segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

No caminho da pacificação

 

Num dos últimos eventos da campanha no segundo turno, em pleno Teatro do Tuca, em São Paulo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em alto e bom som, olhando para a presidente nacional do PT: “Gleisi, é preciso ficar totalmente claro para todos que não teremos um governo do PT e sim do Brasil inteiro, inclusive de quem não votou conosco”.

E é justamente isso que Lula já começou a fazer. Na sexta-feira passada, anunciou que Gleisi não despachará na Esplanada dos Ministérios, mas na sede do PT, como presidente do partido. Ao mesmo tempo, sinalizou para alianças com partidos que não estiveram com ele, a exemplo do PSD e União Brasil.

Lula também está em avançadas conversas com membros de antigos partidos de apoio de Bolsonaro, a exemplo do PP, Republicanos e, pasmem, o próprio PL. Ou seja, Lula está montando uma estratégia política de frente ampla. É nesse contexto que fechou acordo para apoiar a reeleição de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados.

Dessa forma, é possível que Lula consiga obter uma supermaioria no Congresso. Para tanto, sinalizou na prática que deve montar um ministério sem domínio do PT e agregando membros de praticamente todos os principais partidos políticos. O petista tem falado nas conversas que quer pacificar o País, buscando tudo o que possa unir e não separar. A partir do dia 12 de dezembro, quando será diplomado, a configuração disso tudo se verá na cara do seu Ministério.

Melhor aguardar – Os comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea Brasileira, áreas que passam a ser coordenadas pelo pernambucano José Múcio Monteiro como ministro da Defesa, a partir de 1 de janeiro, avaliaram antecipar a troca dos chefes das Forças, mas declinaram da ideia nos últimos dias. Segundo o site Poder360, alto escalão do Exército e da Marinha se opuseram à quebra da tradição e aconselharam o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, a aguardar a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para realizar a cerimônia de troca de comando.

Pontapé do Secretariado – Ouvi, ontem, de uma fonte segura, que a governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) deve iniciar esta semana as conversações para a montagem do seu Secretariado. O start, naturalmente, passa pela sondagem aos presidentes de partidos que estiveram em seu palanque, apoio importante para sua vitória em segundo turno contra Marília Arraes, do Solidariedade.

Timing ainda é incerto – Há quem diga, entretanto, que Raquel adie um pouco mais essas conversas, seguindo o exemplo do ex-governador Eduardo Campos, que só deu ouvidos aos seus aliados depois do dia 15 de dezembro. Mas, segundo essa fonte, seria muito arriscado para a tucana, porque a montagem de uma equipe demanda muito tempo, principalmente quando envolve composições políticas. É bom lembrar que a tucana, no segundo turno, recebeu apoio até de deputados de quatro dos 14 deputados estaduais eleitos pelo PSB.

Núcleo duro de Caruaru – A grande expectativa no meio político está na cara do secretariado de Raquel. Um político bem próximo a ela arrisca um palpite: diz que o núcleo duro dela será importado de Caruaru, como fez na escolha da equipe de transição. E que os partidos terão de fato espaço no Governo, mas não em secretarias estratégicas, mas periféricas.

Alepe em banho maria – Outra informação que corre nos bastidores diz respeito à composição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Segundo uma fonte graduada, Raquel vai montar primeiro o Secretariado para depois puxar para si o comando da eleição do novo presidente da Alepe. Dois nomes estão sendo ventilados: do quase decano, o paciente Antônio Moraes, do PP, e de Álvaro Porto, de linhagem tucana, estilo bem diferente do concorrente.

CURTAS

EM MISSÃO – Escolhido ministro da Defesa, José Múcio Monteiro passou o fim de semana no Recife, mas teve que regressar, ontem, no final da tarde a Brasília, para um jantar que havia agendado com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Habilidoso, Múcio já cumpre missões políticas delegadas por Lula.

NORONHA – Além da montagem do Secretariado e da eleição da Mesa Diretora da Alepe, a governadora eleita Raquel Lyra terá que escolher o administrador da ilha de Fernando de Noronha, que passa por um momento de baixa no turismo em razão da lentidão nas obras de ampliação da pista do aeroporto.

Perguntar não ofende: Quem será o interlocutor político de Raquel para fazer a ponte com os presidentes de partidos?   

Fonte:Blog do Magno Martins.

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