Igo Estrela/Metrópoles
Com a remarcação da viagem à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá uma agenda intensa de encontros diplomáticos neste mês de abril. Conforme apurou o Metrópoles, o Itamaraty negocia pelo menos quatro reuniões estratégicas nos próximos 30 dias, entre elas, a agenda bilateral com Xi Jinping, a visita do chanceler russo Sergei Lavrov ao Brasil, e um tour pela Península Ibérica.
A primeira delas será a visita a Pequim, adiada na última semana por motivos de saúde do presidente brasileiro. Lula sugeriu o período entre 12 e 15 de abril para a agenda, e recebeu o aval do governo chinês. O encontro entre Lula e Xi Jinping está previsto para o dia 14 de abril.
Caso a viagem ao país asiático se concretize, o petista terá visitado os três principais parceiros comerciais do Brasil (China, Estados Unidos e Argentina) com menos de 6 meses de governo.
O objetivo da agenda na Ásia é retomar as relações bilaterais entre Brasil e China, após quatro anos de hostilidades durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Na pauta, Lula também pretende discutir com o líder do país asiático uma proposta de solução para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, bem como um novo desenho para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Propostas de paz
O papel do Brasil como um dos mediadores das propostas de paz entre a Rússia e a Ucrânia pode, ainda, ganhar um novo capítulo nos próximos dias, com a visita programada do chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, a Brasília. O ministro de Vladmir Putin virá ao país após encontro alinhado com o homólogo brasileiro, Mauro Vieira, em março, durante a cúpula do G20 na Índia.
Desde o início do governo, Lula vem expressado interesse em contribuir com a solução do conflito no Leste Europeu. Em visita aos Estados Unidos, o presidente brasileiro apresentou ao presidente americano, Joe Biden, a proposta de criar um grupo de países para negociar a paz entre Moscou e Kiev. O tema também figurou nos debates do mandatário brasileiro com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
O governo brasileiro mantém uma posição de neutralidade que remonta desde a gestão de Jair Bolsonaro (PL), sem condenar uma resolução bélica para qualquer desacordo. Lula chegou a dizer, no ano passado, que Zelensky é tão culpado pela guerra quanto Putin.
Em janeiro deste ano, já no comando do Palácio do Planalto e em uma mudança de discurso, o petista disse que a Rússia cometeu um “erro crasso” ao invadir a Ucrânia, e afirmou que “quando um não quer, dois não brigam”.
No dia em que a guerra na Ucrânia completou um ano, em 24 de fevereiro, Lula voltou a defender a atuação de um grupo de países não envolvidos no conflito para encaminhar uma negociação que restabeleça a paz na região, e definiu a necessidade de encerrar o conflito bélico como uma questão “urgente”.
A proposta de uma resolução mediada pela comunidade internacional tem sido bem recebida por ambos os lados do conflito. Conciliar as demandas russas sobre o território ucraniano, no entanto, é um grande desafio para nações aliadas. O conflito entrou no segundo ano sem perspectiva de resolução, diante do aumento das ofensivas e da anexação russa de territórios vizinhos.
Laços históricos
A agenda ao exterior do mandatário brasileiro também inclui uma visita de Estado a Portugal, entre 22 e 25 de abril, para participar da cúpula bilateral luso-brasileira, reunião conjunta dos dois governos. A visita coincide com a comemoração dos 49 anos da Revolução dos Cravos, revolta que derrubou a ditadura militar em território português, em 1974.
Segundo o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, Lula aceitou o convite da Espanha e decidiu estender a estadia em território europeu para uma visita oficial a Madri, antes de retornar ao Brasil. O mandatário brasileiro hesitou em aceitar a proposta, visto que permaneceria por um longo período longe do país, mas confirmou a agenda.
A confirmação da visita foi dada pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, durante encontro com o chanceler espanhol, José Manuel Albares, na sexta-feira (24/3).
Cabe ainda ao Itamaraty encontrar uma data para a viagem de Lula aos Emirados Árabes, prevista para a última sexta-feira (31/3) – na volta da agenda da China –, que também acabou cancelada por motivos de saúde. Outra possibilidade ventilada é a visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Mas o encontro depende da articulação de outros compromissos oficiais já firmados.
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