A justiça chega tarde, mas não falha, ouvi muito esse cacoete quando comecei a entender o andar tartaruga do judiciário brasileiro. Em Arcoverde, contrariou esse prognóstico. Durou menos de 60 dias após a posse do prefeito Wellington Maciel (MDB), eleito pelo rolo compressor da ex-prefeita Madalena Brito (PSB). Foi tanto dinheiro torrado na compra de votos que o plenário do Tribunal Regional Eleitoral manteve, ontem, por unanimidade, a decisão do juiz Drauternani Pantaleão tornando sem efeito o resultado da eleição passada.
Pela decisão, o prefeito, se não conseguir liminar sustando a medida até julgamento no TSE, será obrigado a deixar de despachar na sede do Poder em Arcoverde já na próxima segunda-feira, assumindo em seu lugar, provisoriamente, o presidente da Câmara de Vereadores. Isso porque o vice-prefeito Israel Rubis, que vivia chamando a prefeita e madrinha de Wellington de corrupta, também dançou. E feio!
A vitória de chuvas de dinheiro que não cai do céu sumiu num sopro conjunto dos sete desembargadores do TRE, instituição, aliás, avacalhada na véspera do julgamento, na quarta-feira, por aliados do prefeito, antecipando um resultado supostamente favorável ao chefe pelas redes sociais, o que, evidentemente, não se confirmou porque se tratava de fake news. As provas de abuso de poder econômico são tão gritantes que não houve um só voto contrário ao relator do processo.
Diante disso, tão logo a sessão de julgamento chegou ao final ontem, confirmando a derrocada do prefeito, que não é apenas dele, mas sobretudo da ex-prefeita, que mora numa mansão hollydiana em Arcoverde, a população foi às ruas comemorar.
Uma festa com sabor de justiça.
Os candidatos – Se de fato o TSE confirmar nova eleição em Arcoverde, como julgou e decidiu ontem o TRE, o candidato do grupo da ex-prefeita Madalena Brito (PSB) na tentativa de barrar o favorito Zeca Cavalcanti (PTB), ainda é uma grande incógnita, mas já se especulam os nomes do ex-vice Wellington Araújo, e do vereador Luciano Pacheco. Não se fala em nenhum nome ligado ao já considerado prefeito afastado Wellington Maciel. Arcoverde é considerada a porta de entrada do Sertão, maior colégio eleitoral do Moxotó.
Ato falho – O presidente Bolsonaro pisa o solo pernambucano, hoje, quatro meses após inaugurar um trecho da Adutora do Pajeú, em Afogados da Ingazeira. Mas como da vez anterior, cometeu a indelicadeza de não convidar o governador Paulo Câmara. Não dá para entender. Palácio do Planalto e Palácio do Campo das Princesas são instituições do povo, acima das questiúnculas políticas. Quem pensar e agir diferente comete um tremendo e imperdoável equívoco.
Reivindicação – Anfitrião da visita presidencial, o prefeito de Sertânia, Ângelo Ferreira (PSB), aliado do governador, admitiu, ontem, que a obra do Ramal do Agreste, sistema a ser testado hoje pelo presidente Bolsonaro, sofreu paralisação no Governo Dilma, chegou a ser retomada por Michel Temer, mas ganhou velocidade de verdade no atual Governo. Ele vai aproveitar a presença do presidente e do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, para reivindicar que as águas que brotarão pelo projeto sejam também utilizadas para irrigação, beneficiando os agricultores que moram na região do Barro Branco, onde foi edificado o Ramal do Agreste, parte integrante da Transposição do São Francisco.
Câmara decide sobre Silveira – Após audiência de custódia e decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), líderes partidários decidiram marcar, para as 17h de hoje, a sessão plenária que decidirá sobre a manutenção ou não da detenção. O anúncio oficial foi feito pela assessoria de imprensa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Segundo presentes no encontro, a maioria dos deputados deve votar para manter a prisão. São necessários votos de 257 deputados (maioria absoluta da composição da Câmara), em votação nominal e aberta. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) será o relator do tema.
Só de ouvir falar – A redução da presença de Paulo Guedes na mídia nas últimas semanas é refletida na popularidade do ministro. Segundo pesquisa PoderData, houve queda no número de pessoas que dizem conhecê-lo bem em nove pontos percentuais desde dezembro de 2020. No último levantamento, 50% consideravam “conhecer bem” Guedes. Agora, 41% dizem que conhecer bem o czar da Economia, 51% apenas “ouviram falar” e 8% disseram não conhecer. Os dados foram coletados de 15 a 17 de fevereiro, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 456 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
CURTAS
TOQUE DE RECOLHER – Por causa do risco de contágio do novo coronavírus, a prefeitura de Nazaré da Mata, na Zona da Mata de Pernambuco, distante 69 quilômetros do Recife, proibiu o funcionamento de bares, restaurantes e lanchonetes após as 20h. Também limitou o número de fiéis nas igrejas da cidade. O decreto número 11/21 já está em vigor. As medidas têm validade, a princípio, de 30 dias e podem ser estendidas, em caso de necessidade, segundo o município.
MULTA – Oito dias depois de levar uma multa de R$ 50 mil por poluição atmosférica, a Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Ipojuca, no Grande Recife, foi autuada novamente, ontem, pela Agência Pernambucana de Meio ambiente CPRH). Segundo órgão, desta vez, ficou constatada uma alteração na qualidade do ar. A CPRH vem recebendo denúncias de problemas na qualidade do ar feitas por moradores de prédios no entorno da refinaria.
Perguntar não ofende: Qual pecado Paulo Câmara cometeu para ser barrado no baile?
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