O fator inesperado da pandemia muda radicalmente a forma de fazer campanha para as eleições municipais de novembro. Um ingrediente, no entanto, segue firme a forte nas prioridades estratégicas dos candidatos: o fortalecimento das chapas proporcionais. Seja em amplas alianças - como a Frente Popular, ou em pré-candidaturas de um único partido, os postulantes à Câmara do Recife são fundamentais para disseminar as candidaturas majoritárias nos bairros. “É importante que o candidato tenha visibilidade e também dê visibilidade aos seus vereadores. Até pelas características deste ano, pela própria pandemia, há dificuldade de fazer campanha corpo a corpo, caminhar pela cidade, será uma campanha mais online”, enfatiza o cientista político e professor da Unicap, Antônio Lucena.
Com a vantagem de ter uma ampla quantidade de vereadores com mandato como aliados, o deputado federal João Campos (PSB), postulante ao Executivo Municipal, em tese, larga na frente nesse aspecto, uma vez que seus aliados já contam com conexões vitoriosas em suas comunidades. Durante a pré-campanha, o socialista já vem tocando agendas com legisladores aliados, que levam João para as suas bases eleitorais. “Os nossos pré-candidatos proporcionais representam bem todas as localidades e suas pautas, terão um papel importante no processo eleitoral e vão nos ajudar na construção de ações e projetos que apontam para a garantia de mais qualidade de vida de quem mora em cada região do Recife”, reconhece João Campos.
Contando com o apoio do PSOL, além do seu próprio partido, a deputada federal Marília Arraes (PT), postulante à PCR também tem percorrido bairros e comunidades recifenses nas últimas semanas, sempre acompanhada por pré-candidatos ao Legislativo. Após uma longa disputa interna entre o apoio à candidatura própria e a aliança com o PSB, restou dúvidas sobre o engajamento dos proporcionais na campanha da parlamentar. Cobrada, no início do mês, pelo presidente municipal do PT, Cirilo Mota, sobre a pouca efetividade na composição da chapa proporcional, respondeu que está ciente do “seu papel” e que está “em contato permanente com as pré-candidaturas anunciadas”.
Um partido que segue dividido é o PDT. Os pré-candidatos Túlio Gadêlha e Isabella de Roldão disputam a indicação da sigla para a cabeça de chapa majoritária. Presidente do PDT no Recife, Túlio teve participação na montagem da chapa proporcional da sigla e teve a sua postulação estimulada pelos correligionários. Já Isabella tem apoio da ala ligada ao presidente estadual da sigla, Wolney Queiroz, que é defensor da aliança com o PSB.
A Delegada Patrícia Domingos (Podemos) testará a capilaridade da sua legenda e atua para que tenha, ao menos, 40 postulantes à Câmara ao seu lado. “Os pré-candidatos da chapa do Podemos são as pessoas que conhecem bem os problemas das comunidades, muitos são moradores da área há décadas, então nos levam para conhecer as lideranças de cada local”, frisa.
Charbel Maroun (Novo) e o deputado estadual Marco Aurélio (PRTB) seguem em missões similares. Contando apenas com seus próprios partidos, precisam se dedicar à construção de chapas que sirvam como base de sustentação. A situação também pode ser similar, ou não, para o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), o ex-ministro Mendonça Filho (DEM) e o deputado estadual Alberto Feitosa (PSC). Caso saiam em missão solo, pulverizam ainda mais o cenário da oposição, mas caso optem por uma aliança, podem aglutinar seus partidos junto com PSDB, PTB, PL e, talvez o PSL, formatando uma candidatura que contaria com uma ampla composição proporcional.
Lucena destaca que as dinâmicas na relação entre as chapas majoritárias e proporcionais são distintas. “Os vereadores podem se descolar do candidato a prefeito (caso ele vá mal). Vereadores podem pegar nichos específicos, como os evangélicos, ou o núcleo duro do bolsonarismo. Então, por exemplo, mesmo que Alberto Feitosa (bolsonarista) vá mal, os candidatos a vereador da chapa podem se eleger.”
Fonte
:Blog da Folha de PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário