sexta-feira, 21 de abril de 2023

Distância dos políticos

 

A governadora Raquel Lyra (PSDB) fez sua primeira incursão ao Interior, nos últimos dois dias, após 100 dias de gestão. Começou por Caruaru, município que governou, passando em seguida por Arcoverde, Sertânia e Serra Talhada. Na terra de Lampião – e também do ilustre Agamenon Magalhães – promoveu um encontro com prefeitos.

Diferente de todos os que já passaram pelo Palácio do Campo das Princesas, incluindo os biônicos, como Moura Cavalcanti e Marco Maciel, Raquel fez um voo solo. Não convidou um só deputado para integrar a sua delegação, nem mesmo votados no Sertão do Pajeú, como Luciano Duque, majoritário em Serra Talhada, Kaio Maniçoba, Fabrício Ferraz e Rodrigo Novaes, os três últimos votados não apenas em Serra, mas majoritários em Floresta.

Nem José Patriota, ex-presidente da Amupe, pai da ideia da criação da Frente Municipalista na Alepe, foi lembrado. E Patriota, diga-se de passagem, foi o principal padrinho e patrono da eleição da atual presidente da Associação Municipalista de Pernambuco, Márcia Conrado, prefeita de Serra Talhada, anfitriã do encontro que reuniu os prefeitos da região. É incompreensível esse distanciamento dos políticos por parte da governadora.

Mais estranho, ainda, é que, três dias antes, ela esteve no plenário da Assembleia Legislativa, num gesto louvável, para apresentar um pedido de empréstimo de R$ 3,4 bilhões, com o discurso de reconhecimento e valorização do Legislativo. Mas a sua prática política, conforme a rifada que deu nos deputados da região, vai a léguas de distância em relação ao seu discurso.

Bem diferente – Quando governador, Eduardo Campos só andava ladeado de deputados pelo Interior. Nas maiores distâncias, reservava as vagas no avião para os parlamentares. Na chegada aos municípios, para cumprir agenda, usava uma Van, apinhada de deputados, prefeitos, assessores e vereadores. O roteiro sempre acabava com um jantar na casa do prefeito anfitrião, num clube ou restaurante. Havia ocasiões que o ex-governador se hospedava até na casa de prefeitos ou deputados da região. Era um craque nesse jogo da política.

Frieza e distanciamento – Na sessão em homenagem aos 25 anos da Folha de Pernambuco, ontem, no espaço Sérgio Guerra, na Assembleia Legislativa, conversei com pelo menos 10 parlamentares. Em todos, encontrei uma posição consensual em relação ao Governo Raquel: falta de interlocução política. “É um governo que nos trata, mesmo aliados, como adversário”, relatou um deles, adiantando que procurou saber em Caruaru como foi a sua relação com os vereadores, chegando à conclusão de não haver nenhuma diferença. “Frieza e distanciamento”, ironizou.

Bolsonaro depõe – O ex-presidente Jair Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal a depor no inquérito sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. O depoimento está marcado inicialmente para a próxima quarta-feira. O ex-presidente será questionado sobre suposta ‘incitação’ aos radicais que, naquele dia, deixaram um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes. O depoimento atende a determinação do ministro Alexandre de Moraes. No último dia 14, o magistrado acolheu pedido da Procuradoria-Geral da República e ordenou que a oitiva do ex-chefe do Executivo fosse agendada em até dez dias.

Dois pesos, duas medidas – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manteve a prisão preventiva do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, investigado por suposta conivência com os atos golpistas do dia 8 de janeiro. O magistrado negou pedido da defesa, que tinha parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, por considerar que no atual momento das investigações a ‘razoabilidade e proporcionalidade continuam justificando a necessidade e adequação’ da medida. Mas o general Gonçalves Dias, demitido do Ministério do Gabinete de Segurança Institucional, que deu guarida aos baderneiros no mesmo episódio, não será preso.

Crime organizado – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o deputado Coronel Meira (PL) disse não ter dúvidas de que as depredações do Planalto e das sedes do Congresso e Supremo, no dia 8 de janeiro, foram feitas por integrantes do crime organizado. Segundo ele, um deles, que aparece quebrando o relógio do Palácio do Planalto, já foi investigado e pertence a um grupamento. “Ele sequer foi preso, o que mostra o envolvimento do Governo com o crime organizado”, afirmou.

CURTAS

SERTÂNIA – Em Sertânia, a governadora Raquel Lyra foi recepcionada, ontem, pela empresária Pollyanna Abreu, adversária do prefeito Ângelo Ferreira (PSB). Foi uma sinalização de que poderá ser candidata à prefeita do município em 2024 apoiada pela tucana, com quem tem uma relação bem antiga e próxima.

TAPAS E BEIJOS – Já em Serra Talhada, a governadora evitou a presença de deputados na reunião com os prefeitos para não constranger a anfitriã Márcia Conrado, de relações abaladas com o ex-prefeito e padrinho político Luciano Duque, agora deputado estadual. A chamada relação entre tapas e beijos.

Perguntar não ofende: Por que a governadora não gosta da companhia de deputados?

Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário