quarta-feira, 10 de maio de 2023

Raquel fecha as pontes políticas

 

Em entrevista, ontem, à Folha de Pernambuco, o líder do blocão na Câmara dos Deputados, Felipe Carreras (PSB), reconheceu o que todos os colegas da bancada federal têm dito nos bastidores, mas com receio de assumir de público: é muito precária a relação da governadora Raquel Lyra (PSDB) com os 25 integrantes da bancada e os três senadores – Humberto Costa (PT), Teresa Leitão (PT) e Fernando Dueire (MDB).

“Ela vem a Brasília e não entra em contato com nenhum deputado”, disse Carreras, para quem isso revela uma postura não inteligente e que acaba prejudicando os interesses do Estado. “Aqui, mesmo sendo oposição, estamos abertos e dispostos a ajudá-la. Seu isolamento não é ruim para ela, é péssimo para o Estado”, assinalou.

Na verdade, Raquel dá aos federais o mesmo tratamento dispensado aos estaduais: total desprezo. Mas isso só é novidade para quem não a conhece. Quando prefeita de Caruaru, a tucana se comportou do mesmo jeito. Basta ouvir qualquer vereador na capital do Agreste. Todos são unânimes em afirmar que foram tratados como um lixo.

Mas não é assim que a banda toca no Estado. Por adotar essa mesma postura com os deputados estaduais, a governadora já sofreu acachapantes derrotas na Assembleia, como a mudança original da destinação dos R$ 3,4 bilhões e a troca do voto aberto pelo secreto na escolha dos próximos conselheiros para o Tribunal de Contas do Estado.

Quanto à bancada, dá para perceber que ninguém tem boa vontade para ajudá-la a garantir recursos federais para o Estado e a facilitar a tramitação do pedido de autorização para um empréstimo de R$ 3,4 bilhões, cuja palavra final dependerá do Senado e da disposição dos três senadores pernambucanos.

Água mole em pedra dura… – Raquel abriu exceção, ontem, na sua passagem por Brasília, ao se reunir com o deputado Augusto Coutinho, coordenador da bancada federal. Mas, faça-se a ressalva, muito tempo depois do parlamentar acenar para uma conversa em nome da bancada. Coube ao próprio Augusto convencê-la a participar, há 40 dias, sem sucesso, de uma reunião com o ministro da Defesa, José Múcio, e os 25 integrantes da bancada.

Rompimento em Serra – A prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), e o deputado Luciano Duque (SD) vinham mantendo uma postura de aliados de mentirinha pela mídia até a gestora, eleita por ele, dar uma entrevista numa emissora do município que o tirou do sério. No contra-ataque, Duque reclamou de pessoas ligadas a ele demitidas pela petista e de veiculação de vídeos nas redes falando do antes e depois da chegada dela ao poder para atacar a gestão passada. “Tenho uma história a zelar e que é reconhecida amplamente pelo povo de Serra Talhada”, desabafou.

Razão da briga – O que, na verdade, incomodou a prefeita de Serra foi uma pesquisa do Instituto Opinião, sexta-feira passada, apontando que a petista perdeu 15 pontos no seu ibope depois que se afastou de Duque e que perderia a eleição se o adversário fosse o próprio Luciano Duque por uma diferença de 12 pontos. Quando aliada do ex-prefeito, Conrado estava com 70% de aprovação. Agora, tem 55%.

Reação do Telegram – O aplicativo de mensagens Telegram enviou, ontem, para seus milhões de usuários, uma mensagem contrária ao Projeto de Lei das Fake News, que está em discussão na Câmara dos Deputados, sob a relatoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). A plataforma chama a proposta de “desnecessária” e diz que ela “concede poderes de censura ao governo”. O texto foi veiculado no canal “Telegram Brasil”, usado para comunicações oficiais da plataforma no País. Assim como o Google, o aplicativo de mensagens usou sua plataforma para criticar a proposta legislativa.

O feudo de Lira – Enquanto o PT e os demais partidos aliados de Lula aguardam, já sem paciência, a definição dos cargos de segundo escalão, como a Sudene, Hemobrás e Codevasf, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), consegue manter intactos os seus feudos federais em Alagoas, como a CBTU, a Codevasf e o Dnocs. Bolsonaro foi derrotado por Lula, mas nada mudou em Alagoas, uma prova de que o Brasil, como está revelado no exemplo alagoano, muda para mudar pouco.

CURTAS

ACINTE – O Ministério Público de Contas pediu informações ao prefeito de Santa Cruz da Baixa Verde, Irlando da Parabólica, quanto ao pagamento de um cachê de R$ 380 mil ao cantor Eduardo Costa, em festa anunciada para o próximo mês. Acabou cancelando o contrato. Pagar igual valor a um artista numa cidade tão pobre é um acinte.

SEM QUEDA – Líder do blocão na Câmara, o deputado Felipe Carreras não vê riscos do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, vir a ser substituído na volta de Lula do Reino Unido. “A articulação não está 100% porque o governo ainda é muito novo e está se ajustando”, afirmou.

Perguntar não ofende: Janja, a toda poderosa, não seria uma saída para articulação do Governo?

Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário