Na ânsia de se manter no poder, o PSB tem jogado o legado de Arraes e de Eduardo Campos no lixo. E mais um sinal trágico desse desvio foi dado no episódio que assegurou a presença do PP e do Pros na Frente Popular. Saíram sacrificados, sem a menor cerimônia, os históricos e fiéis militantes do PSB: Milton Coelho (deputado federal e candidato à reeleição), e Gustavo Melo (presidente da Ceasa e um dos melhores quadros de mobilização das últimas campanhas vitoriosas de Eduardo Campos, Geraldo Júlio, Paulo Câmara e João Campos).
Milton, aliás, foi escalado para bater em Eduardo da Fonte quando o PP sinalizou apoio à Marília Arraes. Bateu politicamente duro e certeiro no presidente estadual do PP. Se vê agora jogado na jaula dos leões, com risco de não emplacar a reeleição. As negociações para segurar Eduardo da Fonte na Frente Popular envolveram bases socialistas ligadas ao candidato a governador, Danilo Cabral, a quem Milton foi um dos primeiros a defender seu nome para encabeçar o comando da chapa majoritária nas próximas eleições.
Essas bases que poderiam migrar para Milton Coelho foram entregues pelo PSB a Dudu da Fonte para eleger o filho Lulinha, candidato a deputado federal, atrapalhando o projeto de um histórico socialista. As negociações avançaram também em direção à Ceasa e atingiram o presidente do órgão, Gustavo Melo. Vai assumir o comando da Central de Abastecimento o presidente do Pros, Bruno Rodrigues.
Até aí nada de novo. Aparentemente, uma movimentação política para atender acordos políticos e partidários. Mas o tratamento ao agora ex-presidente, demitido sem ao menos tomar conhecimento prévio, provocou uma reação negativa em cadeia entre as alas mais jovens do Governo e da Prefeitura do Recife que ele, Melo, sempre mobilizou e influenciou para eleger os quadros socialistas.
Gustavo se sentiu golpeado – O ex-presidente da Ceasa, Gustavo Melo, comandava pessoalmente um grupo no aplicativo WhatsApp chamado de Espaço Democrático - ED. Reunia os principais quadros jovens do PSB lotados no Governo e Prefeitura do Recife. Ao anunciar sua demissão, Melo lamentou a forma como foi tratado e, magoado, abandonou o ED. Logo em seguida ao seu gesto, dezenas de seguidores também abandonaram o grupo em solidariedade a ele. "Não foram os primeiros e nem serão os últimos casos de chutar os históricos do PSB para a lata do lixo. Mas vingança, como disse o escritor inglês James Payne, é um prato que se come frio", comentou um socialista em reserva, prevendo uma legião de militantes que se distanciam da campanha de Danilo Cabral dia após dia.
Sem aval de Marília – Nos bastidores, segundo versões correntes entre os aliados do próprio Dudu da Fonte, ele teria pedido a Marília Arraes autonomia para conduzir o processo da eleição proporcional em sua coligação, mas nunca teria recebido carta branca dela para isso. Teria ficado ressabiado com o prestígio que a pré-candidata do Solidariedade passou a dar ao advogado Dema Oliveira, que disputa uma vaga na Câmara Federal com o espólio eleitoral de Sebastião Oliveira, de quem é irmão.
Pros avançou mais – O novo presidente da Ceasa, Bruno Rodrigues, é carne e unha com Dudu da Fonte. Nas negociações com Marília, o presidente do PP o indicou para coordenar a campanha da pré-candidata do Solidariedade ao Governo do Estado. Rodrigues ainda chegou a tomar gosto pelo desafio posto à frente, anunciando, inclusive, num ato público o apoio formal do Pros, partido que comanda, por indicação de Dudu, apoio à Marília.
Empate no Rio – Pesquisa Datafolha realizada de 29 de junho a 1º de julho de 2022 mostra cenário de empate técnico para eleições ao Governo do Rio de Janeiro em 1º turno entre o atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), com 23% das intenções de voto, e Marcelo Freixo (PSB), 22%. Na sequência da disputa pelo Palácio Guanabara aparecem Rodrigo Neves (PDT), com 7%; Eduardo Serra (PCB), 6%; e Cyro Garcia (PSTU), 5%. Felipe Santa Cruz (PSD), coronel Emir Larangeira (PMB) e Paulo Ganime (Novo) têm 2% cada. Brancos e nulos somam 22%, e outros 10% não souberam responder.
Pegue o boné, Dudu! – Escalado para bater duramente em Dudu da Fonte, que havia iniciado negociações em apoio à candidatura de Marília Arraes, o deputado federal Milton Coelho golpeou o líder do PP. Chegou a assinar uma nota na mídia, na qual destacou: "Se é desejo do deputado Dudu da Fonte virar as costas para a Frente Popular que o faça agora! Pegue seu boné e vá embora, porque está incomodando muito também. A política agressiva do bolsonarismo não vai se criar na Frente Popular!",
CURTAS
NO EXTERIOR – O interesse de brasileiros que vivem no exterior em participar das eleições tem crescido fortemente a cada pleito, e demandado esforço cada vez maior do Estado em oferecer a estrutura para a votação em cerca de 100 países. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), há 666.663 brasileiros aptos a votar fora do país. O atual eleitorado brasileiro registrado no exterior é maior do que o de três estados: Acre, que tem 578.282 eleitores; Amapá (548.999) e Roraima (366.355).
EM MINAS – Pesquisa Datafolha sobre o governo do Estado de Minas Gerais, divulgada ontem, aponta que o atual governador, Romeu Zema (Novo), continua a liderar as intenções de voto com 47%. Já o ex-prefeito da capital Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), aparece na segunda posição, com 21%.
Perguntar não ofende: Milton Coelho vai pedir perdão a Dudu?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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