E o espaço dos deputados?
Raquel Lyra tem fama de governar longe da política. Quando prefeita, teve uma relação conflituosa com a Câmara de Vereadores de Caruaru. Numa reunião, chegou a proibir que os nobres parlamentares tivessem acesso ao seu gabinete com celular. Sofreu algumas derrotas, a mais famosa quando a Câmara se recusou a aprovar um pedido de empréstimo.
A governadora importou o modelo para o Estado. Da mesma forma de Caruaru, não abriu o Governo para os políticos. Prefeita, não convocou um só vereador para a sua equipe, para não dar vez a suplente. Candidatos a deputado estadual de sua base, que deram o sangue na sua campanha, mas não se elegeram, ficando na suplência, igualmente ficaram chupando o dedo.
Políticos graúdos do Estado, quando provocados a tratar da temática governo técnico sem espaço para políticos, dizem apenas que é o estilo dela e que respeitam. Completados um mês no poder, a tucana fez de conta que tem gestos com a classe política. Primeiro, esteve com a bancada federal em Brasília, em seguida almoçou com deputados estaduais.
Há pouco, encerrou uma rodada de encontros com prefeitos de todas as regiões do Estado e ontem recebeu, pela segunda vez, em menos de 30 dias, os 49 deputados estaduais, à frente o novo presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto. Ponto para a governadora, mas a pergunta que os próprios deputados passaram a fazer desde ontem é a seguinte: que espaço terão no Governo?
Essa resposta, eles só terão quando a ficha da governadora cair, ou seja, quando perceber que governar é uma via de mão dupla, como está fazendo o presidente Lula, que abriu espaços no seu governo para todos os partidos, porque sabe que ninguém governa sem compartilhar o poder.
O estilo Raquel – A governadora escolheu o deputado Izaías Régis, do seu partido, para líder do Governo na Assembleia Legislativa, mas antes em Garanhuns, terra do “bravo líder”, a direção do hospital regional foi entregue a uma enfermeira importada de Caruaru, não sendo Izaías em nenhum consultado. Pela regra anterior, todos os diretores de hospitais regionais tinham o carimbo do deputado majoritário da região de sua atuação política.
Só diálogo? – Novo presidente da Assembleia Legislativa, o deputado tucano Álvaro Porto saiu do encontro da bancada governista com a chefe de Estado falando em diálogo e entrosamento. “O governo precisa ter diálogo com os deputados. A gente vai sentar e conversar”, disse, acrescentando que esta deve ser a chave para o encaminhamento, discussão e aprovação dos projetos de interesse do Governo em tramitação na Casa.
Discussão de projetos – Porto também pediu à governadora que todo projeto enviado à Casa Joaquim Nabuco seja antes debatido com os deputados. “A gente vai discutir esses projetos, vai encaminhar para a aprovação. Então, o governo precisa ter diálogo com os deputados”, acrescentou. Quanto aos trabalhos no início desta 20ª legislatura, afirmou que, como o nome do líder do governo já está definido, passará a aguardar quem vai ficar na liderança da oposição para que sejam encaminhadas as conversas e decididas as comissões.
Encontros individuais – A governadora, por sua vez, prometeu realizar reuniões individualizadas com os parlamentares para “atender a demandas”. “Teremos agendas com cada um dos deputados para que eles possam estabelecer as prioridades de seus mandatos. Eles apresentarão três ou quatro projetos. O pleito comum de todos deve ser para reduzir a violência e a pobreza”, disse a tucana.
Republicanos faz charme – Assediado para integrar a base aliada de Lula no Congresso Nacional, o Republicanos, que em Pernambuco tem como principal líder o deputado Silvio Costa Filho, frustrou o Palácio do Planalto e decidiu não indicar um de seus deputados para ser vice-líder do governo na Câmara. A decisão foi confirmada, ontem, pelo presidente nacional do partido, deputado Marcos Pereira. “Não indicaremos”, disse o dirigente, que também é 1º vice-presidente da Câmara.
CURTAS
DIVISÃO – A polarização política entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares próximos ao governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva divide a Frente Parlamentar Evangélica que, pela primeira vez desde sua criação, em 2003, terá uma disputa pela presidência. Se enfrentam os deputados Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-GO).
INQUÉRITO – O ministro do STF Gilmar Mendes determinou, ontem, a abertura de um inquérito contra a deputada Carla Zambelli (PL) pelo episódio de perseguição a mão armada em São Paulo na véspera do segundo turno das eleições, em outubro.
Perguntar não ofende: Por que só o deputado Fernando Rodolfo cobra do Governo Raquel o pagamento dos precatórios dos professores?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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