Na entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, o deputado João Paulo (PCdoB) deu sequência ao vazamento do inconformismo do grupo parlamentar governista que exige um debate mais amplo na escolha do candidato a governador pela aliança oficial como alternativa ao nome de Geraldo Covidão. O cordão dos que não engolem o ex-prefeito cada vez aumenta mais.
Bastou o líder do Avante na Câmara dos Deputados, Sebastião Oliveira, lembrar que Covidão não é a única Coca-Cola do deserto para aliados dos mais diversos partidos da base manifestar simpatia pelo nome de Zé Neto, secretário da Casa Civil. O primeiro foi Romero Albuquerque, junto com sua esposa Andreza, segunda vereadora mais votada no Recife nas eleições passadas. Pela ordem, vieram depois Rogério Leão, da bancada do Avante na Alepe, e o próprio João Paulo.
João Paulo foi o mais contundente de todos. Tocou na ferida: os escândalos que Geraldo Covidão se envolveu em sua gestão tornam seu projeto majoritário duvidoso. É o campeão, imbatível, vale o reforço vernacular, em operações da Polícia Federal em investigações envolvendo dinheiro federal desviado para o combate à covid-19. Ao todo, foram sete operações.
Por pouco, o ex-secretário de Saúde, Jailson Correia, que entrou como boi de piranha nessas histórias mal contadas, que começaram com a compra de respiradores para porcos, não chegou a ver o sol nascer quadrado, no Cotel. Ele assinou um contrato, no valor de R$ 11,5 milhões, com uma empresa fantasma em São Paulo, para a compra dos referidos respiradores testados em animais.
A suposta empresa especializada nesse tipo de respirador pertence a Juvanete Barreto Freire, também indiciada, como Correia, pela Polícia Federal. Entre os escândalos, outro braço direito de Covidão foi pilhado pela PF: Felipe Bittencourt, até então diretor-executivo da Secretaria de Saúde. Por força das provas apresentadas pela PF, foi afastado, acusado de ter feito pagamentos de mais de R$ 7 milhões, por equipamentos de proteção individual que não teriam sido entregues pelos fornecedores.
Por tudo isso e outras cositas mais, João Paulo acha que Covidão pode se complicar. “Tem muita investigação em andamento e muita coisa a ser apurada ainda. Isso pode ser decisivo para afastá-lo da disputa? Pode até não ser, mas atrapalha e atrapalha muito”, conclui o ex-prefeito e agora deputado neocomunista.
Exército silencioso – Segundo uma fonte com trânsito fácil na Assembleia Legislativa, o número de deputados governistas que não engolem a arrogância e a empáfia de Geraldo Covidão é muito maior e mais surpreendente do que se possa imaginar. Mas, por enquanto, a maioria prefere administrar o silêncio, até por estratégia, principalmente porque o start do debate da sucessão estadual no núcleo do Governo ainda não foi dado. “Há um verdadeiro exército de aliados com mandato querendo se vingar”, diz essa mesma fonte.
Vira, mexe – A lembrança do nome do secretário da Casa Civil, Zé Neto, como alternativa ao nome de Geraldo Covidão, na disputa pela sucessão de Paulo Câmara, fez o ex-prefeito se mexer mais cedo do que ele imaginava. Na tentativa de ganhar musculatura no debate, Covidão procurou o presidente estadual do Solidariedade, Augusto Coutinho, para se aconselhar. Dois dias antes, havia feito juras de amor ao presidente do Republicanos, Silvio Costa Filho.
Mais um – De olho em Geraldo Covidão, a Federal abriu novo Inquérito, o de número 2021.0026423, para investigar compras excessivas de medicamentos e insumos médicos para a covid-19, em sua gestão, conforme este blog trouxe, ontem, em primeira mão. A denúncia partiu da deputada estadual Priscila Krause (DEM). A Polícia Federal, neste momento inicial do novo inquérito, irá investigar as dispensas emergenciais 101 e 102, da Secretaria de Saúde do Recife, que compraram medicamentos para o enfrentamento da covid-19. Outro objeto do inquérito policial é o sistema Hórus de gerenciamento do estoque da covid-19 na gestão de Covidão. A Polícia Federal já tem informações que o sistema não era confiável.
Catando fraudes – O Palácio do Planalto se articula para acionar órgãos de controle e abastecer a CPI da Covid-19 no Senado com informações sobre o repasse de verbas federais a Estados e municípios. Senadores da ala governista, Marcos do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Podemos-CE) preparam requerimentos solicitando informações a órgãos como Ministério Público Federal, Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e Ministério da Saúde. O objetivo é identificar possíveis fraudes e desvios, além de mapear as investigações em andamento.
Olha o alvo ai, CPI! – Já disse aqui que a CPI da Pandemia deveria começar pela investigação da roubalheira nos Estados. Quer mais uma razão para isso? Ontem, a Procuradoria Geral da República denunciou ao Superior Tribunal de Justiça o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), integrantes do 1º escalão da sua gestão, servidores públicos e empresários por supostos crimes cometidos na compra e transporte de respiradores para pacientes com covid-19. Além de Lima, foram denunciados o vice-governador, Carlos Almeida (PTB); o secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Flávio Antony Filho; o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias. A denúncia também envolve outras 14 pessoas, entre servidores públicos e empresários. A investigação começou em 2020, depois da divulgação de que 28 respiradores haviam sido comprados em uma loja de vinhos.
CURTAS
MÉDICOS 1 – Estão abertas as inscrições para uma seleção simplificada para a contratação de 60 médicos para atuar nas ações contra a Covid-19 no Recife. Os interessados devem fazer o cadastramento pela internet, até o próximo dia 29. A remuneração é composta pelo vencimento-base de R$ 6.225.34, além de gratificações. Além do salário, os médicos ganharão gratificação por plantão, de R$ 3.946, além de adicional por desempenho de equipe, que é variável.
MÉDICOS 2 – Os candidatos devem entrar no site da Prefeitura e pegar a ficha de inscrição. Ela precisa ser enviada, com documentos pessoais, para o e-mail selecaorecifecovid2021@gmail.com. A seleção será feita por meio de avaliação curricular. Do total de vagas, há seis oportunidades para pessoas com deficiências. O candidato, segundo o edital, não pode ser dos grupos de risco para a Covid-19. O candidato não pode, por exemplo, ter hipertensão, diabetes ou outras comorbidades. Também não são aceitas gestantes.
Perguntar não ofende: Qual vai ser o próximo governista a declarar apoio a Zé Neto?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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