terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Ibaneis na marca do pênalti

 

Afastado das suas funções por 90 dias pela caneta implacável do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), corre agora risco de ser cassado. Ontem, dia seguinte aos atos de terrorismo e vandalismo nos três poderes, o Partido Verde protocolou pedido de impeachment.

O documento foi entregue ao presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Wellington Luiz (MDB), e ao vice-presidente, Ricardo Vale (PT), responsáveis por julgar o processo de impedimento. Por que tamanha voracidade na reação das instituições ao governador? Há uma forte desconfiança de que foi omisso ou conivente com a barbárie na capital federal. Afinal, os atos terroristas vinham sendo anunciados nas redes bolsonaristas.

Em coletiva, o ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino, disse que o Governo do DF sabia da movimentação e que havia sido alertado sobre a necessidade de reforço na segurança. No entanto, imagens mostram policiais acompanhando o comboio que depois invadiram e depredaram prédios públicos. Há ainda registro de policiais fazendo fotos e conversando enquanto terroristas instalavam o caos. Além daqueles que foram flagrados já dentro dos espaços, sem impedir os manifestantes.

A polícia do DF, assim como na prévia do caos na diplomação de Lula, em 12 de dezembro, não agiu para conter o grupo. As imagens são a prova da anuência dos agentes de segurança e do governo do DF, que não reagiu à altura e em tempo de conter o caos. Um dos indicativos é o nome do secretário de Segurança no DF até o domingo: Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). No domingo, ao longo do ataque, Torres já não estava em Brasília ou no Brasil, mas nos Estados Unidos, onde também está Bolsonaro.

Em novembro, Ibaneis foi cobrado por ministros do STF sobre a nomeação de Torres. Na ocasião, o governador agora afastado disse aos magistrados que o ex-ministro de Bolsonaro não iria criar problemas. Após a invasão e depredação, Ibaneis esboçou uma reação e exonerou Anderson Torres. Na sequência, fez um vídeo com um pedido de desculpas ao Governo Federal. A gravação, na verdade, era uma tentativa de evitar a responsabilização pelo caos que permitiu se instalar em Brasília e o STF reagiu.

Prevaricação e obstrução – No pedido de impeachment, o PV alega que os atos dos vândalos, “imorais e anticivilizatórios”, foram causados pela incapacidade do Governo do DF de garantir a lei e a ordem. O texto caracteriza, ainda, a ação de Ibaneis e das forças de segurança da capital do país como “comissivas, omissivas e negligentes”. Como possíveis atos ilegais cometidos por Ibaneis Rocha, o documento destaca os crimes de prevaricação e obstrução de justiça, além de atentado contra o Estado democrático de Direito e a Lei Orgânica do DF.

O gesto de Raquel – A governadora Raquel Lyra (PSDB) fez a sua parte, ontem, ao autorizar o envio de 50 policiais militares do Estado para reforçar a segurança do Distrito Federal. “Estou dando a minha colaboração. Vamos trabalhar em conjunto para que ações criminosas não voltem a acontecer em Brasília e nem em qualquer outro lugar do País”, afirmou em fala pelas redes sociais. Informou também que estava indo a Brasília para um encontro dos governadores de todo o País com o presidente Lula.

Extremistas presos – Até ontem à tarde, pelo menos 1,5 mil pessoas já haviam sido detidas ou presas em Brasília, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino. Foram, na verdade, 209 prisões em flagrante e 1,2 mil extremistas ouvidos. É considerado um flagrante, e as providências de polícia judiciária serão tomadas. Caberá ao Poder Judiciário dar resposta final quanto ao que ocorrerá com eles. Alguns serão submetidos à audiência de custódia; outros podem, eventualmente, receber o benefício da liberdade provisória”, adiantou Dino, durante coletiva.

Estados reforçam segurança – Flávio Dino também anunciou a ida ao Distrito Federal de 500 homens de outras forças de segurança de vários estados para compor a Força Nacional, que dispõe, atualmente, de pouco mais de 300 agentes. “Esse contingente visa apoiar as providências que nós estamos adotando ao longo dessa semana, sobretudo na proteção à Esplanada, Praça dos Três Poderes. E, com isso, o contingente da polícia do Distrito Federal poderá retornar às suas funções normais”, destacou o ministro.

Fé na justiça – O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que respeita a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que o afastou do cargo por 90 dias. Em nota, Ibaneis declarou que reitera a “fé na Justiça e nas instituições democráticas”. “Vou aguardar com serenidade a decisão sobre as responsabilidades dos lamentáveis fatos que ocorreram em nossa capital”, afirmou.

CURTAS

DESMOBILIZAÇÃO – O prefeito do Recife, João Campos, em sintonia com a governadora Raquel Lyra, começou a retirar, ontem, bolsonaristas em frente ao comando do Exército, no Curado. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), há golpistas em frente ao Comando Militar do Nordeste, na margem da BR-232. São, ao menos, 15 apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendendo pautas criminosas e antidemocráticas.

VIOLÊNCIA – Começaram com cenas de violência e até arrastões as prévias carnavalescas em Olinda, no último fim de semana.  Imagens pelas redes sociais mostram pessoas correndo e brigando, e algumas delas caindo no chão. Para os moradores, o problema é a falta de planejamento para que as prévias aconteçam de forma segura.

Perguntar não ofende: Quando Raquel vai escolher o segundo escalão?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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