Patrick Fuentes e Ana Gabriela Oliveira Lima
São Paulo, SP e Salvador, BA
Enquanto mais da metade dos brasileiros diz que professores devem evitar falar de política, de acordo com pesquisa Datafolha, especialistas em educação apontam que discutir o tema é inerente ao processo educativo.
Para Ronai Rocha, doutor em filosofia e professor aposentado da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), o assunto não deve ser censurado. Ele diz que, tanto a política em seu sentido amplo, aquele ligado à interação cotidiana das pessoas, quanto a política partidária podem ser temas de discussão, mas os professores não devem impor suas opiniões pessoais.
O pensamento de Rocha vai na contramão dos 56% dos brasileiros que concordaram com o veto do tema na sala de aula. Ainda segundo a pesquisa Datafolha, a maioria das pessoas (54%) acredita que os pais devem ter o direito de proibir as escolas de ensinar temas que não aprovam.
Melquisedec Ferreira, professor, formado em ciências sociais, concorda que a política não deve ser censurada em sala. Para ele, todo ensino, mesmo o que busca ser apartidário e livre de doutrinações, assume viés ideológico.
“O professor, em qualquer aula que fale sobre um fenômeno político, tem de apresentar o maior número possível de abordagens, porque aí é o próprio aluno quem define o que é mais razoável.”
A política em sala de aula é alvo recorrente de críticas por parte de movimentos de direita, que afirmam existir um projeto de doutrinação de esquerda dentro das escolas.
Patrick Fuentes e Ana Gabriela Oliveira Lima
São Paulo, SP e Salvador, BA
Enquanto mais da metade dos brasileiros diz que professores devem evitar falar de política, de acordo com pesquisa Datafolha, especialistas em educação apontam que discutir o tema é inerente ao processo educativo.
Para Ronai Rocha, doutor em filosofia e professor aposentado da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), o assunto não deve ser censurado. Ele diz que, tanto a política em seu sentido amplo, aquele ligado à interação cotidiana das pessoas, quanto a política partidária podem ser temas de discussão, mas os professores não devem impor suas opiniões pessoais.
O pensamento de Rocha vai na contramão dos 56% dos brasileiros que concordaram com o veto do tema na sala de aula. Ainda segundo a pesquisa Datafolha, a maioria das pessoas (54%) acredita que os pais devem ter o direito de proibir as escolas de ensinar temas que não aprovam.
Melquisedec Ferreira, professor, formado em ciências sociais, concorda que a política não deve ser censurada em sala. Para ele, todo ensino, mesmo o que busca ser apartidário e livre de doutrinações, assume viés ideológico.
“O professor, em qualquer aula que fale sobre um fenômeno político, tem de apresentar o maior número possível de abordagens, porque aí é o próprio aluno quem define o que é mais razoável.”
A política em sala de aula é alvo recorrente de críticas por parte de movimentos de direita, que afirmam existir um projeto de doutrinação de esquerda dentro das escolas.
“Eu acho que é por isso que há um movimento forte de compensação [contra a política na sala de aula]”, diz. Ainda assim, o pesquisador defende que eventuais excessos de professores devem ser avaliados internamente pela diretoria das instituições.
Nora Krawczyk, pesquisadora na área de sociologia e política educacional e professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), lembra que a política perpassa a vida de todos, inclusive no contexto escolar.
“Aristóteles diz que somos todos animais políticos. O que ele quer dizer? Que somos capazes de pensar e realizar o bem comum”, diz. “Todos têm direito de ir à escola e se expressar nela. Nesse sentido, podemos dizer que a escola é uma instituição política, porque possibilita a emancipação do sujeito.”
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