A solução de indicar o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na hipótese de ele se filiar ao PSB, para vice do ex-presidente Lula visa a contemplar seis estados, onde o partido possui condições reais de disputar eleição com chances de vitória.
A articulação coloca no centro do debate da legenda dois nomes paulistas: além de Alckmin, o outro é Márcio França, que tem nome ventilado para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes ou ao Senado este ano. Historicamente, Pernambuco e São Paulo são dois polos da legenda que vivem numa linha tênue de equilíbrio, por vezes, suplantada por uma disputa interna de poder já não tão discreta.
No início desta semana, não passou batida, às lideranças pernambucanas, a notícia de que Márcio França estaria estimulando uma candidatura da presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, ao Governo de Pernambuco. O grupo aponta "ciumeira" do paulista como causa da ação. Aliados do governador Paulo Câmara não só viram o movimento como uma forma de atingir o chefe do Executivo estadual pernambucano, como lembram que isso se dá num momento em que o gestor tornou-se um dos principais interlocutores de Lula no PSB.
"Por São Paulo ser estado maior, ele (Márcio) está se sentindo em segundo plano. Estão conversando sobre São Paulo sem ele ser o protagonista", assinala, à coluna, uma fonte socialista em reserva. E emenda: "Paulo virou interlocutor com o PT e com Lula. Isso enciumou. Isso é ciumeira, ele quer entrar na roda", completa a mesma fonte.
Ainda esta semana, a cúpula do PSB se reuniu em Brasília para debater os termos de eventual filiação de Alckmin, que poderia harmonizar a situação de Márcio França em São Paulo. O xadrez visa a respaldar candidaturas do PSB aos governos de seis estados: Pernambuco, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre e Rio Grande do Sul.
No pleito do ano passado, Recife figurava em primeiro lugar nos planos da direção nacional e as lideranças locais estavam em alerta para o caso de, eventualmente, Márcio vencer a disputa pela Prefeitura de São Paulo, o que poderia, diziam, por em xeque a hegemonia pernambucana na legenda. Agora, o histórico cabo de guerra não se instalou, mas preocupa alguns na sigla, que, desde 1990, é comandada, nacionalmente, por representantes de Pernambuco.
Habilidade no ninho
No ninho socialista em Pernambuco, há quem argumente que o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, "agiu habilmente" ao fazer "gestos" a Márcio França, no último sábado, em entrevista ao UOL. Na ocasião, o dirigente nacional disse que "não há hipótese de retirar a candidatura” de Márcio e que ele “é candidato para valer mesmo”. Correligionários avaliam que Siqueira já teria atuado ciente da insatisfação do paulista.
Em campo > Com nome cotado para concorrer à Câmara Federal, Pedro Campos esteve em duas das quatro cidades que o governador Paulo Câmara visitou ontem. Foi a Brejão e Garanhuns. Na semana passada, também foi anotado ao lado do gestor.
Cadeado > O movimento do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de indicar que só vai definir as alianças estaduais em 2022, após a janela partidária, foi lido como uma forma de "trancar" lideranças da legenda que, eventualmente, fossem arredias ao ingresso do presidente Jair Bolsonaro, na sigla.
Prévias > O PL, inclusive, aguarda as prévias do PSDB, marcadas para este domingo (21), para ver como avançará na costura do palanque paulista, principal entrave hoje à filiação do presidente Jair Bolsonaro. Quem também espera o resultado é o ex-governador Geraldo Alckmin. A depender de quem vencer, ele pode até ficar na sigla.
Fonte :Folha de PE.
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