sábado, 4 de março de 2023

Dono do cofre se finge de morto

 

Seria cômica se não fosse trágica a declaração do secretário estadual da Fazenda, o ilustre desconhecido Wilson José de Paula, importado de Brasília, onde serviu a um dos mais impopulares governadores do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, do PSB, que a governadora Raquel Lyra (PSDB) esmaga sem piedade, informando que está apurando as denúncias sobre atraso no pagamento dos salários das merendeiras.

Apurar denúncia? Será que o estrangeiro dono do cofre de Raquel não sabe a quem paga? “Nós vamos abrir um canal de comunicação. É bom registrar que elas (as merendeiras) nunca estiveram aqui, nunca procuraram a Fazenda”, disse ele. Ora, merendeira não tem acesso direto para ir ao gabinete do secretário reclamar de salário atrasado, a não ser em protesto em frente ao gabinete da excelência.

Que, aliás, deixou a governadora passar por um tremendo vexame ontem. Na frente do ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Ceará, as merendeiras passaram um pito de cobrança na tucana, conforme vídeo postado neste blog. Raquel estava na posse da nova presidente da Fundação Joaquim Nabuco. Quando seu nome foi anunciado para discursar, um grupo de pessoas começou a gritar, cobrando o pagamento do salário das merendeiras.

Fingindo-se de morto, o secretário da Fazenda disse desconhecer os atrasos das merendeiras. “Vamos procurar entender melhor o que aconteceu”, disse o estrangeiro, como se não recebesse, todos os dias, cobranças das empresas terceirizadas responsáveis pela folha das merendeiras. Incrível, mas tudo que está acontecendo no Governo Raquel em relação a pagamento de pessoal é de um amadorismo atroz ou falta de planejamento.

Afinal, por pior herança que tenha recebido do ex-governador Eduardo Campos, Paulo Câmara, antecessor de Raquel, nunca atrasou salário em seus oito anos de gestão. A tucana entra para a história do Estado não apenas como a primeira governadora mulher, mas também como a primeira gestora estadual a não pagar salários em dia.

Constrangimento – “Governadora, cadê o salário das merendeiras”, provocou um grupo de mulheres presentes à posse da nova presidente da Fundação, Joaquim Nabuco, Márcia Aguiar, indicada pelo grupo do PT no Estado liderado pelos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, que estavam na solenidade. O ministro da Educação, Camilo Santana, que veio ao Estado apenas com objetivo de prestigiar o evento, ficou meio sem jeito, como se estivesse constrangido também.

Mendonça presidente – O deputado federal Mendonça Filho não tem uma relação das melhores com o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, mas, ontem, ocupou um naco do partido no Estado: assumiu a presidência municipal da legenda no Recife num processo democrático. Foi eleito, por unanimidade, para um mandato de três anos, durante convenção num hotel na zona sul. O UB está firmando um casamento com o Progressistas (PP) para uma federação que terá mais de 100 deputados na Câmara Federal.

PT aderiu – Na passagem pelo Recife, ontem, o ministro da Educação, Camilo Santana, fez uma visita ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), que abriu o seu Governo para o PT. No encontro, já estavam presentes os dois novos auxiliares da sua gestão filiados ao Partido dos Trabalhadores – Oscar Barreto, que assume Meio Ambiente, e Ermes Costa, escolhido para Habitação. Barreto já tem coração socialista. No passado, foi o nome da mais absoluta confiança do ex-governador Eduardo Campos na relação com o universo petista e seus caciques.

Atraso na justiça – O Ministério Público do Trabalho (MPT) investiga o atraso no pagamento de salários de cerca de 20 mil funcionários de três empresas terceirizadas contratadas pelo Governo do Estado para realizar serviços em escolas estaduais. Na quarta-feira passada, o órgão deu o prazo de cinco dias para a Secretaria de Educação apresentar informações para resolver o problema. Os contratos investigados são os firmados com três empresas: Maranata, que faz a limpeza; Toppus, responsável pelos porteiros; e BBC, pelos vigilantes. No despacho assinado pela procuradora do trabalho Adriana Freitas Evangelista Gondim, apenas a Maranata é citada.

Perda de Ministério – A bancada do União Brasil no Congresso está desesperançosa sobre a possibilidade de a sigla manter o Ministério das Comunicações, caso o ministro Juscelino Filho seja exonerado por Lula. A aposta entre os parlamentares do Congresso é que, com uma provável demissão de Juscelino, Lula vá optar por oferecer a pasta para outras siglas. O motivo seria uma insatisfação muito grande do PT com o União Brasil, especialmente na Câmara dos Deputados. Em conversas de bastidores, lideranças do União dizem que a tendência é que a bancada não entregue os votos desejados pelo PT. Com isso, o governo deverá oferecer o Ministério para siglas como o PP ou Republicanos.

CURTAS

FATURAS – Entre as medidas solicitadas pelo MPT, o Governo Raquel deverá esclarecer se há faturas pendentes à empresa Maranata Prestadora de Serviços e Construções LTDA, que é responsável pelo serviço de limpeza de escolas estaduais; se há créditos pendentes; se houve regularização dos pagamentos em atraso, com indicação das penalidades administrativas aplicadas em razão do atraso.

VAI CAIR – O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, descumpriu ordem do presidente Lula ao trazer de volta para a pasta nove demitidos pelo atual governo que ocuparam cargos estratégicos na gestão de Jair Bolsonaro. Desde que assumiu o Palácio do Planalto, o petista tem cobrado de seus ministros uma “desbolsonarização” das pastas. Juscelino também empregou no Ministério a irmã do sócio do haras de sua família, onde cria cavalos de raça.

Perguntar não ofende: O que Lula está esperando para dar o cartão vermelho ao ministro das Comunicações?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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