sábado, 21 de janeiro de 2023

A pá de cal

 

Reportagem do site Metrópole, de Brasília, postada ontem, revelou o lado mais perverso do Governo Bolsonaro: a mesma corrupção, os mesmos vícios e escândalos da era petista, envolvendo desvio de dinheiro público. Bolsonaro estufava o peito para afirmar que em seu governo ninguém roubava. Em debates ao longo da campanha chamou Lula de ladrão, por diversas vezes.

Segundo o site, as investigações que correm no Supremo Tribunal Federal, sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, avançam sobre um personagem-chave de um suposto esquema de caixa-1, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, o “coronel Cid”. Ele foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro até os derradeiros dias do governo que acabou em 31 de dezembro.

O militar, segundo o que foi levantado na postagem, Cid compartilhava da intimidade do então presidente. Além de acompanhá-lo em tempo quase integral, dentro e fora dos palácios, era o guardião do telefone celular de Bolsonaro. Atendia ligações e respondia mensagens em nome dele. Também cuidava de tarefas comezinhas do dia a dia da família. Pagar as contas era uma delas – e esse é um dos pontos mais sensíveis do caso.

“Entre os achados dos policiais escalados para trabalhar com Alexandre de Moraes estão pagamentos, com dinheiro do tal caixa informal gerenciado pelo tenente-coronel, de faturas de um cartão de crédito emitido em nome de uma amiga do peito de Michelle Bolsonaro que era usado para custear despesas da ex-primeira-dama”, diz o site.

As primeiras análises do material, ainda segundo a reportagem, já apontavam que Cid centralizava recursos que eram sacados de cartões corporativos do governo ao mesmo tempo que tinha a incumbência de cuidar do pagamento, também com dinheiro vivo, de diversas despesas do clã presidencial, incluindo contas pessoais de familiares da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Durante a investigação, os policiais se depararam com um modus operandi que lembrava em muito aquele adotado pelo clã bem antes da chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto e que, anos depois, seria esquadrinhado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro nas apurações das rachadinhas do hoje senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do ex-presidente.

Saques e rachadinhas – “Dinheiro manejado à margem do sistema bancário. Saques em espécie. Pagamentos em espécie. Uso de funcionários de confiança nas operações. As semelhanças levaram a um apelido inevitável para as transações do tenente-coronel do Exército: “rachadinha palaciana”. A certa altura do trabalho, os investigadores enxergaram indícios fortes de lavagem de dinheiro. Chamou atenção, em especial, a origem de parte dos recursos que o oficial e seus homens da ajudância de ordens manejavam”, acrescenta a reportagem.

A laranja de Michelle – O site Metrópole revela, também, que entre os pagamentos há faturas de um cartão de crédito adicional emitido por uma funcionária do Senado Federal de nome Rosimary Cardoso Cordeiro. Lotada no gabinete do senador Roberto Rocha, do PTB do Maranhão, Rosimary é amiga íntima de Michelle Bolsonaro desde os tempos em que as duas trabalhavam na Câmara assessorando deputados. Rosi, como os mais próximos a chamam, é apontada como a pessoa que aproximou Jair Bolsonaro e Michelle quando o ex-presidente ainda era um deputado do baixo clero que nem sonhava um dia chegar ao Palácio do Planalto. Moradora de Riacho Fundo, cidade-satélite de Brasília distante pouco mais de 20 quilômetros do centro do Plano Piloto, até hoje ela mantém laços estreitos com o casal.

Boulos cutuca Múcio – O deputado eleito Guilherme Boulos (Psol-SP) criticou as declarações do ministro da Defesa, José Múcio, sobre manifestantes acampados em frente ao QG do Exército em Brasília depois do resultado da eleição presidencial. Logo depois da sua posse, o ministro afirmou que tinha amigos e familiares acampados em Brasília. Na ocasião, afirmou tratar-se de “uma manifestação da democracia” e avaliou que os atos acabariam em breve. Em entrevista, ontem, à Folha de S. Paulo, Boulos rebateu a declaração e disse que Múcio “deveria escolher melhor seus amigos”.

Sem arrependimento – O ministro da Defesa, José Múcio, disse, ontem, que “não houve envolvimento direto das Forças Armadas” nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que destruíram as sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF). Múcio também ressaltou que não se arrepende de ter definido as manifestações bolsonaristas em frente aos quartéis como democráticas. “Não me arrependo porque eu vim para negociar. Eu não podia negociar com você e, a priori, criar um pré-julgamento para você”, explicou.

Nordeste unido – A governadora Raquel Lyra (PSDB) saiu da reunião dos governadores do Nordeste, ontem, em João Pessoa, apostando nas saídas dos problemas regionais com o discurso da unidade. “A união dos governadores é fundamental para garantir projetos estruturadores para a região. Precisamos garantir investimentos em obras estruturadoras, infraestrutura viária, acesso à água, moradia e também articulação de programas que possam enfrentar o nosso principal desafio no Brasil e no Nordeste, especialmente, que é a superação da pobreza, combate à fome e à miséria”, disse.

CURTAS

FRENTE A FRENTE – Atuando no outro lado do balcão da governadora, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), é presença garantida na primeira reunião dos prefeitos da Região Metropolitana com a gestora na próxima terça-feira, no Palácio das Princesas.

HOMENAGEADOS – O cantor Geraldo Azevedo, a passista de frevo Zenaide Bezerra e a rainha de maracatu Marivalda Maria dos Santos serão os homenageados do Carnaval do Recife este ano, conforme anunciou, ontem, o prefeito João Campos (PSB).

Perguntar não ofende: Quem Raquel apoia para presidente da Assembleia Legislativa? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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