terça-feira, 13 de dezembro de 2022

O pau cantou em Brasília

 

Não acabou bem o dia ontem em Brasília, marcado pelo ato da diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Enfurecidos com a prisão do líder indígena José Acácio Serere, bolsonaristas radicais atearam fogo em ônibus e carros de passeios, cercaram o hotel onde o petista está hospedado e desafiaram a polícia, numa guerra contra o Comando de Operações Táticas da Polícia Federal e a Tropa de Choque da Polícia Militar.

A ordem de prisão do indígena, líder de um grupo bolsonarista, foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), por indícios de crimes e manifestações antidemocráticas em vários pontos da capital federal, insufladas pelo Xavante. Os atos de vandalismo ocorreram na frente do Congresso, no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em shoppings, na Esplanada dos Ministérios e no hotel onde Lula e Alckmin estão hospedados.

Em uma rede social, o Supremo afirmou que, para a PGR, Serere Xavante se utiliza da posição de cacique para arregimentar aliados com o objetivo de cometer crimes, “mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito e de ministros do STF”. Nas redes sociais, o Supremo afirmou, ainda, que a prisão se fundamentou “na necessidade de garantia da ordem pública, diante da suposta prática dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado democrático de direito”.

O conflito – A confusão começou após a PF prender Serere Xavante. Revoltados, grupos começaram a incendiar veículos em vias na região central de Brasília, além de, vestidos de verde e amarelo, tentar invadir a sede da corporação no Setor Hoteleiro Norte. Pelo menos dois ônibus – um deles no Eixo Monumental, a principal via pública da capital federal – e vários carros foram incendiados pelos manifestantes. Clientes e funcionários de estabelecimentos comerciais ficaram sitiados, enquanto a polícia dispersava os apoiadores do líder indígena com bomba de efeito moral e spray pimenta.

Sem risco a Lula – Depois dos atos de vandalismo na capital federal, a PM do Distrito Federal cercou o Meliá, hotel onde Lula está hospedado em Brasília. Segundo o site Poder360, havia cerca de 50 agentes na parte de fora do edifício, 12 viaturas e oito motos – em dias normais, é uma ou duas viaturas. A equipe responsável pela segurança de Lula avaliou retirá-lo do hotel, mas desistiu. Em entrevista a jornalistas no CCBB, sede do governo de transição, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que em nenhum momento houve risco ao presidente eleito.

Trânsito alterado – Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal afirmou que “as forças de segurança reforçaram a atuação, em toda área central da capital, para controle de distúrbios civis, do trânsito e de eventuais incêndios”. “Como medida preventiva, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central está restrito até nova mudança de cenário, após avaliação de equipe técnica”, afirmou a pasta. A segurança do hotel onde está Lula foi reforçada.

Dino lamenta – Em uma rede social, o futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, reagiu à violência em Brasília. “Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política”, escreveu, no Twitter.

O ringue sertanejo – Enquanto Brasília pegava fogo, literalmente, com cenas de ônibus e carros em chamas, em Tabira, a 400 km do Recife, a Câmara de Vereadores era palco de outro tipo de violência: a troca de socos entre dois integrantes do poder, tudo por causa da eleição da nova mesa diretora da Casa. Mas nem os próprios vereadores que deram fim ao ringue acreditam que os dois galos de briga sejam punidos na forma da lei, como manda o regimento interno.

CURTAS

PRISÃO – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), determinou às forças de segurança que prendessem todos os bolsonaristas que promoveram atos de depredação e de vandalismo. “A ordem é prender”, afirmou o governador, segundo o jornal O Estado de São Paulo.

PUNIÇÃO – O futuro chefe da Casa Civil, Rui Costa, defendeu, em nota, que os culpados pelos atos de vandalismo sejam identificados, responsabilizados e punidos. “Não é admissível que pequenos grupos de arruaceiros promovam o caos na capital do País. A identificação e punição dos culpados deve ocorrer rapidamente”, afirmou.

Perguntar não ofende: Brasília vai continuar sendo sitiada por bolsonaristas nos próximos dias?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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