Marília constrói de fora para dentro do PT, que cede. Lira zera processo
Na política, vale a máxima de que "acabou 2020, já é 2022". Em outras palavras, Marília Arraes perdeu a eleição para Prefeitura do Recife, mas já tem nome ventilado para a disputa pelo Governo do Estado. E essa próxima corrida majoritária passa pelo desempenho dela na disputa pela Mesa Diretora da Câmara Federal. Um aliado dela, em reserva, traduz: "Esse resultado da Mesa tem tudo a ver com a sobrevivência política dela". O novo presidente da Câmara, Arthur Lira, eleito com 302 votos ontem, dissolveu o bloco de Baleia Rossi, determinando a volta do processo à estaca zero, projetando novo prazo para eleição dos demais cargos da Mesa. A despeito desse movimento, definido por um deputado de Pernambuco, em reserva, como "uma hecatombe", a costura conduzida por Marília Arraes, visando à eleição para Mesa configurou uma construção de fora para dentro do PT. Em outras palavras, como a coluna antecipou, o projeto original da pernambucana era registrar uma candidatura avulsa, ainda que o PT lançasse oficialmente uma outra postulação ancorada no bloco de Baleia Rossi. A pretensão de bater chapa gerou um acirramento de ânimos e, em reunião, ontem ainda pela manhã, o partido não só cogitou abrir mão da vaga para não dar apoio a ela, como o debate esbarrou na hipótese de expulsão. Quem acompanhou o encontro diz que Marília não arredou o pé e chegou a argumentar que o partido teria, então, que explicar à sociedade o fato de abrir mão de um espaço na Mesa, vetando a chance dela de concorrer. A discussão na sigla vinha marcada por racha interno no PT e o partido ainda não havia definido um nome para disputa. Marília, a essa altura, pelo bom relacionamento nutrido na Casa, já havia conquistado votos, inclusive, de eleitores de Arthur Lira, apoiado pelo Planalto. Mesmo no bloco de apoio a Baleia, já se vaticinava desde o domingo: "Marília ganha para qualquer candidato do PT, porque tem os votos do grupo de Arthur". Nesse contexto, o PT cedeu. O embate, ainda que interrompido pelo gesto de Lira, deixa cicatrizes e, em paralelo, uma demonstração de força da deputada dentro da Câmara, que ultrapassou as fronteiras do PT e pode ter reflexos em 2022.
Liderança de Danilo em xeque
Movimento feito ontem pelo líder do PSB, Alessandro Molon, que cedeu a vaga do partido na Mesa à Joenia Wapichana, da Rede, foi lido no partido como reação aos dissidentes da sigla, que defendiam voto em Arthur Lira. O gesto rendeu rumores, por tabela, de que uma reviravolta poderia se dar ainda em relação à liderança da legenda, que está hipotecada por acordo antigo a Danilo Cabral.
Consultório > O deputado Felipe Carreras realçou que a vaga da 4ª secretaria, cedida a Joenia Wapichana, regimentalmente caberia ao PSB e questionou ausência de consulta à bancada: "Por que não entregou a uma mulher do partido? Temos três deputadas". Faz referência a Liziane Bayer, Lídice da Mata e Rosana Valle.
Detalhe > A lista do PSB que formalizou a constituição do bloco de Baleia Rossi contou com 18 assinaturas, o que configura maioria da bancada de 30 membros. De Pernambuco, dois nomes que já haviam declarado apoio ao candidato de Rodrigo Maia não assinaram: Tadeu Alencar e Milton Coelho.
Tabela > Milton Coelho admite que "resolveu não assinar". Ele explica: "Já havia número suficiente para formalizar o bloco. Essa era a finalidade e já cumprida". Tadeu segue a mesma linha: “A lista tinha o objetivo exclusivo de constituir o bloco. A constituição já estava assegurada, prescindindo da minha assinatura”. Na esteira, assegurou voto em Baleia: “O voto é que é importante”.
Fonte : Folha de PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário