sábado, 14 de janeiro de 2023

Lula sem super ministros

 

As jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros, que assinam o Tag Report, uma análise da conjuntura nacional, trouxeram na edição deste fim de semana uma interessante avaliação sobre o chamado “Novo mapa do poder”. Antecipam que, diferente dos dois governos anteriores, Lula não terá um ministro todo poderoso, como se deu lá atrás com José Dirceu e depois Dilma Rousseff.

“Até agora declaradamente não candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva preside uma Esplanada onde florescem múltiplas candidaturas para 2026 e sabe o risco que isso representa para o bom andamento de sua gestão. Por isso, ao lado do movimento que levou representantes do centro e da direita à equipe para assegurar governabilidade parlamentar, tratou de organizar as coisas de forma a delimitar espaços de potenciais candidatos – e até de não candidatos. Se há uma coisa que Lula não quer em sua versão 3.0, dizem pessoas próximas, é ter superministros”, afirmam.

Sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontado como o candidato de Lula em 2026, dizem que não tentará ir além do seu quadrado, que já é enorme, e nem seguirá o modelo Paulo Guedes. “Já no discurso de posse, valorizou sua equipe ao dizer que tem “uma rede de postos Ipiranga”, relembram. Um dos auxiliares mais leais a Lula, presente nos tempos difíceis da cadeia e das campanhas de 2018 e 2022, Haddad é o ministro com maior proximidade pessoal com o presidente e sabe como ele funciona.

Para Helena e Lydia, ele não tentará aparecer mais do que o chefe, nem se impor à revelia dele – que, claramente, dividiu em quatro a pasta e os postos da Economia para desconcentrar o poder. “Haddad vai fugir de confrontos também com Simone Tebet. Afinal, o ministro sabe que, pela lei natural da política, tem tudo para ser o candidato preferencial de Lula à própria sucessão. Se tiver bom desempenho na economia – que, neste governo, envolve também o social – pode sonhar com trajetória semelhante à de Fernando Henrique Cardoso nos idos de 1994, quando saiu da Fazenda para o Planalto. Não vai se desgastar em querelas de gabinete”, ponderam.

Livre de Gleisi e Mercadante – “Calejado, o presidente não deseja ter Paloccis ou Dirceus, auxiliares muito fortes que, às vezes, pareciam mandar mais do que o chefe. Nesse sentido, ausências do primeiro escalão – como as de seus braços direito e esquerdo na campanha, Gleisi Hoffmann e Aloizio Mercadante – falam mais do novo arranjo do que algumas presenças”, avaliam Helena e Lydia, para completar: “Essa dupla, por exemplo, terá tarefas muito importantes, mas fora da Esplanada. Por lá, Lula distribuiu milimetricamente o poder para fazer o governo funcionar e não perder o controle – nem da gestão nem da sucessão. Uma semana é pouco para avaliar a correlação de forças que vai se impor, mas o primeiro desenho do mapa do poder já tem seus traços”.

Neófito no jogo sujo da corte – Quanto ao ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa, apelidado de “Rui Corrida” na Bahia, avaliam que talvez em função da rapidez nas cobranças a auxiliares, o ex-governador já deu sinais de que sua pasta vai centralizar a administração com rigor. “Já nas primeiras horas no cargo, enquadrou o colega Carlos Lupi ao negar intenção de rever a reforma da Previdência. Pragmático, defensor do equilíbrio das contas públicas, tem ótima relação com empresários e com o mercado financeiro. Mas é um neófito em Brasília, e dificilmente se arriscará a nadar com os tubarões do Lago Paranoá – isto é, entrar na politicagem para virar candidato a qualquer coisa. Por isso, provavelmente, foi escolhido e vai mandar bastante”, acrescentam.

Cabelos brancos – Ao anunciar o ex-secretário estadual de Cultura, Marcelo Canuto, na presidência da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, o prefeito João Campos se rendeu, finalmente, à tese de que não pode governar apenas com uma equipe de menudos. Diante disso, é possível que promova uma reforma na sua equipe optando por mais gente competente com os cabelos brancos da maturidade.

Pegou mal para Noronha – A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, em Fernando de Noronha, Pedro Vasconcellos do Amaral Sodré de Mello, apontado como um dos maiores traficantes de drogas do Rio. A prisão aconteceu em uma festa na paradisíaca ilha e contou com a colaboração da Polícia Civil de Pernambuco. Pedro é apontado pelas investigações como o responsável por vários crimes e tinha 24 anotações criminais, além de registros na polícia quando ainda era menor de idade. Em 2018, ele chegou a ser preso.

Pauleira no Cabo – Prefeito do Cabo, Keko do Armazém (PL) não se conforma com a soltura do ex-prefeito Lula Cabral (SD), eleito deputado estadual. Quer acionar a justiça para o município recuperar R$ 77 milhões dos R$ 92 milhões da previdência municipal que teriam sido desviados na gestão de Lula. Na nova ação, quer acelerar a realização dos leilões de bens do ex-prefeito que estão bloqueados. Há, segundo o prefeito, uma força tarefa atuando em duas grandes frentes. “A primeira se refere ao trabalho desempenhado com o atual gestor dos fundos, CaboPrev e o MPPE na parte extrajudicial, com o objetivo de promover amortização para os cotistas dentro dos próprios fundos de investimentos. Com esse trabalho, conseguimos devolver para os cofres do CaboPrev cerca de R$ 4 milhões”, disse Keko.

CURTAS

NO IMPROVISO – Devido à demora na escolha do secretariado, só feita no apagar das luzes do ano passado, Raquel Lyra também não conseguiu montar o segundo escalão. A consequência? Nomear interinos, de preferência secretários, para acumular funções, como fez com a secretária com a secretária de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo, Amanda Aires, que desde ontem responde também pela Jucepe.

HORA DE SOMAR – Já o prefeito do Recife, João Campos (PSB), está cuidando da sua reeleição, em 2024. Trouxe de volta o PSD, do agora ministro da Pesca, André de Paula, nomeando a filha Cacau de Paula secretária de Turismo, pasta por ela ocupada até André romper com o PSB e se aliar a Marília Arraes, para disputar o Senado.

Perguntar não ofende: Qual vai ser o próximo parente a ser nomeado por Raquel?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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