terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Marília constrói de fora para dentro do PT, que cede. Lira zera processo

Marília constrói de fora para dentro do PT, que cede. Lira zera processo

Na política, vale a máxima de que "acabou 2020, já é 2022". Em outras palavras, Marília Arraes perdeu a eleição para Prefeitura do Recife, mas já tem nome ventilado para a disputa pelo Governo do Estado. E essa próxima corrida majoritária passa pelo desempenho dela na disputa pela Mesa Diretora da Câmara Federal. Um aliado dela, em reserva, traduz: "Esse resultado da Mesa tem tudo a ver com a sobrevivência política dela". O novo presidente da Câmara, Arthur Lira, eleito com 302 votos ontem, dissolveu o bloco de Baleia Rossi, determinando a volta do processo à estaca zero, projetando novo prazo para eleição dos demais cargos da Mesa. A despeito desse movimento, definido por um deputado de Pernambuco, em reserva, como "uma hecatombe", a costura conduzida por Marília Arraes, visando à eleição para Mesa configurou uma construção de fora para dentro do PT. Em outras palavras, como a coluna antecipou, o projeto original da pernambucana era registrar uma candidatura avulsa, ainda que o PT lançasse oficialmente uma outra postulação ancorada no bloco de Baleia Rossi. A pretensão de bater chapa gerou um acirramento de ânimos e, em reunião, ontem ainda pela manhã, o partido não só cogitou abrir mão da vaga para não dar apoio a ela, como o debate esbarrou na hipótese de expulsão. Quem acompanhou o encontro diz que Marília não arredou o pé e chegou a argumentar que o partido teria, então, que explicar à sociedade o fato de abrir mão de um espaço na Mesa, vetando a chance dela de concorrer. A discussão na sigla vinha marcada por racha interno no PT e o partido ainda não havia definido um nome para disputa. Marília, a essa altura, pelo bom relacionamento nutrido na Casa, já havia conquistado votos, inclusive, de eleitores de Arthur Lira, apoiado pelo Planalto. Mesmo no bloco de apoio a Baleia, já se vaticinava desde o domingo: "Marília ganha para qualquer candidato do PT, porque tem os votos do grupo de Arthur". Nesse contexto, o PT cedeu. O embate, ainda que interrompido pelo gesto de Lira, deixa cicatrizes e, em paralelo, uma demonstração de força da deputada dentro da Câmara, que ultrapassou as fronteiras do PT e pode ter reflexos em 2022.


Liderança de Danilo em xeque
Movimento feito ontem pelo líder do PSB, Alessandro Molon, que cedeu a vaga do partido na Mesa à Joenia Wapichana, da Rede, foi lido no partido como reação aos dissidentes da sigla, que defendiam voto em Arthur Lira. O gesto rendeu rumores, por tabela, de que uma reviravolta poderia se dar ainda em relação à liderança da legenda, que está hipotecada por acordo antigo a Danilo Cabral.

Consultório > O deputado Felipe Carreras realçou que a vaga da 4ª secretaria, cedida a Joenia Wapichana, regimentalmente caberia ao PSB e questionou ausência de consulta à bancada: "Por que não entregou a uma mulher do partido? Temos três deputadas". Faz referência a Liziane Bayer, Lídice da Mata e Rosana Valle.

Detalhe > A lista do PSB que formalizou a constituição do bloco de Baleia Rossi contou com 18 assinaturas, o que configura maioria da bancada de 30 membros. De Pernambuco, dois nomes que já haviam declarado apoio ao candidato de Rodrigo Maia não assinaram: Tadeu Alencar e Milton Coelho. 

Tabela > Milton Coelho admite que "resolveu não assinar". Ele explica: "Já havia número suficiente para formalizar o bloco. Essa era a finalidade e já cumprida". Tadeu segue a mesma linha: “A lista tinha o objetivo exclusivo de constituir o bloco. A constituição já estava assegurada, prescindindo da minha assinatura”. Na esteira, assegurou voto em Baleia: “O voto é que é importante”.

Fonte : Folha de PE.

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