alckmin deixou de ser Chuchu. Ficou tão doce quanto mel de abelha.

CURTAS

EMENDAS – O prefeito de Afrânio, Rafael Cavalcanti (MDB), passou dois dias em Brasília tentando liberar emendas federais que garantiu no orçamento da União para o município. Ganhou guarida do senador Fernando Dueire (MDB), que substitui Jarbas Vasconcelos em licença de saúde.

TÉCNOLÍTICO – Por falar em Dueire, que cumpre a prorrogação de mais 30 dias da licença de Jarbas, senadores dos mais variados partidos e Estados, têm elogiado bastante o desempenho dele na Casa. Dueire é um técnolítico, uma mistura de técnico com político, como diria o ex-governador Joaquim Francisco.

Perguntar não ofende: Flávio Dino vai aceitar o convite para voltar a depor na Câmara?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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