A candidata Raquel Lyra (PSDB) foi eleita governadora na esteira de uma comoção popular, que proporcionou a ela uma oportunidade única na vida: a de inaugurar na história de Pernambuco o primeiro mandato de uma mulher à frente dos destinos de todos os pernambucanos.
Mas nem todos têm a compreensão de quando são convocados para escrever a História, sobretudo na política. Contam-se nos dedos os que tiveram e têm a real dimensão do papel que lhes cabe cumprir na liderança e na construção de um projeto novo de poder.
A governadora dá sinais claros e evidentes de que a sua capacidade, tanto política como técnica, não está à altura dos desafios que o Estado vem impondo. Pelo menos, até o momento, não. A entrega do cargo do secretário de Cultura, Silvério Pessoa, ontem, foi apenas mais um capítulo nessa trajetória de acúmulo de insucessos da sua gestão.
Alguns podem até considerar que o tempo de sete meses no poder não é o suficiente para esse diagnóstico. Que é um exagero cobrar dela resultados em um prazo, aparentemente, pequeno. Mas não é. A cobrança do povo nas ruas é proporcional ao crédito que foi dado nas urnas. A frustração é calculada em função das expectativas criadas e do que foi prometido e ainda não cumprido.
A governadora e a sua equipe precisam corrigir os rumos. Só os áulicos da corte insistem em não perceber que é preciso urgentemente transformar a prática da gestão em uma mudança efetiva, e não só de marketing. Parafraseando José Saramago, diria: “É necessário sair da Ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”.
Não aguentou o tranco – Um mês após receber uma representação do Ministério Público, pela promotora da 14ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Recife, Natália Maria Campelo, cobrando esclarecimentos sobre a forma de contratação de artistas e a dinheirama que rolou no chamado ciclo junino, o agora ex-secretário estadual de Cultura, Silvério Pessoa, caiu fora. Toda a documentação que gerou a manifestação do MP está em poder deste blog, que levou ao conhecimento dos seus leitores, ontem, com exclusividade.
MP deu prazo de 10 dias – Na documentação em poder da promotora há uma sequência dos fatos que levaram o MP a agir, como notas fiscais e a sequência por datas dos processos de contratações dos shows. O primeiro ofício encaminhado a Silvério Pessoa, o de número 01998.000.916-2023-001, chegou ao seu conhecimento no dia 19 de junho passado, quatro dias antes do São João. A promotora deu apenas 10 dias para o ex-secretário se manifestar.
O buraco é mais embaixo – Em se tratando do ciclo junino, o ex-secretário de Cultura será obrigado a informar com detalhes como se deu o processo também, via Fundarpe, órgão da estrutura da pasta, das contribuições que Raquel Lyra deu aos municípios distinguidos no São João, a começar por Caruaru, sua terra natal. Para o município que governou, antes de ser eleita governadora, a tucana repassou R$ 4 milhões e se gabou de ter sido a chefe de Estado a dar a maior ajuda financeira. Na verdade, foram apenas R$ 500 mil a mais, porque no ano anterior, Paulo Câmara mandou R$ 3,5 milhões.
Reforço policial – Incluída entre as 50 cidades mais violentas do País, Jaboatão ganhou uma atenção especial ontem do deputado Alberto Feitosa (PL). Atendendo a um pedido de moradores da comunidade de Massangana, em Piedade, o parlamentar pediu reforço de policiamento na área para a governadora Raquel Lyra. Será que a tucana vai atender um pedido da oposição?
O agora algoz de Matuto – Candidato em 2020 apoiado pelo ex-prefeito de Paulista, Júnior Matuto, Francisco Padilha, do mesmo partido do antigo aliado, o PSB, pode se transformar em 2024 no principal adversário dele, ou impedi-lo de disputar, se, claro, permanecer filiado. Padilha já tem o aval da direção do PSB. Esteve recentemente com o presidente do diretório estadual, Sileno Guedes, de quem recebeu a garantia de que a legenda será sua e não de Matuto.
CURTAS
PSB NO PODER – Na Secretaria de Cultura, Raquel está devolvendo o poder ao PSB, o que tirou Silvério Pessoa do sério. No Diário Oficial de sexta-feira passada, a tucana assinou a nomeação Paula Yonara para a chefia de gabinete da pasta. Trata-se do ex-braço direito e esquerdo de Branquinho, ex-prefeito de Bezerros e socialista de carteirinha.
MALDADE – No mesmo DO, a governadora promoveu mais sete mudanças em cargos comissionados na estrutura da Secretaria até então tocada pelo cantor Silvério Pessoa. Isso sem combinar nada com o agora ex-secretário. É a Raquel Maldade!
Perguntar não ofende: Quem vai ser o próximo a pedir o boné no Governo Raquel Lyra?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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